Para amanhã a Fenprof decretou uma greve dos professores.
Os fundamentos são conhecidos de toda a classe docente (descongelamento na progressão na carreira; condições favoráveis na aposentação; novo concurso extraordinário de vinculação de professores; definição correta do que é letivo e não letivo no horário do professores) enquanto o resto da população faz uma vaga ideia do problema.
Obviamente é uma greve aos exames, porque é a única coisa (em teoria) que fará o ME atender a algumas reivindicações dos docentes.
Professores, pais, alunos e restante população fazem questão
de afirmar a sua posição face à greve dos docentes à vigilância aos exames (e
não só) assim como à lealdade/união dos colegas face à luta em causa.
Absolutamente inútil.
Uma greve é para incomodar e causar mossa. A dos professores adia exames, a dos médicos adia operações. Os professores têm todo o direito a lutar por aquilo que consideram justo para a sua classe, independentemente de haver classes em melhor ou pior posição, caso contrário, médicos e juízes, por exemplo, nunca podiam lutar por melhores condições salariais ou de trabalho. Por outro lado, convém esclarecer que tanto é bom colega e bom professor aquele que faz greve como aquele que não faz. Vamos deixar de fazer juízos morais sobre os outros e passar a respeitar a sua avaliação das condições da greve.
No entanto, como disse, nada disto é relevante face ao que
interessa – a greve de docentes de amanhã tem condições para ter êxito?
Infelizmente, acho que não. Os motivos são vários e poderosos.
Em primeiro lugar, porque a circunstância emocionalmente
dolorosa que o país atravessa, por causa da tragédia de Pedrógão faz parecer
tudo o resto pequeno e insignificante (e tinha de ser): exames, jogos das
seleções, prisões de autarcas e altos dirigentes desportivos por corrupção, as
birras de Ronaldo com o fisco espanhol, as greves dos professores,….
Em terceiro lugar, porque as reivindicações, ainda que
justas, são facilmente rebatíveis pela tutela. Vejamos:
Vinculação
extraordinária de professores? Ainda
agora fizemos uma! E prometemos fazer mais, só não sabemos quando! Além do
mais, o número de alunos está a diminuir… e nenhum governo vinculou tantos
contratados como nós na última década.
Descongelamento
das carreiras? Claro
que sim. Para vocês e para todos na função pública, mas não temos dinheiro.
Ainda agora estamos a acabar com a sobretaxa, imaginem! Depois virá a descida
suave no IRS e finalmente o descongelamento nas carreiras, nas não agora. Não é
não querer, é não poder.
Condições
especiais de aposentação? Sim,
reconhecemos o vosso desgaste físico e psicológico, mas não temos dinheiro para
mais pensões. Além do mais, falando em desgaste, os enfermeiros têm mais e
também aguentam…
Reorganização do vosso horário de trabalho? Ok,
nisso vocês têm razão. Mas isso é um pormenor e não nos apetece ceder em nada.
Vai ser uma derrota em toda a linha e ninguém vai reparar que nisto fomos
mauzinhos…
Quando se vai para uma greve vai-se para uma luta. Devemos assegurar-nos que temos condições de ganhar ou pelo menos de não perder em toda a linha. Ora, isso não está assegurado na greve de amanhã.
GAVB
não temos dinheiro, não temos dinheiro... para alguns não há, não...
ResponderEliminarTudo tretas...