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terça-feira, 31 de julho de 2018

MELHORAR O QUE ESTÁ BEM E CORRIGIR O QUE ESTÁ MAL


"Preocupa-nos que os nossos estudantes entrem para universidade com fraco desempenho académico, mas eu acho mais preocupante ainda que os nossos jovens cresçam sem referências morais. Estamos empenhados em assuntos como o empreendedorismo como se todos os nossos filhos estivessem destinados a serem empresários. Ocupamos em cursos de liderança como se a próxima geração fosse toda destinada a criar políticos e líderes. 

Não vejo muito interesse em preparar os nossos filhos em serem simplesmente boas pessoas, bons cidadãos do seu país, bons cidadãos do mundo.



Escrevi uma vez que a maior desgraça de um país pobre é que, em vez de produzir riqueza, vai produzindo ricos. Poderia hoje acrescentar que outro problema das nações pobres é que, em vez de produzirem conhecimento, produzem doutores (até eu agora já fui promovido..,) . 


Em vez de promover pesquisa, emitem diplomas. Outra desgraça de uma nação pobre é o modelo único de sucesso que vendem às novas gerações. E esse modelo está bem patente nos vídeo-clips que passam na nossa televisão: um jovem rico e de maus modos, rodeado de carros de luxo e de meninas fáceis, um jovem que pensa que é americano, um jovem que odeia os pobres porque eles lhes fazem lembrar a sua própria origem.

É preciso remar contra toda essa corrente. É preciso mostrar que vale a pena ser honesto. É preciso criar histórias em que o vencedor não é o mais poderoso. Histórias em que quem foi escolhido não foi o mais arrogante mas o mais tolerante, aquele que mais escuta os outros."

Mia Couto

segunda-feira, 30 de julho de 2018

COMO ACABAR COM O ROMANCE OBSESSIVO COM O SMARTPHONE?

A pergunta é feita pela jornalista Catherine Price no seu mais recente livro. 
Se estivéssemos a falar de pessoas, acho que todos estariam mais descansado quanto ao fim rápido da relação, mas como estamos a falar de algo "smart", sem alma nem coração, telecomandado pela elite da inovação científica, não é nada certo que a obsessão termine sem fazer estragos. 
 Price escreve uma espécie de manual de desintoxicação do telemóvel que parte de duas premissas: a vontade do smartphone-dependente em largar o vício e a consciência de que terá  de ser um processo gradual e não definitivo.

Tal como com outros vícios convém assumir a dependência para a tratar. É igualmente importante reconhecer a supremacia do adversário e ter consciência que, numa primeira fase e fruto de muito esforço e persistência, apenas conseguiremos circunscrever a fera. 
A senhora Price aconselha, num primeiro  momento, a usarmos outras formas de aceder a net, numa espécie de ligação de substituição.

Na minha perspectiva, uma forma eficaz é usarmos a força do «bicho» contra o próprio. Grande parte da nossa dependência, está relacionada com a utilização das redes sociais. Saber a resposta a um comentário, ver os likes nas fotos ou a resposta à mensagem que deixamos faz-nos ir vezes sem conta ao telemóvel, num tique nervoso que nos desgaste psicológica e fisicamente. 
O modelo das redes sociais tornou-nos seres humanos diferentes: mais ativos, mais opinadores, mais ousados mas também mais cobardes. Está na altura de invertermos as regras do jogo. Menos opiniões e mais acção. Trocar os likes por um elogio de viva voz, optar por encontros presenciais em vez do uso do chat ou da câmara. Ganhar o hábito de desligar o telemóvel uma ou duas horas durante o dia; deixá-lo em casa quando se vai ao café, por exemplo. 

Fomos capturados por uma máquina smart, mas não invencível. Tal como em qualquer jogo, temos novamente a eterna luta Homem/máquina, sendo que o grande desafio para o humano é deixar de estar obsessivamente apaixonado pela máquina. 
Temos de nos voltar a apaixonar por pessoas, alguém que nos possa desiludir e nos permita... voltar a apaixonar.  
GAVB

sexta-feira, 27 de julho de 2018

ROBLES QUERIA GANHAR UNS COBRES, MAS O BLOCO CONGELOU-LHE OS LUCROS


A estupidez do ser humano não para de me surpreender. 
Então Ricardo Robles, o mediático vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa, foi apanhado numa enorme contradição entre aquilo que diz e aquilo que faz? 
Parece que sim! Anda o Bloco, com Robles à cabeça, a gritar contra os despejos ilegais e desumanos que os lisboetas são alvo, por causa da bolsa a céu a aberto em que a Lisboa turística se tornou, fazendo com que haja freguesias onde 25% das casas já estejam alocadas ao alojamento local, quando uma das suas principais figuras é apanhada a tentar concretizar, em proveito próprio, um negócio altamente lucrativo de especulativo.

