Já passaram mais de 72 horas
sobre o exame de Português de 12.º ano e a PGR diz que ainda não recebeu nenhuma
denúncia de possível fraude. Se ainda não surgiu, provavelmente não irá surgir.
Nas últimas 48 horas, vários órgãos de informação fizeram eco de uma denúncia
formal de Miguel Bagorro, professor, ao Ministério da Educação e ao Júri Nacional
de Exames, tendo por base uma gravação áudio, com data de sábado (dois dias
antes do exame), onde uma aluna aludia às matérias que seriam testadas no exame
nacional de Português do 12.º ano. Para sorte dela e de todos aqueles que
tiveram acesso à informação e nela acreditaram, parece que bateu a bota com a
perdigota.
Se a rapariga teve acesso
indevidamente a informação privilegiada será difícil de provar, pois não estou
a ver ninguém do IAVE a assumir tal indignidade. No entanto, à mulher de César
(ME e Júri Nacional de Exames) não basta ser séria, também tem de o parecer, e
neste caso nada do que veio a público parece sério.
Fonte do IAVE disse ontem ao
Diário de Notícias que as denúncias chegadas iam ser enviadas à PGR, mas hoje, à hora do fecho
do expediente, nada tinha chegado. Amanhã é sexta-feira… se houvesse mesmo
intenção de investigar seriamente, para admitir tomar uma posição radical
(anular a prova), o caso já devia estar no MP – não está!
A maioria dos alunos não
acredita na anulação da prova, embora desconfie da possível batota de alguns. Ora,
esta é uma imagem de enorme fragilidade que os Ministérios da Educação e da
Justiça dão aos nossos jovens. Querem que eles acreditem num estado de direito,
se o seu primeiro contacto com o mundo dos adultos é feito através de uma
suspeita de fraude que os pode ter prejudicado?
Muitos argumentam que as datas
dos outros exames e os prazos de candidatura ao ensino superior não deixam outra
alternativa que não seja abafar o caso e deixar que o interesse mediático se
vire para outro lado.
Mesmo que o ME quisesse anular
a prova, como a substituiria? Outra prova tinha de ser executada nos próximos
sete dias, para que os professores tivessem tempo de a corrigir! Fazer valer a
2.ª chamada como primeira, está fora de hipótese, pois ela acontece um dia antes
do início das candidaturas à universidade…
O sistema parece feito para
que as fraudes, por mais evidentes que possam parecer ou ser, não passem de
boatos!
É pena que os jovens aprendam
tão cedo os truques manhosos de quem tinha obrigação de ser e parecer honesto.
GAVB
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