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terça-feira, 10 de junho de 2014

DIA DE PORTUGAL


   Camões foi o português que cantou e glorificou Portugal da maneira mais extraordinária e sublime. Através da obra literária que melhor explica ao mundo o que fomos, no passado, ele revelou todo o amor que sentia pelo seu país e pela sua pátria: PORTUGAL. Os Lusíadas são esse texto maravilhoso que narra o momento mais valioso da História de Portugal (Os Descobrimentos), sem esquecer as conquistas dos primórdios nem a confiança num futuro bem melhor do que o presente em que o grande poeta se despediu do mundo.
   Num momento de grande lucidez, o país associou o seu dia nacional ao da morte do grande poeta. Por isso hoje é DIA DE PORTUGAL e de CAMÕES. E não há honra maior que algum português possa ter. Acho que Camões a soube merecer.
   Somos hoje um povo bem diferente daquele que Camões cantou. Os nossos defeitos foram ganhando brilho enquanto as virtudes se tornaram baças. Perdemos importância no contexto mundial e europeu e isso fez uma mossa enorme no ego nacional que se recusou a ver orgulho doutro ângulo que não seja o bendito século XVI. Entretanto passaram quinhentos anos e o planeta que ajudamos a perceber que era redondo girou imenso sobre si, mudando a uma velocidade cada vez mais vertiginosa.



   Apesar de tudo a lição e o objetivo da escrita d’Os Lusíadas continuam válidos: somos grandes com coragem, determinação e trabalho. Somos relevantes quando não nos desculpamos com o tamanho ou com o número dos nossos e enfrentamos o adversário sem medo ou soberba. Somos importantes não porque queremos ser os maiores, mas apenas porque queremos ser melhores. E tal como Camões explicou na obra-prima da literatura portuguesa, herói escreve-se na primeira pessoa… do plural.
   No futebol, na política ou na economia continuamos perdidos no nevoeiro em busca do D. Sebastião da nossa perdição. A realização dum povo faz-se do esforço coletivo, da persistência e da ousadia de muitos. Camões não glorificou reis mas referiu-os; não elevou navegadores ou guerreiros, todavia destacou-os; não fez de Vasco da Gama herói, porque queria dizer aos seus contemporâneos e aos vindouros que o verdadeiro herói dum país é o seu povo.
   Talvez o nosso problema coletivo esteja nessa mentalidade pequenina de ego enorme: recusar fazer o imprescindível trabalho do herói anónimo.


Gabriel Vilas Boas

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