Quero lá saber se o negócio é 100% legal. A verdade é que ele é (foi) 100% imoral. Robles e a irmã investiram 400 mil euros na compra à Segurança Social de um imóvel degradado, em Alfama (Lisboa). Depois de pedido quase um milhão de euros à Caixa Geral de Depósitos (para que a coisa fosse como manda o código de estilo do Bloco), o prédio ficou pronto para venda e o vereador da Câmara de Lisboa, em conjunto com a sua irmã, pedem 5,7 milhões de euros, pelo empreendimento. 
Robles não fez nada de ilegal, mas obviamente não é disso que é acusado. O que o acusam, e com razão, é de hipocrisia no discurso político.

Robles quis ganhar muito dinheiro como o querem muitos daqueles que ele ridiculariza moralmente na arena política. Ficou muito pior na fotografia do que eles, porque esses especuladores assumidos dizem logo ao que vêm, já Robles revela-se um perfeito enganador. 

Robles traiu a ideologia do Bloco e minou a sua acção política. Não merece continuar a representar o partido e deve ser ele a apresentar a demissão, antes que alguém tenha que a impor, como já tiveram de o mandar retirar o imóvel do mercado. 
O prédio não está no mercado, mas esteve. O projeto de Robles e da irmã sempre foi o de ganhar dinheiro... muito dinheiro. Por isso fizeram obras, por isso coloram  o prédio numa imobiliária. Foram apanhados como era óbvio que o seriam. 
Robles já não se pode limpar politicamente, mas pode fazer um favor ao Bloco tomando duas iniciativas: demitir-se de todos os cargos públicos que exerce em representação do partido e pôr o imóvel unicamente disponível para arrendamento, a custos controlados, para jovens com emprego na capital.
Gabriel Araújo

DOIS MILHÕES DE VISITAS!


Há pouco mais de um ano, este blogue atingiu a marca de um milhão de visitas.  Foi um marco muito importante e um prova do crescimento sustentado do Sete Pecados (I)mortais. 
Na altura o blogue existia há três anos e meio e já registava mais de 1200 postagens, ao ritmo de uma por dia. Trezentos e noventa dias depois, o Sete Pecados (I)mortais atinge a magnífica marca de dois milhões de visita.
É um número fabuloso, tendo em conta as minhas expectativas, o carácter totalmente amador do blogue, o facto de ser unicamente atualizado por mim e o menor número de postagens realizadas nestes últimos doze meses. 
É verdade que o blogue se foi transformando, ao longo deste últimos dois anos, tornando-se mais opinitativo sobre as questões sociais, políticas e culturais do meu país e dedicando mais espaço às questões da Educação. Apesar dessa tendência, o Sete Pecados (I)mortais nunca abandonou a sua matriz cultural alargada nem a reflexão sobre temas intemporais que interessam a diferentes públicos. 

No último ano e meio, o número de leitores diários estabilizou entre os 75 mil e os 90 mil visitas por mês. O número superou muito as minhas melhores expectativas. Estou certo que o blogue cresceu com o contributo de muitos leitores anónimos, mas atentos, que discretamente me foram dando pequenos conselhos que o tornaram melhor e mais atrativo. A todos agradeço e com eles partilho a minha alegria. Bem -hajam.
Quanto ao futuro... pois a gente vai continuar, como diria Jorge Palma. Tentando sempre fazer mais e melhor. Se possível com o contributo de mais pessoas, porque a pluralidade de opiniões e a diversidade de pontos de vista é uma das maiores riquezas da democracia.
Gabriel Araújo

quarta-feira, 25 de julho de 2018

POR QUE RAZÃO OS PROFESSORES DO QUADRO “FOGEM” DE LISBOA?



Ficaram mais de seiscentas vagas do quadro por preencher no QZP7, ou seja, Lisboa e arredores deixaram de interessar aos professores do quadro. A razão principal é o salário. 
Mesmo para um professor do quadro, ou seja, inserido nessa carreira tão bem remunerada, lecionar em Lisboa não atrai. Pode Filinto Lima (que se acha competente para falar de tudo e mais alguma coisa) dizer que são as zonas problemáticas ou os sindicatos acharem que é o interior. Não é, é o salário. Ele é tão baixo para o custo de vida da capital portuguesa, especialmente se tiver que pagar casa e alimentação e transportes, que o professor se arrisca a pagar para trabalhar. Ora, como ninguém é tonto, procura um local onde lhe paguem pelo trabalho e não seja ele a pagar para trabalhar.
Nos últimos anos, o Ministério da Educação tem tentado conter este abandono dos professores do quadro da zona de Lisboa, “obrigando” os contratados a penar na capital, sobretudo através da alteração das regras do concurso de colocação de professores, em regime de mobilidade interna, fazendo sair em momentos diferentes as colocações dos horários completos e incompletos.

