Hoje é o dia Mundial da Criança. Centenas de iniciativas pelo país fora assinalaram a data. Hoje as muitas crianças foram a prioridade dos adultos e o dia foi mais colorido e cheio de felicidade.
Seria um lugar-comum sem graça e uma hipocrisia barata acrescentar que “era bom que todos os dias fossem dia da criança”. Na minha opinião, as crianças precisam que as deixem ser crianças enquanto são crianças. Parece simples, mas todos sabemos que as coisas simples são as mais difíceis de concretizar.
O que noto é que muitas crianças não têm a oportunidade de viver a sua infância. Ou porque lhes falta tudo ou por que têm tudo. Todas as idades são importantes e… diferentes. Não devemos antecipar crescimentos ou fazer da infância uma cópia antecipada da juventude ou da idade adulta.
A infância tem características próprias que devemos preservar se gostamos das crianças com que nos deparamos, sejam elas nossas filhas ou não. A infância é sinónimo de descoberta, inocência, bondade, partilha, credulidade, alegria, brincadeira, sociabilidade, contacto com a natureza. É tempo de ter tempo, do relógio não ter pressa, da exigência e da pressão serem aspetos a construir e não a cobrar.
Jorge Amado lamentava no prelúdio do seu “Gato Malhado e Andorinha Sinhá” que hoje as crianças “já nascem sabendo tudo”, mas que isso não as torna crianças felizes ou adultos contentes, antes pelo contrário. Saint-Exupéry dedicava o seu “Principezinho” à criança que essa pessoa (certo amigo) crescida já foi. Estes dois grandes escritores do século XX entendem o mesmo: é necessário deixarmos a criança viver a sua infância. É um período da sua vida muito bonito e muito relevante. Num certo sentido, nele se formam os alicerces da sua personalidade. A criança precisa de experienciar a liberdade da sua inocência; descobrir os outros, o mundo e a si própria; construir o seu sistema de valores, a sua noção do certo e do errado, sem que isso seja manipulado pelo interesse, pelo socialmente correto ou pela vontade dos adultos.
Claro que precisarão de alguém que os acompanhe, que lhes sirva de guia ou lhes corrija a rota. No entanto, é preciso ter a noção que isso se faz com atenção, tempo e dedicação, não com smartphones, Ipods, tablets ou viagens guiadas aos centros comerciais. A verdadeira alegria das crianças é a genuína atenção dos adultos. Não apenas dos pais ou dos familiares mais chegados, mas de todos os adultos. Nas escolas, nas leis que aprovamos, nos programas de televisão que construímos, nos modelos de vida que lhes metemos pelos olhos adentro ou omitimos. Elas não precisam dum trabalho apressado, mas dum trabalho bem feito. Não são elas que têm pressa de ser importantes embora tenham fome de futuro.
O superior interesse das crianças com que enchemos a boca com frequência é algo diferente do nosso pequenino egoísmo. É um trabalho paciente e consciente que fazemos com elas e para elas. Não é trabalho para termos lucro, é trabalho para termos orgulho.
Gabriel Vilas Boas
Concordo!
ResponderEliminarSIM, EU PENSO COMIGO... QUE MUNDO MARAVILHOSO!!! É NECESSÁRIO DEIXARMOS AS CRIANÇAS VIVER A SUA INFÂNCIA! O TRABALHO FEITO COM ELES, É COM MUITO AMOR, DEDICAÇÃO, ALEGRIA E MUITO ORGULHO!!! AMEI, O TEXTO E O VÍDEO GABRIEL! PARABÉNS.
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