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quinta-feira, 26 de junho de 2014

ANTÓNIO CARNEIRO (II)

“E ainda paisagens e paisagens a óleo e aguarela, nuvens,terra,árvores,animais,campos,montes,praias, tudo animado dum místico sentimento da Natureza, que o pintor possuía a Natureza como a mulher grávida possui o filho.”
In António Carneiro, Teixeira de Pascoaes

A paisagem era também uma temática muito cara a Carneiro. As marinhas (de Leça, da Figueira da Foz, de Melgaço, a marginal…) foram sendo sugeridas ao pintor pela frequência destas praias apetecidas e que ele acompanhava sempre com uns sonetos dedicados ao mar, por vezes até à lua...
Nessas praias, quase sempre desertas, ele pintava um oceano revolto, por vezes calmo. O céu coroa as telas de azuis e brancos lumínicos, a raiar os rosas, os roxos, consoante o estado de espírito daquele céu. Ou do pintor? Quando há figuras, reconhecem-se os filhos. Quando há ação, surgem barcos, velas, pescadores…
A atmosfera por norma é a do entardecer…a adesão ao ideal panteísta é nítida.
Não serão estas paisagens simbólicas e intimistas, ao ponto de nos narrarem aquilo que o autor não quer desvendar?
José Augusto França chamou a estas marinhas “visões” e não “vistas”. Serão estas paisagens de António Carneiro mais um capítulo no seu Simbolismo?



António Carneiro, Onda (Vaga, 1912, óleo sobre tela, 40x80cm, coleção particular
O Mar (II)

Seu incomensurável coração
Fala de Amor, de Sonhos, de Saudade…
Soluça, ou ruge a sua ansiedade
Em longos haustos de insatisfação.
(…)
Solilóquios, António Carneiro

Esta obra, “Onda”, é uma das mais reservadas pinturas que de António Carneiro se conhecem e que provam o seu antinaturalismo. O mar aqui não está domesticado graças ao denso colorido que o inunda, que lhe imprime movimento anímico o que em muito denota a subjetividade do autor, a expressão do seu mundo interior. E ,por fim, não resisto a partilhar aqui este óleo sobre tela, s/ título, mas que representa uma das praias mais bonitas do norte de Portugal. A mim lembra-me verões distantes, caminhadas refrescantes junto ao mar,  férias simples em família. E a vocês?


António Carneiro. s/título (Capela de Nossa Senhora da Pedra), 1916

Rosa Maria Alves da Fonseca

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