 É claro que os professores contratados não têm escolha e muitos sujeitam-se a ter um rendimento mensal inferior ao ordenado mínimo para não perderem anos de serviço e desse modo continuarem a acalentar a esperança de entrar para a carreira docente. Outros já desistiram de tal ideia e procuraram outra profissão.
O problema de base é o mesmo que está na génese da luta dos professores – os baixos salários de uma parte significativa da classe. Se o professor trabalha perto da sua residência, ele ainda consegue sustentar-se e à sua família, mas se tem de ir viver para Lisboa ou Porto, arcando com todos os custos de uma deslocalização forçada, então o mais sensato é concorrer para outro lado.

A sociedade portuguesa tem desconsiderado os professores, nos últimos anos. Acham que trabalham pouco e ganham muito. O tempo e as circunstâncias tratarão de fazer justiça a uns e dar uma lição a outros. Terão cada vez menos professores, tê-los-ão pior preparados e muito menos disponíveis para os vossos filhos. Haverá tempo em que pagarão muito mais por gente bem menos competente. E é bem possível que em certas zonas do país (não necessariamente no interior), os lugares a concurso fiquem vazios.
GAVB

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Ó CENTENO, QUANTO CUSTOU A RECAPITALIZAÇÃO DA CAIXA AO ORÇAMENTO DE ESTADO?

Segundo dados do INE, os portugueses gastaram quatro mil milhões de euros com a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. 
Quatro mil milhões são dez vezes 400 milhões de euros (os tais que custavam a reposição de todos os professores no seu devido escalão da carreira docente) e nesse altura, Mário Centeno não nos perguntou nada nem disse que a decisão de aplicar todos esse dinheiro do Orçamento de Estado foi a pensar em todos os portugueses. https://eco.pt/2018/03/26/recapitalizacao-da-cgd-vai-mesmo-toda-ao-defice-de-2017/

Centeno foi tapar os enormes buracos que o anterior governo socialista permitiu na Caixa Geral de Depósitos, fruto de má gestão e suspeitos de casos de corrupção.

Canteno arriscou 2% do PIB para tapar os desmandos de Armando Vara e José Sócrates. Usou o dinheiro que falta para pagar salários justos aos funcionários públicos.
Centeno diz que não vai pôr a perder o que conquistou, mas ele não conquistou nada, ele limitou-se a usar o dinheiro de quem trabalha para pagar os colossais desvios no banco público. 
O homem que andou a suplicar a António Domingues que ficasse a administrar a CGD prometendo-lhe algo ilegal e imoral, acha-se a Ronaldo das Finanças, mas o única coisa que faz é cativações chocantes como a da verba destinada à ala pediátrica do Hospital de São João.

Centeno devia perceber que Portugal não é uma folha de excel, mas o cargo no Eurogroup subiu-lhe à cabeça como sobe o poder a gente que não está preparada para ele nem o sabe usar. Mais ano menos ano, acontecer-lhe-á como ao balão que a criança larga distraída. 
António Costa sabe que o país não é uma folha de excel, mas ainda não aprendeu um dos pensamento mais certeiros de Abraham Lincoln "Pode-se enganar todos por alguns tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos durante todo o tempo."

GAVB



domingo, 22 de julho de 2018

NÃO SERÁ A DERROTA DA GREVE NEM DOS PROFESSORES, MAS DA LEGALIDADE, DA AVALIAÇÃO DOS ALUNOS, DA ESCOLA



É provável que, nos próximos dias, os oitenta mil alunos que ainda não sabem as suas notas as venham a conhecer. Também é muito provável que elas não correspondam à justa avaliação do seu trabalho. 

Quem já participou num conselho de turma, sabe perfeitamente que é raro não haver alteração de notas e que tal é decisivo para a transição, para a média final do aluno, para a candidatura ao quadro de mérito. 
Isso tudo ficará em causa. O ministério da educação diz que os alunos têm direito à avaliação. É um facto, todavia, devia acrescentar que as suas ilegais notas informativas, as suas chantagens inadmissíveis ditarão uma avaliação injusta e pior do que aquela que o aluno poderia obter. 
Não haverá honestidade intelectual para admitir isso.

Além da derrota dos fundamentos de um sistema de avaliação em que 93% dos alunos foram avaliados, durante este ano letivo, esta semana assistiremos também à derrota da escola pública enquanto baluarte da democracia e do estado de direito. Três ou quatro professores decidirão por dez; as leis do país serão desrespeitadas, porque temos um governo autista e diretores com medo que o próximo ano comece “torto”. 
Não será desta maneira que começará melhor. Têm medo de não ter tudo pronto a horas? Terão algo muito pior: professores totalmente desiludidos com os seus diretores, zangados uns com os outros, descrentes na escola enquanto lugar de liberdade, democracia e justiça.

