Recentemente, o psicólogo Mitch Prinstein, num artigo
chamado “Cracking the popularity Code”, refere que existem dois tipos de
popularidade – uma que afeta mais as crianças e tende a ser proporcionada pelo
reconhecimento efetivo dos outros e outra, que ocorre na adolescência, e que
tem mais em conta o status (visibilidade,
influência, poder).
Infelizmente, diz Prinstein, a cultura atual tirou bilhete
para a pior das duas e as consequências começam a ser visíveis na vida de
cada um.
Não vale a pena verberar contra a cultura do endeusamento da
popularidade, ridicularizá-la, classificá-la de doença de adolescente. Seria um
desperdício de tempo, esforço e falhar claramente o alvo.
A popularidade é a doença da sociedade atual porque
atingiu em cheio os adultos. Aquela faixa etária entre os 25 e os 45/50, onde
não é possível obter qualquer desculpa ou desconto para os nossos
comportamentos.
É verdade que a questão começa na adolescência (ou até
antes), se desenvolve na juventude, mas só adquire moldes profissionais na fase
adulta.
A popularidade hoje é quase tudo o que conta. Uma grande maioria antes
quer ser popular que rico. Ainda que inconscientemente a popularidade
transporta uma enorme sensação de juventude, sedução, influência e até poder.
Quem se sente popular transmite uma grande confiança,
autoestima, satisfação. O reverso da medalha é horrível: falta de confiança,
tristeza, depressão. Não há meio-termo, porque ninguém é meio popular/meio
desconhecido.
A popularidade tornou-se numa espécie de elixir da eterna
juventude. Cada semana que passa procuramos doses cada vez mais intensas dessa
sensação de felicidade instantânea. Basta ver a frequência com que mudamos de
foto de perfil no facebook, em busca de mais e mais gostos, de mais e mais
comentários elogiosos; ou então repararmos na profusão de fotos altamente
produzidas e cuidadosamente selecionadas com que quase diariamente atualizamos
o Instagram.
E como dá trabalho a popularidade! Estar sempre atento ao
que está in e out, fazer um gestão cuidada do que se diz e pensa, dos eventos em
que se comparece, das fotos que se publica.
É um erro crasso rirmo-nos disto ou achar que apenas acontece
aos outros, que têm uma cabeça de vento.
Partindo do princípio que todos
trazemos um pouco de vaidade incorporada, talvez não seja má ideia pensarmos
que se ainda somos nós que dominamos o desejo compulsivo de popularidade ou é já ele que
nos domina.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário