No Dia Mundial da Criança, o jornal «O Público» trazia, num
canto da primeira página, uma notícia triste, inesperada… chocante: “no último
ano, 43 crianças adotadas foram devolvidas! Cerca de metade delas tinha
menos de dois anos”.
DEVOLVIDAS! Exatamente como um objeto a quem detetamos um
defeito ou sobre o qual perdemos o interesse.
“Eh pá! Desculpem lá, mas enganei-me! Já não queremos
brincar mais às mães e aos pais! Esta coisa dá muito trabalho! A criança chora
muito; não nos deixa sair com os amigos; dá uma despesa danada! Olhem, já não o
quero mais! Fiquem com ele! Foi uma experiência gira, mas ser pai e mãe não é
para mim!”
Quarenta e três devoluções! O número não está errado! Dá quase
uma devolução por semana!
O problema não pode estar só nas instituições que decidem
confiar naquele casal que tanto queria adotar aquele bebé. O problema tem de
estar em quem acha que quer adotar e poucos meses depois muda radicalmente de
opinião. Decidir adotar uma criança tem de ser uma decisão ponderada,
amadurecida, consciente de todas as implicações emocionais, sociais,
financeiras envolvidas. Está em causa a vida de alguém que já sofreu uma separação
afetiva e não pode, não deve sofrer mais nenhuma.
Quem brinca às adoções como se de uma peça de vestuário se
tratasse não merece muito respeito da comunidade, ainda que a sua ação não
constitua crime algum.
O inusitado número de crianças adotadas devolvidas no
último ano deve merecer das instituições que promovem a adoção uma reflexão
sobre os critérios de atribuição da adoção a casais candidatos.
Só num ano mais de quatro dezenas de crianças ficaram
emocionalmente marcadas por mais uma rejeição. Ninguém é capaz de calcular a
extensão dos danos, mas certamente eles serão grandes.
«Se não
podes ajudar, não prejudiques!»
GAVB
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