Estarão reunidas as piores condições para fazer uma próxima “temporada” de grande qualidade, porque os docentes se sentirão traídos e desesperançados. 
Que tipo de rendimento se pode esperar de gente com este estado de alma, daqui a dois meses? Não é verdade que para ensinar qualquer um serve. Não é verdade que um professor desmotivado, desiludido, desencantado ensine da mesma maneira que um professor comprometido com a Escola.

Não nos venham com discursos bonitos, com apelos à nossa responsabilidade, à nossa paixão pelo ensino, quando o destruíram, com requintes de malvadez, a nossa confiança em que nos devia defender, quando nos desrespeitaram com prazer. 
Não nos peçam que “vistamos a camisola” da Escola com alma, quando agora querem um papel. Se querem um papel, é um papel que terão, mas não só agora.

Durante a próxima semana não derrotarão a greve nem a luta dos professores. Um terço é sempre menos de metade, um terço é a vitória dos batoteiros. Um terço é uma derrota das grandes. 
Ficaram com um papel, uma ata ilegal, uma pauta com notas suspeitas. Façam bom proveito. Conseguirão fazer História.
GAVB

sexta-feira, 20 de julho de 2018

CONSELHOS DE TURMAS ILEGAIS PÕEM EM CAUSA UMA AVALIAÇÃO JUSTA

Quando alguém decide que se pode fazer um conselho de turma com um terço dos professores, pode estar preocupado com muita coisa, mas não está preocupado com o elemento mais valioso da avaliação: a justiça das notas atribuídas, ou seja, não está preocupado com os alunos.
Como podem três ou quatro professores avalizar as notas de dez professores? Não podem. Quem saí prejudicado? Os alunos. Quem permite tamanha indignidade, injustiça: o ministério da educação. 
Permitir que avaliação dos alunos seja ratificada por um terço de um conselho de turma é o mesmo que dizer que o Orçamento de Estado pode passar com um terço dos votos, ou que se pode aprovar um moção de censura ao governo com um terço dos deputados. 
Quem não respeita as leis que criou, perde todo o respeito daqueles que as têm efetivamente de respeitar, ou seja, o povo. 
A medida do ministério da educação sobre os professores ainda em greve às avaliações, as ameaças aos docentes, a pressão inadmissível sobre as direções escolares, por causa de umas reuniões de avaliação, são dignas de um poder totalitário e que perdeu a cabeça e juízo. 
GAVB 

quinta-feira, 19 de julho de 2018

ERRADICAR OS PORTUENSES DO PORTO


O processo está em marcha e não demorará muito tempo: daqui a uma década, se o tão desejado fluxo turístico à Invicta continuar, os portuenses serão uma espécie tão rara na sua própria cidade que ainda os convertem em atração turística.
É bom ter turistas e não apenas do ponto de vista económico ou de visibilidade exterior, mas é necessário ter um plano organizado para incorporar o turismo no tecido social da cidade, para que daqui a uma década não ter de criar um plano de emergência para proteger essa espécie em vias de extinção que será o portuense.


O problema, que se adivinha, irá assolar a identidade da cidade do Porto, já o sente Veneza ou Dubrovnik, Pamplona ou até Lisboa. É preciso perceber que a cidade atrai turistas pela sua atmosfera única, pelo rio, pelo vinho e pelas pessoas. Os turistas querem interagir com o portuense e não com outros turistas. Quando isso deixar de acontecer, o Porto  torna-se uma cidade artificial, igual a muitas outras, espalhadas pela Europa. 

No meu entender, é fundamental não expulsar os portuenses das zonas históricas, não lhes alterar os hábitos enraizados de uma maneira absurda e desrespeitosa. Não é bom submeter tudo aos interesses turísticos. A edilidade deve também preocupar-se com as necessidade dos portuenses e fazer opções de governo em que fique claro que atua para os portuenses antes de tudo. 

A norte, o exemplo da cidade do Porto será determinante para outras cidades, como Aveiro ou Viana do Castelo. Também por isso, o atual Presidente de Câmara tem uma responsabilidade que extravasa as fronteiras do seu concelho.
Seria tão bem sentir que o Porto continuará a ser uma cidade orgulhosa, nobre e... Invicta.

GAVB

COCA CERTIFICADA



Não há nada como um produto genuíno, com qualidade certificada. 
Fartinhos de consumir produtos de marca branca andamos nós o ano inteiro. Bolachas, gelados, produtos de higiene, roupa, cereais, bebidas... 
Não há paciência e saúde para produtos sem marca registada, próprios de uma economia gananciosa, com aparência de caridosa, e que não privilegia a qualidade.

Deve ter sido com este pensamento que os organizadores do Boom Festival, em Idanha-A-Nova resolveram prestar um serviço de qualidade a todos os seus participantes. No interior do recinto do festival só é admitida droga de qualidade, ou seja, devidamente certificada. Faz sentido, pois o festival têm uma reputação a defender, além de que nos últimos seis anos já morreram quatro pessoas por causa do consumo de droga adulterada, durante a semana em que decorre o festival.

