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terça-feira, 20 de junho de 2017

GREVE DOS PROFESSORES TEM TUDO PARA CORRER MAL


Para amanhã a Fenprof decretou uma greve dos professores. 
Os fundamentos são conhecidos de toda a classe docente (descongelamento na progressão na carreira; condições favoráveis na aposentação; novo concurso extraordinário de vinculação de professores; definição correta do que é letivo e não letivo no horário do professores) enquanto o resto da população faz uma vaga ideia do problema.

Obviamente é uma greve aos exames, porque é a única coisa (em teoria) que fará o ME atender a algumas reivindicações dos docentes.
Professores, pais, alunos e restante população fazem questão de afirmar a sua posição face à greve dos docentes à vigilância aos exames (e não só) assim como à lealdade/união dos colegas face à luta em causa. Absolutamente inútil.

Uma greve é para incomodar e causar mossa. A dos professores adia exames, a dos médicos adia operações. Os professores têm todo o direito a lutar por aquilo que consideram justo para a sua classe, independentemente de haver classes em melhor ou pior posição, caso contrário, médicos e juízes, por exemplo, nunca podiam lutar por melhores condições salariais ou de trabalho. Por outro lado, convém esclarecer que tanto é bom colega e bom professor aquele que faz greve como aquele que não faz. Vamos deixar de fazer juízos morais sobre os outros e passar a respeitar a sua avaliação das condições da greve.
No entanto, como disse, nada disto é relevante face ao que interessa – a greve de docentes de amanhã tem condições para ter êxito? Infelizmente, acho que não. Os motivos são vários e poderosos.
Em primeiro lugar, porque a circunstância emocionalmente dolorosa que o país atravessa, por causa da tragédia de Pedrógão faz parecer tudo o resto pequeno e insignificante (e tinha de ser): exames, jogos das seleções, prisões de autarcas e altos dirigentes desportivos por corrupção, as birras de Ronaldo com o fisco espanhol, as greves dos professores,….

Em segundo lugar, temos a pouca convicção dos professores nesta greve. Entre os professores há a intuição que ela não produzirá efeitos palpáveis, até porque a Fenprof passa uma imagem de fragilidade negocial ao tentar a todo o transe um acordo com o ME para a desconvocação da greve, quase ao estilo de pedido - “deem-nos lá qualquer rebuçadinho para desconvocar-nos isto”. O ME já percebeu isso e está tranquilo na sua irredutível posição de força.

Em terceiro lugar, porque as reivindicações, ainda que justas, são facilmente rebatíveis pela tutela. Vejamos:
Vinculação extraordinária de professores? Ainda agora fizemos uma! E prometemos fazer mais, só não sabemos quando! Além do mais, o número de alunos está a diminuir… e nenhum governo vinculou tantos contratados como nós na última década.
Descongelamento das carreiras? Claro que sim. Para vocês e para todos na função pública, mas não temos dinheiro. Ainda agora estamos a acabar com a sobretaxa, imaginem! Depois virá a descida suave no IRS e finalmente o descongelamento nas carreiras, nas não agora. Não é não querer, é não poder.
Condições especiais de aposentação? Sim, reconhecemos o vosso desgaste físico e psicológico, mas não temos dinheiro para mais pensões. Além do mais, falando em desgaste, os enfermeiros têm mais e também aguentam…
Reorganização do vosso horário de trabalho? Ok, nisso vocês têm razão. Mas isso é um pormenor e não nos apetece ceder em nada. Vai ser uma derrota em toda a linha e ninguém vai reparar que nisto fomos mauzinhos…

Quando se vai para uma greve vai-se para uma luta. Devemos assegurar-nos que temos condições de ganhar ou pelo menos de não perder em toda a linha. Ora, isso não está assegurado na greve de amanhã.

GAVB

1 comentário:

  1. não temos dinheiro, não temos dinheiro... para alguns não há, não...
    Tudo tretas...

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