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domingo, 28 de abril de 2019

O PREÇO DO TEMPO



Ontem, despedi-me definitivamente de uma amiga, que foi obrigada a partir antes do tempo. Entre a emoção da perda e a revolta com as doenças que nos destroçam caprichosamente, pensei no valor do Tempo. Essa «coisa» infinita e eterna, cujo valor aprendemos tardiamente.

Nunca controlaremos o seu tamanho ou quantidade, mas podemos definir a sua qualidade, se soubermos estabelecer prioridade corretamente.
O Tempo não tem preço, mas isto não quer dizer que ele seja seja valioso para nós. Muitas vezes, gastamo-lo em lutas fúteis, em teimosias absurdas, em egoísmos sem sentido. 
Vemos o nosso comportamento suicida espelhado no vizinho, no amigo, no pai ou no irmão, mas não percebemos que somos sempre nós. Passamos muito tempo, pensando e dizendo que «ainda vamos muito a tempo»de viver tudo o que é importante, todavia isso é mentira. 

Não podemos comprar Tempo, seja ele o da infância suprimida, da juventude reprimida ou da vida adulta sofrida. O Tempo não se recupera nem se compra, porque ele é a própria riqueza que a vida nos proporciona. Uma riqueza, pessoal, inerte e potencial, que apenas a nossa atitude pode transformar e realizar.

O tamanho do Tempo não se conta em horas, dias, meses ou anos, mas na quantidade e intensidade de coisas, emoções, sentimentos, ações pessoas com que o soubermos encher. 
Viver com sabedoria é o verdadeiro preço do tempo.  
Gabriel Vilas Boas


terça-feira, 23 de abril de 2019

OS PROFESSORES GANHAM TANTO QUE É UM MISTÉRIO QUASE NINGUÉM QUERER SER PROFESSOR


Quem viu alguma imprensa portuguesa, hoje, pela manhã, não pode deixar de pensar que os professores são "uns sacanas que se queixam de barriga cheia". 
Como é possível reivindicar reposicionamento salarial quando 22 mil ganham mais de 3300 euros por mês!

Ganham? Não. Vão ganhar... em 2021 ... ou será em 2022?Isso não interessa nada! E, afinal, não serão 3300 euros, mas qualquer coisa como menos de 2000 euros, mas isso também não interessa nada! O que interessa é que os professores são uns milionários, que não sabem a sorte que têm em ganhar tanto para tão pouco que fazem.

Não interessa também saber qual é salário atual desses 22 mil professores, que ganham o máximo, a partir de hoje, embora isso só seja real em 2022. Obviamente, se a conjuntura económica permitir, o que quer dizer se mais nenhum banco falir ou alguma PPP (Parceria Pública/Privada) não precisar de alguma injeção de capital como precisou o BPN ou o BES ou... 

Não, esses milhões não sairão em 2022 das contas públicas, se a conjuntura económica o permitir, pela simples razão que já saíram. Decisão extraordinária de gente ordinária que trabalha três dias por semana, mas ganha o dobro de um professor em final de carreira, ainda que o final seja apenas depois dos 70 anos. Gente que recebe por viagens que não faz, gente que marca presença através de entreposta pessoa; gente que não faz descontos sobre 50% do que recebe; gente que passa o tempo ao telefone ou no facebook enquanto os colegas fingem discutir leis importantes para a sociedade portuguesa. 

Essa mesma sociedade que hoje ficou a saber que 22 mil professores já vivem no futuro, algures em Dezembro de 2021, usufruindo de mais de 3300 euros mensais, e planeiam mais umas greves aos exames, porque realmente não sabem fazer outra coisa. 

A política está cheia de corrupção, de nepotismo e incompetência, mas alguns jornalistas têm uma enorme inveja de tão ilustre gente e faz tudo para não lhes ficar atrás em desonestidade intelectual, mau profissionalismo, falta de ética e desrespeito pela verdade. 
Talvez não esteja longe o dia em que algumas agências de informação resolvam contar quão caro é almoçar com gente da imprensa. Centeno não estará interessado nessas faturas?

GAVB

segunda-feira, 22 de abril de 2019

RELIGIÃO E MORAL SÃO FUNDAMENTAIS NA EDUCAÇÃO DOS JOVENS. QUANDO ASSUMIREMOS ISSO SEM PRECONCEITOS?


