Etiquetas

Mostrar mensagens com a etiqueta Dia Mundial da Criança. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Dia Mundial da Criança. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 1 de junho de 2017

ADOTAR À EXPERIÊNCIA


No Dia Mundial da Criança, o jornal «O Público» trazia, num canto da primeira página, uma notícia triste, inesperada… chocante: “no último ano, 43 crianças adotadas foram devolvidas! Cerca de metade delas tinha menos de dois anos”.
DEVOLVIDAS! Exatamente como um objeto a quem detetamos um defeito ou sobre o qual perdemos o interesse.

“Eh pá! Desculpem lá, mas enganei-me! Já não queremos brincar mais às mães e aos pais! Esta coisa dá muito trabalho! A criança chora muito; não nos deixa sair com os amigos; dá uma despesa danada! Olhem, já não o quero mais! Fiquem com ele! Foi uma experiência gira, mas ser pai e mãe não é para mim!”


Quarenta e três devoluções! O número não está errado! Dá quase uma devolução por semana!
O problema não pode estar só nas instituições que decidem confiar naquele casal que tanto queria adotar aquele bebé. O problema tem de estar em quem acha que quer adotar e poucos meses depois muda radicalmente de opinião. Decidir adotar uma criança tem de ser uma decisão ponderada, amadurecida, consciente de todas as implicações emocionais, sociais, financeiras envolvidas. Está em causa a vida de alguém que já sofreu uma separação afetiva e não pode, não deve sofrer mais nenhuma.

Quem brinca às adoções como se de uma peça de vestuário se tratasse não merece muito respeito da comunidade, ainda que a sua ação não constitua crime algum.
O inusitado número de crianças adotadas devolvidas no último ano deve merecer das instituições que promovem a adoção uma reflexão sobre os critérios de atribuição da adoção a casais candidatos.
Só num ano mais de quatro dezenas de crianças ficaram emocionalmente marcadas por mais uma rejeição. Ninguém é capaz de calcular a extensão dos danos, mas certamente eles serão grandes.
«Se não podes ajudar, não prejudiques!»

GAVB 

quarta-feira, 1 de junho de 2016

BRINCAR É TÃO IMPORTANTE COMO APRENDER


Criança conjuga-se maravilhosamente com Brincar. Brincar sem mais, pelo prazer da brincadeira, do jogo, da companhia, sem hora nem lugar marcado.
Brincar explorando os sentidos, os instintos, a natureza. Brincar sem complexos nem medos absurdos.
Hoje as crianças constroem as suas histórias, as suas personalidades ligando-se à escola: jardim-de-infância, escola do 1.o ciclo, do 2.º e do 3.º, escola secundária, faculdade. Toda uma vida cronometrada, dirigida, organizada, como se houvesse desde sempre a palavra responsabilidade ao lado do vocábulo liberdade, como se brincar trouxesse sempre o aprender atrás.

Claro que é bom aprender; é óbvio que o sonho de qualquer pai ou professor é que as crianças aprendam com prazer e isso normalmente faz-se trazendo a brincadeira para a aprendizagem. No entanto, é necessário deixar a criança brincar pelo prazer de brincar. Deixar que a natureza infantil dos jovens se cumpra sem pressas nem desejos apressados de atingir quiméricas metas sem grande préstimo.
Quando o tema da escola pública de qualidade volta novamente ao debate mediático, talvez não fosse má ideia perguntar às crianças, aos adolescentes portugueses o que falta nas suas escolas.

O que oferece uma escola pública portuguesa a uma criança de 8/10/12 anos para ela se distrair/ divertir nos seus tempos livres? Na maioria dos casos, um enorme salão vazio e umas cadeiras desconfortáveis espalhadas pelo espaço e pouco mais! E se lhes apetecer pintar, desenhar, danças, nadar, cantar? Pois… É também por isso que muitos pegam no telemóvel, abrem o youtube e sonham, através de um ecrã minúsculo, ser a cantora da moda, a bailarina ou o jogador de futebol. 
Todavia, se lhes fosse possível escolher, eles gostavam de ocupar as suas tardes, num anfiteatro confortável ou num polivalente bem equipado, dando expressão ao seu talento ou simplesmente ao desejo que o seu corpo tem de BRINCAR.