Como proibir o consumo de droga está totalmente fora de questão, pois isso matava todo o élan e interesse do Boom Festival (são esperadas mais de trinta mil pessoas oriundas de toda a Europa), a organização decidiu criar um “serviço de controle da qualidade de droga”, em colaboração com a Faculdade de Psicologia da Universidade Católica do Porto e do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos, que depende do Ministério da Saúde, ou seja, estamos perante uma certificação de altíssima qualidade, pois traz o selo científico e legal. 
Outra coisa não seria de esperar de um evento com mais de duas décadas de existência e cujo passe de entrada ultrapassa os cento e cinquenta euros.
Finalmente, alguém que tem sentido prático e adapta os comportamentos às necessidades dos seus clientes. Em Idanha-A-Nova, na próxima semana, droga, só de qualidade e com selo de garantia.
GAVB

quarta-feira, 18 de julho de 2018

MAIS UNIVERSITÁRIOS NO INTERIOR, MAS AINDA MUITO POR FAZER


O Estado fez questão de anunciar que reduziu as vagas ao acesso ao ensino superior, em Lisboa e Porto, para reforçar a oferta no interior. É apenas meia verdade, porque um terço dessas vagas libertadas continua no litoral: Braga, Coimbra e Aveiro, ganharam mais de trezentos novos lugares de acesso.

O interior não atrairá universitários por decreto, mas pela qualidade da sua oferta, quer a nível de cursos com alta taxa de empregabilidade quer ao nível da qualidade do corpo docente quer ao nível da oferta formativa. 
Quando o interior do país tiver os melhores cursos em áreas como Turismo, Marketing, Economia Empresarial, Engenharia de Produção Industrial ou Biotecnologia, os alunos aparecerão. 

Enquanto esse tempo não  chega o governo português podia dedicar-se a algo que realmente pode influenciar: a ação social escolar. Mais de metade dos alunos universitários portugueses têm de pagar casa, além de propinas e livros, pois são alunos deslocados do seu agregado familiar.
Construir residências universitárias ou permitir às famílias a dedução total, em sede de IRS, de todo o dinheiro gasto com habitação, por parte dos alunos universitários que, comprovadamente, não tenham opção de ensino superior na sua área de residência, era, de facto, uma medida de valor, arrojada e eficaz.
Ao que parece as ideias de investimento na área da educação passam mais por despejar dez milhões de euros no «impoluto» grupo de colégios privados GPS. Opções que se orientam!
GAVB
  



O LEGADO DE NELSON MANDELA É TÃO FORTE QUE RESISTIRÁ A QUALQUER TRAIÇÃO


A frase da antiga secretária pessoal do presidente Mandela, Zelda La Grange, está cheia de convicção e... otimismo.
É verdade que Mandela deixou uma legado fortíssimo - Paz, Liberdade, Democracia, Perdão, União - mas também é verdade que todos os legados precisam de alguém que lhes dê continuação e isso está longe de acontecer, tanto na África do Sul como no resto do mundo. 

Felizmente, o legado de Mandela é algo de concreto e bem definido, mas precisa de líderes políticos corajosos e sábios. Não os há. E, se no prazo de uma década não parecer com esse perfil e força, o legado de Mandela corre o riso de aninhar definitivamente nos livros de História e de Ciência Política. 

Nelson Mandela não teve apenas um sonho; na verdade, ele construiu uma nação arco-íris e inspirou o mundo. Fê-lo o tempo suficiente para vermos como se faz, todavia não temos gente com a dimensão humana, ética e política deste enorme estadista. 
Mandela não foi um milagre, mas convicção inabalável, persistência e coragem. Parecem todas coisas simples, terrenas e humanas, mas com baixas taxas de concretização, quando se fala de ação política. 
Fazer coisas simples bem feitas é do mais complicado que há!
GAVB


segunda-feira, 16 de julho de 2018

LIVROS ESCOLARES GRATUITOS SÓ PARA QUEM FIZER A INSCRIÇÃO ONLINE


Num momento em que a toda poderosa Porto Editora atravessa uma dos mais exigentes momentos dos seus 75 anos de vida e o grupo Leya terá provavelmente de fazer despedimentos, o governo anuncia, a meio do verão e um mês após os terminus das aulas, que apenas os aluno que se registarem online, terão acesso a livros gratuitos.
Segundo as estimativas do governo, são cerca de quinhentos mil.
A política do livro escolar tendencialmente gratuito nos primeiros anos de escolaridade é um das medias mais populares do governo português, mas tem esmagado os lucros das grandes editoras e terminado com os pequenos negócios das livrarias locais que serviam de intermediárias. 

