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sábado, 14 de junho de 2014

CASAS QUE MARCAM A ARQUITETURA DO SÉCULO XX (II)



Continuando o tema da semana anterior, hoje falo-vos da casa Tugendhat, que na minha opinião marca igualmente a arquitectura habitacional do século XX.
 Villa Tugendhat, de 1927-30, da autoria de Mies van der Rohe, em Brno (República Checa)
Brno, a segunda maior cidade da República Checa, abriga uma das mais admiráveis obras da arquitetura moderna, a Villa Tugendhat. Projeto de habitação do arquiteto alemão Mies van der Rohe (1886-1969), a casa foi realizada na perspectiva do racionalismo funcionalista do Movimento Moderno. Baseando-se em soluções técnicas avançadas e em materiais modernos o Movimento Moderno, o arquiteto investiu em novas conceções espaciais, favorecendo a continuidade dos espaços através do uso da planta livre e, em depurados padrões estéticos, que engrandecem assim a autenticidade da forma e da estrutura, quer no exterior quer no interior.

 

O edifício situa-se no bairro de Černá Pole, num terreno em declive de onde se avista toda a parte velha da cidade. Encomendada pelo casal Tugendhat’s, proveniente de famílias judias abastadas só é residência familiar durante oito anos, altura em que estes abandonam o país, fugindo à perseguição nazi. Entre 2010 e 2012, a casa passou por enormes obras de reconstrução e restauro, tanto a nível da estrutura com do jardim adjacente. Estes foram recuperados com a aparência original, após a conclusão da casa em 1930,onde os interiores estão equipados com réplicas exactas dos móveis originais.
A habitação, composta por três níveis, adapta-se à morfologia do terreno. No rés-do-chão (nível da rua), além do hall de entrada ficam os quartos com ligação ao terraço, aqui também se encontram a garagem e os aposentos do motorista. No alçado virado para a rua, a entrada é marcada por um grande painel de vidro, enquanto a fachada oposta é marcada pela subtração de parte do volume criando assim um terraço e abrindo a casa para o jardim.
No piso -1, estão as áreas sociais, como as salas de estar, de refeições, a biblioteca, o jardim de inverno, o terraço, a cozinha e uma área mais reservada aos empregados. Neste piso, a fachada virada a sul é rasgada na sua plenitude (todo o pé direito e a todo o comprimento), utilizando para tal o vidro e o aço.
Descendo ao nível da cave, está instalada toda a área técnica (equipamento de ar, caldeira, sala de máquinas para as janelas retrácteis, e toldos). Actualmente este piso faz parte da visita, e integra uma exposição onde estão patentes quer a vida e obra do arquiteto Mies van der Rohe, quer o estilo de vida familiar dos Tugendhat’s, até 1938. Os visitantes também podem agora desfrutar de uma livraria e de um Centro de Estudos e Documentação na Villa Tugendhat.



A casa Tugendhat é um símbolo do Movimento Moderno pelas suas formas claras, pela utilização expressiva do vidro, do aço e do betão, pela extraordinária modernidade dos seus janelões (área social), que vão do chão ao teto, pela planta livre que proporciona uma continuidade com o exterior. O edifício destaca-se também pela estrutura metálica, que proporcionou ao arquitecto a aplicação da planta livre, de paredes mais finas e das grandes aberturas. Os materiais empregues no interior da casa são sumptuosos, combinando com a estrutura de aço e vidro. Os mais evidentes são as madeiras raras tropicais e a extraordinária parede de ónix. Mies desenhou todo o mobiliário para a casa, estando algumas destas peças ainda em voga.

Teresa Beyer

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