Assumimos facilmente que a Escola deve dar ao jovem um formação robusta, eficiente, completa sobre áreas tão diversas como História, línguas, matemática, geografia, ciências naturais e sociais, ambiente, consumo, tecnologia... mas quando a conversa chega à religião ou à moral muitos acham que a Escola deve abster-se de ensinar, embora muito poucos saiba realmente o que se ensina numa aula de religião e moral. A maioria ainda acha que os alunos vão aprender catequese, que aquilo é um feudo de "padres e afins", que usa e abusa de uma tradição a que não tem direito nem legitimidade. 

A ignorância é pródiga na crítica. Sempre foi e sempre o será. 
Muitos pais e educadores acham que a os jovens não têm valores, mas em vez de os ensinarem e exemplificarem, preferem retirar os filhos da única aula onde eles são ensinados, praticados e encorajados. 


Vários pais acham que os seus filhos não têm de se submeter aos ditames de nenhuma Religião ou Igreja, mas saberão eles o que realmente aprendem os filhos nas aulas de Educação Moral Religiosa e Católica? Já perguntaram aos seus filhos os temas que lá discutem com o seu professor(a)? Se não o fizeram, deviam fazê-lo com urgência, pois é lá que muitos aprendem valores como a verdade, a coerência, o respeito pelo próximo, o respeito por quem pensa diferente, o significado do amor, da responsabilidade, a diferença entre o certo e errado.

É lá que os alunos ouvem algo sobre religião. Não apenas sobre cristianismo, mas sobre as outras também. E claramente é lá que recebem melhor informação. 

Muitos peroram sobre religião e religiões, mas poucos cuidam de se documentar, de fazer uma avaliação correta do que foi feito no passado e do que é feito no presente. Pior: há muitos pais que, do alto da sua ignorância, decretam que os seus filhos não podem conhecer nada sobre religião, nada sobre moral, como se isso fosse um vírus perigoso. Decidem por eles, baseados apenas num preconceito ou na sua noção, muito própria, de liberdade. Os que os distingue dos fanáticos seguidores do islamismo ou dos judeus inflexíveis? 

Grande parte dos valores do cristianismo são valores humanistas, em que a sociedade portuguesa se revê. Uma aula de moral não é a catequese, mas uma aula da moral e sobre moral. E como ela anda arredia da sociedade, com as consequências que verificamos dia após dia!

A educação religiosa é fundamental em qualquer Educação. Também para os agnósticos, também para os ateus. Só podemos questionar aquilo que conhecemos.
Uma aula de EMRC é uma mais-valia na educação de um jovem, mesmo que ele não seja católico, pois todas as outras dimensões permanecem intactas e são importantíssimas.

A aula de Moral não é um local aborrecido, nem uma disciplina onde se vai "sacar" um cinco para arredondar a média. A aula de Moral é um espaço onde nos podemos enriquecer sobre duas dimensões importantes do ser humano: a religião e a moral. Quem frequenta estas aulas sai de lá mais rico e mais preparado. E normalmente as aulas são de grande qualidade. Não acreditam? Perguntem aos vossos filhos.

Gabriel Vilas Boas

domingo, 21 de abril de 2019

PARA ATRAVESSAR CONTIGO O DESERTO DO MUNDO


Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
sophia de mello breyner andresen

sexta-feira, 19 de abril de 2019

ELES NÃO TÊM FILHOS MAS TÊM O PODER DE DECIDIR O FUTURO DE QUEM OS TEM


















 Recentemente um jornal brasileiro, o Globo, fez um curioso balanço sobre a relação entre quem manda na Europa e a família, especialmente na vertente «ter filhos». Eis algumas conclusões.


MACRON, o presidente francês, não tem filhos.
A chanceler alemã, ANGELA MERKEL, não tem filhos.
A primeira-ministra do Reino Unido, THERESA MAY, não tem filhos.
O primeiro-ministro italiano, PAOLO GENTILONI, não tem filhos.

MARK RUTH, da Holanda, não tem filhos.
STEFAN LOFVEN, da Suécia, não têm filhos.
XAVIER BETTER, do Luxemburgo, não tem filhos.
NICOLA STURGEON, da Escócia, não tem filhos.
JEAN-CLAUDE JUNCKER, presidente da Comissão Europeia, não tem filhos.


