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domingo, 16 de junho de 2019

500 MILHÕES E UMA CENTENA DE MORTES DEPOIS, O SIRESP REGRESSA AO ESTADO



Parece consensual que é bom que o Siresp volta ao domínio do Estado, mas foi preciso morrer gente que devia ter sido salva para ganharmos consciência de que há serviços que não devem sair do controlo do Estado. 

É curioso, mas não surpreendente, não aparecerem agora os paladinos do Privado, como "aqueles que fazem sempre melhor e mais barato que o Público." 
Onde estão eles agora? Não quererão assumir o controle do Siresp? ou de um posto dos correios em cada sede de concelho? Não quererão eles manter abertos os Centros de Saúde dos concelhos do interior do país? Os milhares, provavelmente milhões, que passam a vida a dizer mal do Estado, dos serviços públicos, dos funcionários públicos, não quererão agora assumir que 500 milhões de euros é muito dinheiro para deixar morrer mais de cem pessoas, durante uns dias de incêndios, em Portugal?

A iniciativa privada é importante em qualquer país democrático e com economia de mercado, mas não se pode confundir isso com mesquinhez, inveja, deficiente visão da realidade. É preciso ter a clara noção daquilo que a sociedade nunca deve abrir mão, sob pena de se dissolver.

A saúde privada, a segurança privada, o ensino privado, a proteção civil privada, a justiça privada, a eletricidade privada, a água privada, os serviços de transporte privados, os museus privados, as praias privadas... No fundo, para que precisamos que exista governo, país, território, língua, se o povo quer pôr tudo à venda?

GAVB

quarta-feira, 28 de junho de 2017

SIRESPALHADA


António Costa, que há uma década homologou o fabuloso contrato do SIRESP (Sistema integrado de Redes de Emergência e Segurança em Portugal) acaba de afirmar, no Parlamento, que o SIRESP baseia o seu sistema de comunicação entre as diferentes zonas do país a partir dos cabos da MEO e que quando estes ardem ou são destruídos, a rede SIRESP funciona em modo local. Só não esclareceu o que era “modo local”, mas para o SIRESP quer dizer por “walkie-talkie”.  

Quer dizer, andamos nós a pagar 500 milhões de euros para, em caso de incêndio, termos à disposição um sistema de comunicações de emergência que se baseia no walkie-talkie. 
Foi isto que Daniel Sanches e Bagão Félix compraram em 2005, por mais de 500 milhões de euros, quando o país já estava de tanga, como dizia Durão Barroso? Talvez fosse um pouco mais eficaz e a culpa seja de António Costa que em 2006 conseguiu renegociar o contrato com a SLN (sim, aquela Sociedade Lusa de Negócios onde trabalhou antes e depois de ser ministro Daniel Sanches e a mesma que era a dona do BPN, esse banco exemplar que nos custou a perda dos dois salários anuais durante uns anitos), pagando um pouco menos a troco da dispensa de algumas funcionalidades do sistema.

Na verdade, o SIRESP funciona tão bem que até falha a comunicação dentro do Colombo ou do Meo Arena. Não é a primeira vez que o SIRESP falha. Em 2013, durante um forte temporal, o SIRESP esteve igual a si próprio e não funcionou, pondo em causa a atuação INEM.
Acho que todo o país já percebeu o que foi e o que é o SIRESP – uma gigantesca fraude enquanto sistema de redes de emergência e segurança, que serviu para lesar o Estado português em centenas de milhões de euros, em mais uma grande negociata, daquelas que levaram o país para o fundo.
O SIRESP já não tem solução nem préstimo e disso já nos deu todas as provas. Há mais que razões para rescindir contrato e prescindir dos seus serviços. Ficamos desprotegidos em caso de catástrofe? Nós já estamos desprotegidos, nós sempre tivemos desprotegidos... e a pagar para isso.

GAVB