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sexta-feira, 16 de junho de 2017

POPULARIDADE, A DOENÇA SOCIAL


Recentemente, o psicólogo Mitch Prinstein, num artigo chamado “Cracking the popularity Code”, refere que existem dois tipos de popularidade – uma que afeta mais as crianças e tende a ser proporcionada pelo reconhecimento efetivo dos outros e outra, que ocorre na adolescência, e que tem mais em conta o status (visibilidade, influência, poder).
Infelizmente, diz Prinstein, a cultura atual tirou bilhete para a pior das duas e as consequências começam a ser visíveis na vida de cada um.
Não vale a pena verberar contra a cultura do endeusamento da popularidade, ridicularizá-la, classificá-la de doença de adolescente. Seria um desperdício de tempo, esforço e falhar claramente o alvo.
A popularidade é a doença da sociedade atual porque atingiu em cheio os adultos. Aquela faixa etária entre os 25 e os 45/50, onde não é possível obter qualquer desculpa ou desconto para os nossos comportamentos.
É verdade que a questão começa na adolescência (ou até antes), se desenvolve na juventude, mas só adquire moldes profissionais na fase adulta. 


A popularidade hoje é quase tudo o que conta. Uma grande maioria antes quer ser popular que rico. Ainda que inconscientemente a popularidade transporta uma enorme sensação de juventude, sedução, influência e até poder. Quem se sente popular transmite uma grande confiança, autoestima, satisfação. O reverso da medalha é horrível: falta de confiança, tristeza, depressão. Não há meio-termo, porque ninguém é meio popular/meio desconhecido.

A popularidade tornou-se numa espécie de elixir da eterna juventude. Cada semana que passa procuramos doses cada vez mais intensas dessa sensação de felicidade instantânea. Basta ver a frequência com que mudamos de foto de perfil no facebook, em busca de mais e mais gostos, de mais e mais comentários elogiosos; ou então repararmos na profusão de fotos altamente produzidas e cuidadosamente selecionadas com que quase diariamente atualizamos o Instagram.

E como dá trabalho a popularidade! Estar sempre atento ao que está in e out, fazer um gestão cuidada do que se diz e pensa, dos eventos em que se comparece, das fotos que se publica.

É um erro crasso rirmo-nos disto ou achar que apenas acontece aos outros, que têm uma cabeça de vento. 
Partindo do princípio que todos trazemos um pouco de vaidade incorporada, talvez não seja má ideia pensarmos que se ainda somos nós que dominamos o desejo compulsivo de popularidade ou é já ele que nos domina.

GAVB 

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