É verdade que o cansaço é tão grande como a desilusão entre os professores. No entanto, convém não desfocar do essencial: a luta dos professores está longe de ter chegado ao porto pretendido e algo mais se pode fazer nas próximas duas semanas.
Há uma parte significativa dos professores que quer continuar a luta até final do mês e por isso é provável que, na maioria das escolas portuguesas, não haja notas do 5.º ao 8.º ano e do 10.ºano antes de Agosto.
Não vale a pena desferir ataques aos colegas que querem partir de férias, nem aos diretores que querem concluir o seu trabalho e ameaçam com a não autorização das férias a ninguém.
O principal adversário dos professores é a falta de respeito pela palavra dada e pela recomendação da Assembleia da República por parte do Governo, que é como quem diz António Costa e Mário Centeno. Ainda há uma quota parte de culpa dos sindicatos do sistema, que obviamente alinham com o sistema político e também para este as férias de dois meses são sagradas. Hoje é o debate da nação e depois todos vão a banhos.
Alguns nossos colegas querem gozar as suas férias e estão no seu pleno direito, havendo alguns casos em que perderão muito dinheiro se não as puderem gozar no período solicitado. Não os critiquemos. Não foi por eles que ainda não conseguimos o que pretendemos, nem são eles os nossos adversários.
Alguns diretores podem começar também a ficar "nervosos" com a avolumar de trabalho por fazer e o tempo a passar. Cabe-lhes ter sangue frio, bom senso, flexibilidade e até alguma capacidade de negociação com os seus professores. Apesar de ter temido o pior, não foi por eles que a maior greve dos professores deste século não durou mais de um mês.
A greve vai durar até ao fim. Haverá sempre ganhos, mas alguns espinhos far-se-ão sentir agora. A pior coisa que nos pode acontecer é magoarmo-nos uns uns outros, por meia dúzia de dias, por uma posição de força destituída de bom senso, por ameaças sem sentido.
GAVB
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