Durante décadas, o Ministério da Educação protelou uma medida economicamente sensata e que em muito beneficiou a economia familiar, especialmente dos agregados familiares com vários filhos em idade escolar. 

Dado esse passo, o governo não tem como recuar e por isso assiste impotente às lamentações das editoras. O registo online, anunciado nestas circunstâncias, parece-me um pequena ajuda disfarçada às livrarias. 
Quando chegarem a Setembro, muitos pais ficarão surpreendidos com a facto de não terem feito a inscrição por deficiente informação. Enquanto uns reclamarão, haverá sempre alguém que compre aquilo que devia ter gratuitamente, assumindo a sua falta de informação.

Informações tão relevantes como esta não podem ser dadas a meio de Julho, para as inscrições decorrerem em Agosto. Este tipo de informação devia ter sido dada aos pais no final do ano letivo e descarregada informaticamente através de email e sms nos telemóveis dos encarregados de educação, com datas e passos a seguir para se fazer o imperativo registo. 
Obviamente que a ideia do Ministério da Educação parece-me boa, justificada e coerente. A isto devia acrescer bom senso e equilíbrio, o que pode não ser o caso.

GAVB

domingo, 15 de julho de 2018

VINTE ANOS DEPOIS, OS FRANCESES VOLTAM A VENCER O MUNDIAL DE FUTEBOL




Vinte anos depois, a seleção francesa de futebol volta a pôr a mão numa Jules Rimet, ou numa versão mais moderna, a FIFA WORLD CUP. 
A seleção de Didier Dechamps foi a mais competente do Mundial de Futebol 2018, realizado na Rússia, do «czar» Putin, mas não encantou. Aliás, nenhuma seleção praticou um futebol fabuloso ou que vai ficar na memória dos amantes do futebol.
A mais «africana» seleção gaulesa de sempre venceu, porque foi eficaz, cerebral, conhecedora dos seus limites. As vedetas Mbappé e Griezmann tiveram a humildade de nunca se sobrepor ao coletivo e por aí também se fez a força dos bleus. Outra lição aprendida foi a soberba. Pogba, Matuidi e Kanté não cometeram o erro de desvalorizar uma seleção principiante em finais, como aconteceu em 2016, em Paris, quando perderam o Europeu, em casa, para Portugal.

A vitória do país de Macron e Zidane começou a desenhar-se na forma categórica como passaram a primeira fase da prova, passando pelo modo seguro com que iluminaram Uruguai e Bélgica, até à vitória final, onde sempre pareceram emocionalmente mais adultos que os croatas, apesar de terem uma média de idades inferior. Ter vivido o trauma de Paris, em 2016, enrijeceu psicologicamente a jovem geração francesa.
Esta seleção não é tão espetacular com a equipa de Zidane, Henry ou Dechamps (Mundial de 1998, Europeu de 2000), mas pode atingir o mesmo patamar, sobretudo, porque atinge a glória ainda longe do zénite das suas potencialidades.
Sobre o resto do campeonato, confirmou-se o suave declínio da equipa portuguesa; a total dependência da seleção argentina do astro Messi, que se encolhe em grandes torneios mundiais, ao contrário do que acontecia com Maradona; o esgotamento tático e mental da seleção alemã; a desorganização do futebol brasileiro, que se arrisca a queimar mais uma geração de futebolistas de eleição sem alcançar a glória suprema do desporto preferido dos brasileiros.

Menções honrosas merecem a Croácia e a Bélgica, que alcançaram os restantes lugares do pódio, atingindo igualmente a suas melhores classificações de sempre. No meu entender aa seleção belga foi aquela que melhor futebol praticou ao longo de todo o torneio. A nível individual, o croata Modric foi justamente distinguido como o melhor jogador do Mundial da Rússia; o francê Mbappé arrecadou a estatueta de melhor jovem jogador enquanto o belga Courtois foi eleito o melhor guarda-redes e o inglês Harry Kane sagrou-se o melhor marcador com seis golos. Distinções consensuais, onde as quatro melhores seleções do Mundial Rússia 2018 estiveram também representadas.  
GAVB

sexta-feira, 13 de julho de 2018

VAI COMEÇAR A CHANTAGEM DAS FÉRIAS


É verdade que o cansaço é tão grande como a desilusão entre os professores. No entanto, convém não desfocar do essencial: a luta dos professores está longe de ter chegado ao porto pretendido e algo mais se pode fazer nas próximas duas semanas.
Há uma parte significativa dos professores que quer continuar a luta até final do mês e por isso é provável que, na maioria das escolas portuguesas, não haja notas do 5.º ao 8.º ano e do 10.ºano antes de Agosto.
Não vale a pena desferir ataques aos colegas que querem partir de férias, nem aos diretores que querem concluir o seu trabalho e ameaçam com a não autorização das férias a ninguém. 

