Camões foi o português que
cantou e glorificou Portugal da maneira mais extraordinária e sublime. Através
da obra literária que melhor explica ao mundo o que fomos, no passado, ele
revelou todo o amor que sentia pelo seu país e pela sua pátria: PORTUGAL. Os Lusíadas são esse texto maravilhoso
que narra o momento mais valioso da História de Portugal (Os Descobrimentos),
sem esquecer as conquistas dos primórdios nem a confiança num futuro bem melhor
do que o presente em que o grande poeta se despediu do mundo.
Num momento de grande
lucidez, o país associou o seu dia nacional ao da morte do grande poeta. Por
isso hoje é DIA DE PORTUGAL e de CAMÕES. E não há honra maior que algum
português possa ter. Acho que Camões a soube merecer.
Somos hoje um povo bem
diferente daquele que Camões cantou. Os nossos defeitos foram ganhando brilho
enquanto as virtudes se tornaram baças. Perdemos importância no contexto
mundial e europeu e isso fez uma mossa enorme no ego nacional que se recusou a
ver orgulho doutro ângulo que não seja o bendito século XVI. Entretanto passaram
quinhentos anos e o planeta que ajudamos a perceber que era redondo girou
imenso sobre si, mudando a uma velocidade cada vez mais vertiginosa.
Apesar de tudo a lição e o objetivo da escrita d’Os
Lusíadas continuam válidos: somos grandes com coragem, determinação e trabalho.
Somos relevantes quando não nos desculpamos com o tamanho ou com o número dos nossos e enfrentamos o adversário sem medo ou soberba. Somos importantes
não porque queremos ser os maiores, mas apenas porque queremos ser melhores. E
tal como Camões explicou na obra-prima da literatura portuguesa, herói
escreve-se na primeira pessoa… do plural.
No futebol, na política ou
na economia continuamos perdidos no nevoeiro em busca do D. Sebastião da nossa
perdição. A realização dum povo faz-se do esforço coletivo, da persistência e
da ousadia de muitos. Camões não glorificou reis mas referiu-os; não elevou
navegadores ou guerreiros, todavia destacou-os; não fez de Vasco da Gama herói, porque queria dizer aos seus contemporâneos e aos vindouros que o verdadeiro
herói dum país é o seu povo.
Talvez o nosso problema
coletivo esteja nessa mentalidade pequenina de ego enorme: recusar fazer o
imprescindível trabalho do herói anónimo.
Gabriel Vilas Boas
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