Hoje, “chumbar” um aluno é quase um sacrilégio. As pressões
e condicionantes são tantas e de todos os lados que a maioria dos professores
acaba por ceder, pois percebe que se trata já de uma batalha perdida.
O Diretor, o pai, a mãe, os colegas, o DT – todos procuram
que o professor aceite transitar o aluno (ou para isso contribua), embora
reconheçam que tal não é justo. E logo daqui emerge uma conclusão – todos nos
empurram para uma avaliação injusta.
Era muito interessante que isto mesmo fosse explicado e
assumido pelos Diretores das Escolas, naqueles discursos engalanados de início
de ano letivo ou durante as distribuições de prémios, menções honrosas,
diplomas, em que temos que levar com toda aquela prosápia da “escola de qualidade,
rigor e excelência”. Poupem-nos!
Voltemos então à questão fundamental: os professores vão
ter que se habituar a não chumbar. Pelo menos até ao 9.º ano.
Sim, vão ter que
largar esse último bastião de poder. É bom que se convençam disso rapidamente,
para sofrer o mínimo possível com a transformação de paradigma que já ocorre na
Escola portuguesa.
Concentremo-nos em ensinar o melhor possível, a todo o tipo
de aluno (e não apenas aqueles que têm mais dificuldades), sendo rigorosos,
atenciosos, objetivos. Deixemos de lado qualquer preocupação com a aprovação e
retenção dos alunos porque isso já não no diz respeito.
Assumamos a política de
aprovação/retenção que o Diretor quer implementar e seremos muito mais felizes.
Pelo caminho até pode acontecer que algum Diretor nos peça que algum aluno
fique retido, pois será preciso credibilizar a Escola, não vão os pais pensar
que na Escola do Diretor X todos os alunos passam, mas pouca gente sabe alguma
coisa.
Entretanto pode ser que alguém se lembre de introduzir
classificações de 1 a 20, desde o 5.ºano de escolaridade, pois não deve ter
graça nenhuma ter um filho na escola, sabendo que fez o ensino básico com as mesmas
notas que aquele que foi progredindo administrativamente.
GAVB