Ou seja, um grande parte das pessoas que tomam decisões sobre o futuro da Europa não tem nenhum interesse direto nesse futuro. 
Como pode ser então sensível às políticas de família, às questões ambientais, à harmonização entre vida do trabalho e a vida familiar?
Ter filhos, constituir família parece uma coisa suburbana, fora de moda, um empecilho num mundo apenas pensado e feito para o «aqui e agora», onde só o «eu» conta.
Os europeus andam a escolher gente que pode saber muito de finanças, de economia ou estratégia política, mas pouco sabe de PESSOAS, de VALORES, de FAMÍLIA. 
As coisas só fazem sentido porque existem pessoas. 

terça-feira, 16 de abril de 2019

NÃO QUERIA QUE OS MEUS FILHOS VOLTASSEM A VER-ME PERDER

Uma segunda oportunidade! 
Quem falha redondamente sabe quanto ela é importante. Muitos precisam que esta segunda vez se multiplica para além do razoável, mas poucos percebem que o fundamental é ser o próprio a dar-se uma segunda oportunidade.

Tiger Woods foi (talvez ainda volte a ser) um desportista de eleição, dominando o golfe mundial durante mais de uma década, arrecadando fama, dinheiro, vitórias, até que tudo isso o apanhou, dominou e trucidou. 
De 2009 a 2017, a estrela de Tiger apagou-se por completo. Várias lesões e cirurgias às costas, polémicas relacionadas com um escândalo sexual que lhe custou o fim do casamento, consumo exagerado de álcool e medicamentos, detenção por condução embriagado. O poço de Mr. Woods parecia não ter fim. Mas o golfe havia de o salvar, dando aquela tacada miraculosa, que o fez regressar à vida. Há um ano voltou a competir e agora voltou a vencer outro grande torneio de golfe. 

O mundo do desporto (e não apenas do golfe) comoveu-se com esta recuperação de Tiger, porque sabe (sabia) que só o desportista podia fazer ressuscitar o Homem. Até o arrogante Donald Trump teve um momento de sincera humanidade: 
"Um verdadeiro campeão. Que fantástico regresso à vida deste tipo verdadeiramente genial."
Serena Williams ficou emocionada: "Estou em lágrimas. Tiger tem uma grandeza como mais ninguém". 
Tiger «apenas» venceu o Master Augusta, mas este foi «só» o 15º Major da carreira (o record ainda é de de Jack Nicklaus com 18), mas o mais importante é que parou de se boicotar e derrotar. Pelos filhos ou por si, o essencial é que teve a coragem e a força de inverter o plano inclinado em que a sua vida se convertera.
Gabriel Vilas Boas

sexta-feira, 5 de abril de 2019

QUE GRANDE CROMO!

Há um ano, no Brasil, durante a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, dois assessores de dois deputados foram apanhados a trocar cromos de futebol do Mundial da Rússia/2018. 

O ato caricato e censurável foi fotografado e os dois assessores acabaram demitidos, dado que o ato foi considerado "inadequado, inaceitável, uma falta grave", apesar dos homens serem assessores e não deputados e a troca de cromos ter decorrido "num intervalo da sessão".

Um ano volvido, a polícia francesa prendeu um traficante de cromos! 
O homem de trinta e um anos de idade roubava carteirinhas de cromos nos supermercados e depois vendia-os a colecionadores, chegando a ter um rendimento mensal de 1000 euros. Foi apanhado pela polícia, que encontrou na sua residência mais de sete mil cromos. 
O "cromo" do francês ainda tentou desfazer-se de alguns exemplares, atirando centenas de cromos pela janela, num espetáculo digno de uma comédia italiana do século passado, mas o arsenal apanhado em sua casa confirmou as suspeitas da polícia gaulesa.

Num mundo cheio de figurões que nos roubam à descarada e depois "não se lembram de nada", não deixa de ser irónico que sejam sempre figurinhas menores a ser apanhadas pela polícia, a quem falta argúcia para apanhar os verdadeiros cromos do crime de colarinho branco, que vai minando a confiança das sociedades modernas nas suas imperfeitas democracia.

Gabriel Vilas Boas


terça-feira, 2 de abril de 2019

O PREÇO DA DEMOCRACIA


A bica, curta ou cheia, não é famosa em Londres. É pior ainda no resto do Reino Unido. Mas, por mais palatáveis razões de queixa que tenhamos do café inglês, não o podemos acusar de falta de literacia. 

O Reino Unido tem um povo educado, sabe ler bem, tem bons jornais, a progressiva BBC. Todavia votaram o que votaram no Brexit, por falta de informação. 
Pior: paparam desinformação como se fosse  fish & chips. Votaram contra os seus interesses. Não sabiam o preço a pagar. 
O Brexist bem pode ser o espelho da nossa democracia: o único voto consciente é o voto de quem sabe o que vai comprar e,sobretudo, de quem sabe o preço a pagar.

Manuel S. Fonseca