A estupidez do ser humano não para de me surpreender.
Então Ricardo Robles, o mediático vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa, foi apanhado numa enorme contradição entre aquilo que diz e aquilo que faz?
Parece que sim! Anda o Bloco, com Robles à cabeça, a gritar contra os despejos ilegais e desumanos que os lisboetas são alvo, por causa da bolsa a céu a aberto em que a Lisboa turística se tornou, fazendo com que haja freguesias onde 25% das casas já estejam alocadas ao alojamento local, quando uma das suas principais figuras é apanhada a tentar concretizar, em proveito próprio, um negócio altamente lucrativo de especulativo.
Quero lá saber se o negócio é 100% legal. A verdade é que ele é (foi) 100% imoral. Robles e a irmã investiram 400 mil euros na compra à Segurança Social de um imóvel degradado, em Alfama (Lisboa). Depois de pedido quase um milhão de euros à Caixa Geral de Depósitos (para que a coisa fosse como manda o código de estilo do Bloco), o prédio ficou pronto para venda e o vereador da Câmara de Lisboa, em conjunto com a sua irmã, pedem 5,7 milhões de euros, pelo empreendimento.
Robles não fez nada de ilegal, mas obviamente não é disso que é acusado. O que o acusam, e com razão, é de hipocrisia no discurso político.
Robles quis ganhar muito dinheiro como o querem muitos daqueles que ele ridiculariza moralmente na arena política. Ficou muito pior na fotografia do que eles, porque esses especuladores assumidos dizem logo ao que vêm, já Robles revela-se um perfeito enganador.
Robles traiu a ideologia do Bloco e minou a sua acção política. Não merece continuar a representar o partido e deve ser ele a apresentar a demissão, antes que alguém tenha que a impor, como já tiveram de o mandar retirar o imóvel do mercado.
O prédio não está no mercado, mas esteve. O projeto de Robles e da irmã sempre foi o de ganhar dinheiro... muito dinheiro. Por isso fizeram obras, por isso coloram o prédio numa imobiliária. Foram apanhados como era óbvio que o seriam.
Robles já não se pode limpar politicamente, mas pode fazer um favor ao Bloco tomando duas iniciativas: demitir-se de todos os cargos públicos que exerce em representação do partido e pôr o imóvel unicamente disponível para arrendamento, a custos controlados, para jovens com emprego na capital.
Gabriel Araújo
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