O principal adversário dos professores é a falta de respeito pela palavra dada e pela recomendação da Assembleia da República por parte do Governo, que é como quem diz António Costa e Mário Centeno. Ainda há uma quota parte de culpa dos sindicatos do sistema, que obviamente alinham com o sistema político e também para este as férias de dois meses são sagradas. Hoje é o debate da nação e depois todos vão a banhos.

Alguns nossos colegas querem gozar as suas férias e estão no seu pleno direito, havendo alguns casos em que perderão muito dinheiro se não as puderem gozar no período solicitado. Não os critiquemos. Não foi por eles que ainda não conseguimos o que pretendemos, nem são eles os nossos adversários. 

Alguns diretores podem começar também a ficar "nervosos" com a avolumar de trabalho por fazer e o tempo a passar. Cabe-lhes ter sangue frio, bom senso, flexibilidade e até alguma capacidade de negociação com os seus professores. Apesar de ter temido o pior, não foi por eles que a maior greve dos professores deste século não durou mais de um mês. 
A greve vai durar até ao fim. Haverá sempre ganhos, mas alguns espinhos far-se-ão sentir agora. A pior coisa que nos pode acontecer é magoarmo-nos uns uns outros, por meia dúzia de dias, por uma posição de força destituída de bom senso, por ameaças sem sentido.

GAVB

quinta-feira, 12 de julho de 2018

NÃO TE QUERO



Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

quarta-feira, 11 de julho de 2018

TRUMP ORDENA AOS LÍDERES DA NATO QUE LHE COMPREM MUITO MAIS ARMAS


Trump foi à nova e caríssima sede da NATO (custou mais de mil milhões de euros!!!) dizer aos seus aliados (na verdade, clientes) que andam a gastar muito pouco em armas e que tal política não podia continuar, porque a economia americana assim não se desenvolve como ele projetou. 
Obviamente deu o exemplo do amigo Putin que cumpre o estipulado, ao mesmo tempo que mandou o recado ao líder chinês, esse grande maluco que também se esqueceu de lhe comprar o armamento acordado.

Se há coisa de que não podemos acusar Trump é de hipocrisia. Ele é um burgesso assumido. Ao contrário do que alguns jornais referem, talvez por hábito de educação que Trump desconhece, o presidente norte-americano não foi a Bruxelas «pedir», nem sequer «lembrar», mas tão-somente «ordenar». Só assim se entende as palavras do presidente da Comissão Europeia que lembrou a Trump que deve respeitar os seus aliados. No entanto, todos nós sabemos que pedir respeito a Trump é tão inútil quanto ridículo. Para o líder dos conservadores norte-americanos, os aliados são clientes e serão tanto mais considerados quanto mais gastarem. E até já fez a conta: 4% do PIB. Uma enormidade.

Apesar de quase tudo em Trump ser lamentável e condenável, há um pequeno «pormaior» a ter em conta: aquilo que Trump reivindica é o cumprimento de um acordo. Tácito ou escrito, um acordo é um acordo e a verdade é que ninguém teve coragem de dizer a Trump que nada daquilo estava combinado. 
E talvez o mais triste seja isto: os mais poderosos e cultos (???) países do mundo pensaram gastar balúrdios em armas. E obviamente que terão que as descarregar em alguma Síria desta vida, porque só assim podem comprar mais e mais. Depois acham que não têm nada a ver com o desespero dos migrantes no Mediterrâneo!

P.S. Portugal gasta 1,24% do seu PIB com a Defesa. António Costa foi a Bruxelas e ouviu caladinho o puxão de orelhas: até 2024 vai ter que aumentar uma décima por ano o orçamento para a Defesa, de modo a cumprir a meta dos 2% do PIB. 
Ouviu e calou, porque os líderes da NATO não são os professores. Também aqueles que acham que os professores andam a pedir a lua devem ter gostado da ideia: daqui a seis anos estaremos a gastar mais 50% em armas do que gastamos atuamente. Ninguém vai contestar esta progressão alucinante, na carreira,  destes anjos da morte.
Estão a imaginar Costa a dizer que, daqui a seis anos, os gastos com a Educação (ou com a Justiça ou com a Saúde) tinham aumentado 50%... era a loucura! 
Adoro gente que gosta de comer gelados com a testa. Trump não para de os fabricar.
GAVB

terça-feira, 10 de julho de 2018

CURRÍCULOS À LA CARTE NO ENSINO SECUNDÁRIO?



Quando os alunos do 10.º ano voltarem à escola, em Setembro, podem ser confrontados com a possibilidade de escolherem um desenho curricular inovador: um quarto das disciplinas pode pertencer a outro curso que não aquele que escolheram. 

É bem capaz de ser possível a um aluno das Ciências Sociais incluir no seu currículo disciplinas como Biologia, Oficinas de Artes, Grego ou Literatura... desde que a escola lhe proporcione essa escolha.

