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quinta-feira, 15 de junho de 2017

QUANDO PERDES NÃO TENS PRESSA DE IR A LADO NENHUM*


A não ser que seja apenas um jogo ou somente mais um jogo. Todavia a vida não é «apenas» nem tu somente «mais um» ou sequer um «jogo», porque no jogo podemos admitir perder, mas na vida não. E no entanto, perdemos… Por vezes, de maneira clamorosa e calamitosa. É nessa altura que não nos apetece ir a lado nenhum e deixamos de ter pressa. A pressa ou a vontade, quando nos des(ligam a) ilusão.

Tendemos a acreditar que não há mais balões tão bonitos como aquele que rebentou. Não é verdade! Apenas não haverá mais aquele balão, mas haverá mais balões tão ou mais bonitos… assim queiram os olhos do coração. E esses são tão teimosos como pouco inteligentes. Deixá-los! Um dia hão de cansar-se da sua miopia, especialmente se não lhe dermos toda a atenção.

Entretanto, o melhor é concentrarmo-nos na derrota com os olhos da razão. Vamos vê-la em perspetiva. (É essa a técnica que usamos com os outros e costuma resultar)
Concluiremos, então, que precisamos de tempo, mas não de ficarmos parados. Sim, não há pressa, mas apenas a necessidade primordial de continuar a caminhar, para que a vida nos traga novas ilusões que encherão novos balões. Um dia irão rebentar também ou talvez sejas tu a rebentar com eles.
Então esta derrota foi «apenas só mais uma». “Foi”… todo o pretérito deve ser perfeito.

E como chegar à perfeição? Devagar, porque temos pressa.
GAVB

* Título do primeiro romance de Dulce Garcia, subdiretora da revista Sábado

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