Amanhã, dia 9 de junho, o
escritor angolano José Eduardo Agualusa lançará o seu mais recente romance “A
sociedade dos sonhadores involuntários”. Apesar de ser um romance sobre sonhos
e que procura demonstrar como estes nos preparam para a realidade, organizando
as nossas reações, o escritor de “Traidor Simultâneo” assume que o seu novo
romance é um romance político. Obviamente sobre Angola, claramente sobre o
futuro próximo do país africano que os portugueses mais amam.
Nas últimas semanas, no twitter, Isabel dos
Santos e Luaty Beirão discutiam abertamente sobre que tipo de líder deve ter
Angola no futuro. Ainda que acuse Luaty Beirão, há na intervenção da mulher
mais poderosa de África o reconhecimento implícito da liderança cívica que Luaty
corporiza junto da juventude angolana.
Quando Isabel dos Santos cita a antiga primeira-dama
norte-americana Eleonor Roosevelt “Grandes mentes discutem ideias; mentes
medianas discutem eventos; mentes pequenas discutem pessoas” queria atingir
Luaty, mas na verdade apenas o chamou para a luta mediática e ideológica que
ela quer travar com ele. O que na verdade ela pensa de Luaty é aquilo que o seu
marido disse, quando o elogiou como um exemplo de verticalidade e coragem do
homem angolano.
A resposta de Luaty não se fez
esperar, também através do twitter, e evocando outra autoridade moral – William
Ellary Channing – “A grandes mentes fazem os outros grandes!”
Angola está a precisar deste
debate. Era bom que o MPLA deixasse Isabel dos Santos ir à luta e que o regime
permitisse que Luaty pudesse enfrentar a filha do presidente em campo aberto e
leal. Talvez seja uma oportunidade para Angola deixar que os dois se defrontem,
a começar pelas redes sociais, depois através da imprensa internacional e
finalmente nas urnas, em eleições livres e democráticas.
Isabel prepara-se para assumir
a herança do pai, mas não tem que assumir a herança do MPLA, Luaty Beirão
representa o sonho da juventude angolana, que rejeita os jogos de poder, o
nepotismo e a corrupção do regime.
Hoje a democracia reside no
modo irreprimível como as ideias passam através das redes sociais, da imprensa
estrangeira, da coragem de quem escreve sobre a realidade servindo-se ou não da
capa da ficção. Isabel dos Santos já descobriu isso e desafiou Luaty Beirão
para a luta.
Era bom que mantivesse o desafio até ao fim, porque Angola precisa
urgentemente de voltar a sonhar consigo. E como diria José Eduardo Agualusa “Lutar
contra os sonhos é como lutar contra a correnteza de um rio”.
GAVB
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