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sexta-feira, 6 de junho de 2014

CASAS QUE MARCAM A ARQUITETURA DO SÉCULO XX

Pela sua originalidade e contemporaneidade, algumas casas projetadas na primeira metade do séc. XX, tornaram-se objecto de estudo e exemplo pela influência que exerceram e exercem na arquitetura até hoje.
A arquitetura do século XX é essencialmente marcada por critérios de racionalidade e de funcionalidade, respondendo de uma forma mais pragmática e técnica aos problemas do seu tempo. Sob influência da revolução industrial (das ideias, dos novos materiais e dos novos métodos construtivos) a arquitectura voltou-se para a criação de espaços mais amplos e funcionais (patentes nas plantas de organização livre), para uma simplificação formal, tendo por base a depuração desta, e para a desornamentação.
Para começar vou vos falar sobre a Casa Schröder, que faz 90 anos, uma das cinco casas que escolhi para este tema.
 Casa Schröder, de 1924, da autoria de Gerrit Thomas Rietveld, em Utrecht (Holanda)
O projeto da habitação Schröder idealizada pelo arquiteto holandês Rietveld (1888-1965), segundo as ideias do movimento “De Stijl”, ou Neoplasticismo, baseia-se na abstração das formas, linhas e planos ortogonais, e na utilização das cores primárias (vermelho, azul e amarelo), do branco e do preto, que evocam as composições das pinturas de Piet Mondrian.

Quadro do pintor Piet Mondrian, 
exemplificativo da paleta de cores e do traçado geométrico 
que influenciam o movimento “De Stijl”.
A Casa Schröder está localizada num subúrbio de estilo neoclássico, na cidade de Utrecht, no centro da Holanda. O projecto desenhado por Rietveld fica no remate de duas ruas e vem quebrar com a linguagem conservadora da época (de paredes sólidas e robustas com telhados de duas ou quatro águas), pelas suas proporções, formas e materiais, destacando-se dos edifícios envolventes através da leveza e transparência, dadas pelo vidro, betão e aço, e pela novidade da sua cobertura plana.

Vista exterior 

O edifício apresenta-se como um cubo desmaterializado, resultando não só do jogo “plástico”, quase escultórico que é dado ao volume através da diferenciação dos planos das fachadas (criando varandas e terraços), mas também pelos seus grandes planos envidraçados, colocados em locais chave, como esquinas, desconstruindo assim a ideia de “caixa”.
A planta da casa também constitui um desenho revolucionário pela sua flexibilidade, onde a organização do espaço foi pensado de uma forma mais livre e com múltiplas opções, dando origem à chamada planta livre, “open space”. Esta flexibilidade foi obtida com um sistema de painéis deslizantes que podiam girar e adaptar-se conforme as necessidades de área, luz e privacidade.

Vista interior da sala - quarto

Como complemento da linguagem neoplástica da casa, Rietveld prevê tudo, ao ponto de estabelecer até ao pormenor, desde o mobiliário fixo e móvel, até às cores com que distingue os espaços ou funções específicas, num diálogo intimo com a arquitectura que os contem.

O edifício Schröder destaca-se como o mais relevante exemplar da arquitectura Neoplasticista, sendo considerado Património Mundial da UNESCO desde 2000 devido a ser "um ícone da arquitetura do Movimento Moderno e uma expressão notável do génio criativo humano na sua pureza de ideias desenvolvidas pelo movimento “De Stijl" e "cuja radical abordagem na concepção e uso do espaço, ocupa uma posição central no desenvolvimento da arquitetura da era moderna ".

 

Imagem da esquerda: Vista axonométrica do r/chão; Imagem da direita: Vista axonométrica do 1.º andar, onde são visíveis as paredes de correr que proporcionam a variação do espaço.

Teresa Beyer

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