O
campeonato do mundo de futebol decorre no Brasil há duas semanas. Durante
quinze dias, todas as seleções presentes na fase final jogaram três jogos,
apurando-se para a fase seguinte (a eliminar) as duas melhores de cada grupo.
Portugal
também participou nesta prova maior do futebol mundial. Havia legítimas
expectativas de que a seleção portuguesa conseguisse ser apurada para a fase
seguinte. No entanto, a equipa de Ronaldo, Moutinho e Nani ficou em terceiro
lugar e foi eliminada pelas seleções da Alemanha e dos EUA.
Antes
do início da prova houve, na população portuguesa, algum otimismo em excesso que
rapidamente se transformou em unânime desânimo, após a humilhante derrota
perante os jogadores germânicos, no primeiro jogo. A descrença instalou-se,
então, em todas as conversas sobre o campeonato do mundo. Quase todos se
acharam no direito de opinar doutamente sobre táticas, lesões, convocatórias do selecionador, locais de estágio e atitude dos jogadores em campo e fora dele.
Todos tinham alertado para o descalabro, apesar de umas semanas antes só haver
registo de euforias sem razão.
As
palavras dos jogadores, ex-heróis caídos em desgraça, já não interessavam nada.
Havia que descarregar a frustração como se a seleção tudo nos devesse. A
verdade é que não deve! Pode alegrar, entristecer, iludir ou desiludir, mas não
nos deve nada! O dinheiro que os jogadores ganham, mesmo aquele que a seleção
lhes paga, não nos sai do bolso. É dinheiro que os seus clubes lhes pagam ou
que a FIFA paga à Federação em resultado das conquistas desportivas desta
seleção no passado. É um assunto pequenino e lateral, todavia importa esclarecê-lo
de vez.
É
verdade que a seleção portuguesa ficou aquém do possível, mas não desiludiu
pelo não apuramento. Espanha, Itália, Rússia, Inglaterra (campeões mundiais e
europeus) também foram eliminadas de modo tão ou mais ultrajante.
A
desilusão que a equipa de Paulo Bento criou foi de outra ordem. Portugal foi
justamente eliminado. Não jogou bem e não mereceu vencer! A desilusão reside no
facto de pensar que os nossos jogadores não fizeram tudo o que estava ao seu
alcance para vencer, apesar de todos os contratempos por que passaram.
O
empenho, o esforço físico e mental, a capacidade de sofrimento, a vontade de
superação foram apenas medianas. Ora, representar Portugal exige o máximo de
cada um em todos os momentos. Nisso não transijo. Foi nisso que Ronaldo, Nani,
Moutinho e colegas falharam e não podiam ter falhado.
No
final, é fácil culpar Paulo Bento porque levou para o Mundial jogadores sem
ritmo de jogo, atletas saídos de lesões, impreparados ou em baixo de forma, que
se lesionaram às primeiras correrias. Detesto hipocrisia e por isso não critico
Paulo Bento, embora constate que esteve mal.
Não
temos moral para o criticar por duas grandes razões: nada se disse antes do
mundial começar e, no essencial, faríamos o mesmo que ele. Convocaríamos 90% dos
jogadores que ele chamou, porque, apesar de terem feito uma má época desportiva
ou terem ficado muito tempo magoados, eram os melhores jogadores portugueses
disponíveis. Não havia alternativas credíveis a estes. Todos nós sabemos isto
muito bem. Como também sabemos que a maioria de nós teria levado ao Brasil os
craques mesmo que houvesse outros a jogar melhor (que não havia), mas menos
mediáticos.
Na
hora de decidir sempre preferimos jogar pelo seguro e manter aqueles que
passamos a vida a criticar. Não é assim na política ou nos negócios?
A
seleção falhou mas não com estrondo. O futebol continua a ser apenas um jogo.
Umas vezes enche-nos de alegrias outras de tristezas, mas jamais pode servir
para descarregar frustrações acumuladas com origens noutros setores da vida. Só
assim conseguiremos perceber alguma da beleza deste desporto maravilhoso.
Gabriel
Vilas Boas
EXCELENTE!!! O FUTEBOL É UM JOGO... UMAS VEZES FICAMOS ALEGRES OUTRAS TRISTES.
ResponderEliminarDESTA VEZ PORTUGAL FOI ELIMINADO. NÃO VENCEU, A SELEÇÃO FALHOU! MAS, O FUTEBOL CONTINUA A SER UM DESPORTO MARAVILHOSO!
PARABÉNS GABRIEL!