Este é um dos aspetos mais inovadores da badalada flexibilidade curricular que a partir do próximo ano letivo se alargará a todas as escolas. No entanto convém perceber que o aluno apenas poderá aceitar uma proposta curricular flexível da escola e não ele próprio desenhar um currículo a seu belo prazer. 
Cada escola fará a gestão dos seus 25% de liberdade e flexibilidade do modo que entender.

Em teoria, parece-me uma ideia interessante, na medida em que possibilitará a cada aluno abrir horizontes para áreas desconhecidas, além de tornar a sua formação mais abrangente. Não deixava de ser confrangedor que, por exemplo, os alunos das Ciências Sociais fossem muito competentes na sua área e quase uns incultos no que diz respeito a artes, química ou biologia.
No entanto, o sistema precisa de tempo e muita paciência para resultar. Creio que nos primeiros anos produzirá resultados incipientes e muitas críticas surgirão. Por isso, acho importante que os diretores o implementem com cautela e solidez, que os professores não o boicotem e, sobretudo, que os alunos sejam peça fundamental na sua monitorização e avaliação. 
Daqui a três ou quatro anos, devem ser eles os primeiros a serem ouvidos, para perceber se a ideia tem ou não pernas para andar.
GAVB

segunda-feira, 9 de julho de 2018

CRIANÇA A CRIANÇA, RESGATANDO VIDAS AO DESTINO




A Tailândia vive há mais de duas semanas o drama do resgate de doze adolescentes e um adulto, de uma caverna longínqua enquanto o mundo acompanha, emocionado, pela televisão, cada vida recuperada, cada ação da equipa de mergulhadores. Andávamos todos a precisar assim de um banho completo de humanidade sem quotas nem asteriscos, onde cada vida humana fosse mesmo um tesouro sem preço.  
É possível que a nossa comoção seja mais acentuada pelo facto de serem crianças e do êxito da missão de resgate estar permanentemente em risco. Todavia isso não é o mais importante. O que verdadeiramente me reconforta é estarmos a colocar todos os nossos recursos materiais, o melhor da nossa inteligência, a força inquebrantável da alma humana ao serviço da maior das causas – salvar vidas.

Até o grau de exigência parece simbólico – muito difícil, mas não impossível.
Acho frequentemente que a História e as suas circunstâncias são autênticos mestres da vida. Saber interpretar os seus sinais, em vez de os ignorar ou desprezar, pode ser a diferença entre trilhar um caminho de prosperidade ou chafurdar novamente na escuridão da indiferença, do racismo ou xenofobia. Por isso, julgo que alguns governantes europeus devem tirar ilações deste verdadeiro conto de natal que acontece na Tailândia.
GAVB

sábado, 7 de julho de 2018

SER PROFESSOR É TÃO BOM QUE APENAS 1% DOS JOVENS PORTUGUESES QUEREM ESTA PROFISSÃO




Nunca pensei que a nobre profissão de professor chegasse a tamanho estado de impopularidade, mas a verdade é que o resultado da sondagem aos jovens portugueses sobre os seus desejos profissionais não deixa dúvida: ser professor? Nem pensar?
Por que razão chega esta profissão a este estado de impopularidade? Em primeiro, lugar, porque os jovens cresceram a ouvir que há professores a mais em Portugal; depois porque a sua consideração/estatuto social diminuiu imenso nos últimos trinta anos. 

Além disto acresce o facto, não menos importante, dos alunos terem uma longa experiência de convívio com a profissão docente e por isso serem uns ótimos avaliadores das suas (des)vantagens profissionais, económicas, sociais e afetivas.
Aqueles que passam a vida a dizer que os professores têm uma ótima vida deviam perguntar aos seus filhos por que razão não querem eles ser professores, se é algo tão bom, tão rentável, tão fácil? A verdade é que a profissão se degradou a todos os níveis e os jovens querem ser tudo, menos professor. E note-se que não há nenhuma profissão que eles conheçam melhor os meandros…

Além de fazer refletir a sociedade em geral, que tanto desconsidera os professores, e os políticos em particular, que os dececionam, esta eloquente sondagem deve fazer pensar os professores. A maneira como estão a exercer a sua profissão tornou-a muito desinteressante para os seus alunos de tal modo que quase ninguém almeja tornar-se docente. O famoso espírito de missão é coisa que nada diz aos jovens.

Os professores (especialmente aqueles que ainda estão a meio daquilo que outrora se chamou carreira) deviam ponderar optar por outro percurso profissional. Nesta profissão só somarão desilusões, desgaste físico e psicológico e a probabilidade de serem infelizes será grande.
Quando estão sempre com dúvidas sobre a tua competência, quando acham que és irrelevante e não mereces ter uma carreira, o melhor é partires para onde te façam novamente feliz.
GAVB