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domingo, 29 de junho de 2014

MUNDIAL DE FUTEBOL - BRASIL 2014



        O campeonato do mundo de futebol decorre no Brasil há duas semanas. Durante quinze dias, todas as seleções presentes na fase final jogaram três jogos, apurando-se para a fase seguinte (a eliminar) as duas melhores de cada grupo.
Portugal também participou nesta prova maior do futebol mundial. Havia legítimas expectativas de que a seleção portuguesa conseguisse ser apurada para a fase seguinte. No entanto, a equipa de Ronaldo, Moutinho e Nani ficou em terceiro lugar e foi eliminada pelas seleções da Alemanha e dos EUA.
Antes do início da prova houve, na população portuguesa, algum otimismo em excesso que rapidamente se transformou em unânime desânimo, após a humilhante derrota perante os jogadores germânicos, no primeiro jogo. A descrença instalou-se, então, em todas as conversas sobre o campeonato do mundo. Quase todos se acharam no direito de opinar doutamente sobre táticas, lesões, convocatórias do selecionador, locais de estágio e atitude dos jogadores em campo e fora dele. Todos tinham alertado para o descalabro, apesar de umas semanas antes só haver registo de euforias sem razão.
As palavras dos jogadores, ex-heróis caídos em desgraça, já não interessavam nada. Havia que descarregar a frustração como se a seleção tudo nos devesse. A verdade é que não deve! Pode alegrar, entristecer, iludir ou desiludir, mas não nos deve nada! O dinheiro que os jogadores ganham, mesmo aquele que a seleção lhes paga, não nos sai do bolso. É dinheiro que os seus clubes lhes pagam ou que a FIFA paga à Federação em resultado das conquistas desportivas desta seleção no passado. É um assunto pequenino e lateral, todavia importa esclarecê-lo de vez.
É verdade que a seleção portuguesa ficou aquém do possível, mas não desiludiu pelo não apuramento. Espanha, Itália, Rússia, Inglaterra (campeões mundiais e europeus) também foram eliminadas de modo tão ou mais ultrajante.
A desilusão que a equipa de Paulo Bento criou foi de outra ordem. Portugal foi justamente eliminado. Não jogou bem e não mereceu vencer! A desilusão reside no facto de pensar que os nossos jogadores não fizeram tudo o que estava ao seu alcance para vencer, apesar de todos os contratempos por que passaram.
O empenho, o esforço físico e mental, a capacidade de sofrimento, a vontade de superação foram apenas medianas. Ora, representar Portugal exige o máximo de cada um em todos os momentos. Nisso não transijo. Foi nisso que Ronaldo, Nani, Moutinho e colegas falharam e não podiam ter falhado.
No final, é fácil culpar Paulo Bento porque levou para o Mundial jogadores sem ritmo de jogo, atletas saídos de lesões, impreparados ou em baixo de forma, que se lesionaram às primeiras correrias. Detesto hipocrisia e por isso não critico Paulo Bento, embora constate que esteve mal.
Não temos moral para o criticar por duas grandes razões: nada se disse antes do mundial começar e, no essencial, faríamos o mesmo que ele. Convocaríamos 90% dos jogadores que ele chamou, porque, apesar de terem feito uma má época desportiva ou terem ficado muito tempo magoados, eram os melhores jogadores portugueses disponíveis. Não havia alternativas credíveis a estes. Todos nós sabemos isto muito bem. Como também sabemos que a maioria de nós teria levado ao Brasil os craques mesmo que houvesse outros a jogar melhor (que não havia), mas menos mediáticos.
Na hora de decidir sempre preferimos jogar pelo seguro e manter aqueles que passamos a vida a criticar. Não é assim na política ou nos negócios?
A seleção falhou mas não com estrondo. O futebol continua a ser apenas um jogo. Umas vezes enche-nos de alegrias outras de tristezas, mas jamais pode servir para descarregar frustrações acumuladas com origens noutros setores da vida. Só assim conseguiremos perceber alguma da beleza deste desporto maravilhoso.

Gabriel Vilas Boas

1 comentário:

  1. EXCELENTE!!! O FUTEBOL É UM JOGO... UMAS VEZES FICAMOS ALEGRES OUTRAS TRISTES.
    DESTA VEZ PORTUGAL FOI ELIMINADO. NÃO VENCEU, A SELEÇÃO FALHOU! MAS, O FUTEBOL CONTINUA A SER UM DESPORTO MARAVILHOSO!
    PARABÉNS GABRIEL!

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