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sábado, 28 de junho de 2014

MALÉFICA



   Mesmo as histórias mais perfeitas, em que tudo acaba bem e os heróis têm o final que todos desejam, têm o seu lado B. A Maléfica é o lado B do clássico da Disney “Bela Adormecida”. Aqui a protagonista é uma vilã – Maléfica – que, traída pelo amor da sua vida, lança-se numa demanda vingativa tão grande que só a beleza dum amor puro consegue aplacar.
  A fada Maléfica (Angelina Jolie) vive em Moors, uma terra recheada de criaturas mágicas que faz vizinhança com um reino humano. Quando o humano Stefan (Sharlto Copley) trai Maléfica, cortando-lhe as asas, para se tornar rei, a fada decide proteger Moors a todo o custo e vingar-se de Stefan com uma maldição sobre Aurora (Elle Fanning), a princesa recém-nascida. Com os anos, Aurora revela-se muito diferente do que Maléfica esperava, mas pode ser tarde para corrigir o seu erro.

   A Maléfica interpretada por Angelina Jolie não é a personificação do mal que podíamos estar à espera. Ela é capaz dos comportamentos mais antagónicos: revelar-se bondosa e tirana, vingativa e justa. As reações e os diferentes estados de Maléfica provam que a sua alma é humana, destinada a comportar-se impulsivamente, o que a torna muito mais aceitável aos olhos do público que assim se pode rever nela em alguns trechos do filme. Esta dicotomia entre heroísmo e maldade mostra uma tendência cada vez mais vincada na filmologia atual para mostrar as razões que levaram os vilões a tornarem-se maus, como se houvesse sempre uma explicação para o mal que praticam. No fundo, é a destruição da ideia tão infantil de que o mundo é a preto e branco. Talvez por essa razão, Maléfica nunca chega a ser tão má quanto alguns momentos sugerem que possa vir a ser e o humor abunda muito mais do que se imaginaria.


  A reviravolta na história amplifica a utilidade de Angelina Jolie como protagonista. A voz suave e enternecedora contrasta com o tom ameaçador e endiabrado de algumas falas. Jolie encarna bem o papel de Maléfica e tem uma atuação de grande valor.
   Os efeitos visuais à volta da protagonista são muito trabalhados, até em demasia para aquilo que esta história exigia. O mais eficaz efeito especial em Maléfica é, contudo, a majestosa e sarcástica Angelina Jolie como uma fada princesa enganada e vingativa que vai espantar audiências, especialmente as adolescentes. A figura escultural de Jolie e a sua cara memorável foram realçadas com a magia dos efeitos especiais. As suas bochechas verdadeiras não são tão exageradas, aquele brilho verde nos seus olhos é artificial, e ela na realidade não tem cornos. Mas a sua postura régia, a dor interna e o orgulho ferido, e a qualidade de vilã brincalhona é a cara de Angelina Jolie.
   A região mágica de Moors é maravilhosa e deslumbrante; o reino humano, por outro lado, é menos surpreendente e simpático, parecendo, no entanto, o mais artificialmente fabricado.
   O realizador Robert Stromberg procura propiciar o conflito e os momentos da ação, mas são os momentos calmos e de maior ternura que mais fazem pelo sucesso de Maléfica, até porque são envolvidos pela orquestra de James Newton Howard. 



   Angelina Jolie faz um trabalho digno de nota a retratar a anti-heroína, traída e humilhada. Mesmo quando a história caí em momentos já banais em filme, ela mantém o seu domínio com confiança. Elle Fanning faz um trabalho razoável como Aurora e Sharlto Copley está inesquecível num papel fraco; as três fadas (Lesley Manville, Imelda Staunton e Juno Temple) sobressaem pouco… O brilho do filme está todo na atriz principal.
   Maléfica é um filme que oferece uma versão alternativa ao popular conto infantil de Charles Perrault e uma interpretação deliciosa de Angelina Jolie, que sugere que o amor é muitas vezes uma armadilha e que inculca a ideia de que as famílias que construímos à medida que crescemos podem ser mais significativas do que aquela em que nascemos.

Gabriel Vilas Boas




1 comentário:

  1. EXCELENTE, MALÉFICA!!! É UM FILME QUE OFERECE UMA INTERPRETAÇÃO DELICIOSA DE ANGELINA JOLIE! GOSTEI MUITO.
    PARABÉNS GABRIEL!

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