Depois de ter filmado o grande êxito “Jurassic Park", que encheu as salas de cinema no verão de 1993, Spielberg assentou arraiais na Polónia e filmou um dos filmes que fará para sempre parte da história do cinema: A LISTA DE SCHINDLER.
Spielberg mostrou uma inesperada faceta da sua genialidade, conseguindo algo que parecia impossível: realizar um épico histórico moralmente sério e esteticamente iconoclasta, ao mesmo tempo que se tornava hiper atrativo para audiências massivas.
Apesar de se basear em factos (a enigmática história de Oskar Schindler, um alemão que colocava judeu em locais de trabalho, tornando-os necessários e inviabilizando a sua execução), A Lista de Schindler não é um filme histórico, nem a versão definitiva do Holocausto que muitos esperavam. É antes uma profunda reflexão sobre a natureza do heroísmo e das opções morais.
Apesar de se basear em factos (a enigmática história de Oskar Schindler, um alemão que colocava judeu em locais de trabalho, tornando-os necessários e inviabilizando a sua execução), A Lista de Schindler não é um filme histórico, nem a versão definitiva do Holocausto que muitos esperavam. É antes uma profunda reflexão sobre a natureza do heroísmo e das opções morais.
Mago extraordinário da sétima arte, o realizador demonstra ter também um enorme talento para fazer trabalhos extremamente sérios (tal como o fizera em 1987 quando filmou "O Império do Sol"), rejeitando todas as pressões e limitações da politicamente correta indústria cinematográfica.
Apesar da história dominar todo o filme, o dinamismo e o brilhantismo técnico do grande realizador americano reluz com grande intensidade. A razia no gueto de Cracóvia é tão dinâmica e primorosamente montada como qualquer cena do mítico "Os Salteadores da Arca Perdida" (1981), nada perdendo com a belíssima fotografia do polaco Janusz Kaminski.
Outra das coisas notáveis neste filme é o facto de ter sido filmado com um elenco pouco conhecido, sem uma única grande estrela de Hollywood, o que não impediu que Liam Neeson e Ralph Fiennes fossem nomeados para os óscares de melhor ator e melhor ator secundário, respetivamente.
A Lista de Schindler é um monumento à coragem daqueles cuja história é contada mas também à mestria dos que fizeram o filme.
Na noite mágica de Hollywood arrebatou sete Óscares (filme, realizador, argumento adaptado, fotografia, direção artística, montagem, banda sonora), saídos dum total de doze nomeações que apenas atestaram aquilo que não precisava de qualquer confirmação.
A Lista de Schindler mostra o triunfo da Humanidade sobre o maior ato de barbaridade que o século XX testemunhou. Revela, como no meio das trevas da maldade, há sempre uma luzinha de compaixão e humanismo que nunca se apaga.
Gabriel Vilas Boas
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