Gabriel Vilas Boas 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA: SAIBA A SINFONIA DOS BRINQUEDOS



O dia um de junho é um dia maravilhoso. Como diria Arnaldo Antunes naquela maravilhosa letra que Adriana Partimpim canta coma a doçura de uma verdadeira criança, "SAIBA – todo o mundo já foi criança (…) e até você e eu.”
Não é a música da minha infância, mas é a música que mais ternura me inspira.
A música e as crianças são um par que combinam na perfeição. Muitos de nós aprendemos a falar a cantar, outros descobriram o mundo através dos sons musicais e há ainda o caso daqueles que voltaram a sentir a inocência e a felicidade infantis através da música.
Hoje proponho duas músicas: SAIBA, de Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes e A SINFONIA DOS BRINQUEDOS, de Leopold Mozart, nada mais nada menos que o pai do célebre Wolfgang Amadeus Mozart.
A canção da dupla brasileira é dirigida à “criança que há, houve e haverá” sempre em cada um de nós. É uma canção-reflexão, que pretende que não nos esqueçamos que da pureza infantil que tínhamos em muitas das nossas decisões adultas.



A segunda canção – Sinfonia dos Brinquedos - é para desfrutarmos com os nossos amigos de palmo e meio. Mostrar-lhe como a música é um reino também deles, apesar de mais ou menos erudita. Talvez comecem assim a compreender quanto erudição, beleza e sabedoria há nas coisas simples.
Durante anos pensou-se que o autor desta sinfonia seria Haydn, mas, na verdade, o pai desta criança estava já muito traquejado na criação de “obras-primas”.
A grande novidade da sinfonia de Leopold Mozart é a utilização dos brinquedos como instrumentos, além dos próprios instrumentos tradicionais.
O resultado é muito engraçado e melodioso, sobressaindo som dos pássaros e da água, numa paleta de sons muito agradáveis.
Antes de terminar, lanço-vos um desafio: qual a música que mais associam à vossa infância?
Gabriel Vilas Boas

domingo, 1 de junho de 2014

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA


Hoje é o dia Mundial da Criança. Centenas de iniciativas pelo país fora assinalaram a data. Hoje as muitas crianças foram a prioridade dos adultos e o dia foi mais colorido e cheio de felicidade.  
Seria um lugar-comum sem graça e uma hipocrisia barata acrescentar que “era bom que todos os dias fossem dia da criança”. Na minha opinião, as crianças precisam que as deixem ser crianças enquanto são crianças. Parece simples, mas todos sabemos que as coisas simples são as mais difíceis de concretizar.
O que noto é que muitas crianças não têm a oportunidade de viver a sua infância. Ou porque lhes falta tudo ou por que têm tudo. Todas as idades são importantes e… diferentes. Não devemos antecipar crescimentos ou fazer da infância uma cópia antecipada da juventude ou da idade adulta.
A infância tem características próprias que devemos preservar se gostamos das crianças com que nos deparamos, sejam elas nossas filhas ou não. A infância é sinónimo de descoberta, inocência, bondade, partilha, credulidade, alegria, brincadeira, sociabilidade, contacto com a natureza. É tempo de ter tempo, do relógio não ter pressa, da exigência e da pressão serem aspetos a construir e não a cobrar.  
Jorge Amado lamentava no prelúdio do seu “Gato Malhado e Andorinha Sinhá” que hoje as crianças “já nascem sabendo tudo”, mas que isso não as torna crianças felizes ou adultos contentes, antes pelo contrário. Saint-Exupéry dedicava o seu “Principezinho” à criança que essa pessoa (certo amigo) crescida já foi. Estes dois grandes escritores do século XX entendem o mesmo: é necessário deixarmos a criança viver a sua infância. É um período da sua vida muito bonito e muito relevante. Num certo sentido, nele se formam os alicerces da sua personalidade. A criança precisa de experienciar a liberdade da sua inocência; descobrir os outros, o mundo e a si própria; construir o seu sistema de valores, a sua noção do certo e do errado, sem que isso seja manipulado pelo interesse, pelo socialmente correto ou pela vontade dos adultos.


Claro que precisarão de alguém que os acompanhe, que lhes sirva de guia ou lhes corrija a rota. No entanto, é preciso ter a noção que isso se faz com atenção, tempo e dedicação, não com smartphones, Ipods, tablets ou viagens guiadas aos centros comerciais. A verdadeira alegria das crianças é a genuína atenção dos adultos. Não apenas dos pais ou dos familiares mais chegados, mas de todos os adultos. Nas escolas, nas leis que aprovamos, nos programas de televisão que construímos, nos modelos de vida que lhes metemos pelos olhos adentro ou omitimos. Elas não precisam dum trabalho apressado, mas dum trabalho bem feito. Não são elas que têm pressa de ser importantes embora tenham fome de futuro.   
O superior interesse das crianças com que enchemos a boca com frequência é algo diferente do nosso pequenino egoísmo. É um trabalho paciente e consciente que fazemos com elas e para elas. Não é trabalho para termos lucro, é trabalho para termos orgulho.

Gabriel Vilas Boas