Toquei esta música pela primeira vez há muitos anos enquanto aluna do Conservatório e desde aí tenho-a sempre perto do piano. Para quem ainda não conhece, trata-se do Prelúdio da Petite Suite de António Fragoso, aqui na interpretação do pianista Miguel Henriques.
António Fragoso, compositor e pianista teve uma vida muito breve mas mesmo assim deixou-nos algumas das obras mais bonitas da nossa música. Morreu aos 21 anos (1897-1918), vítima de pneumónica, pouco depois de ter terminado o curso superior de piano com a nota máxima, em Lisboa. Foi aluno de Luís de Freitas Branco já aqui referenciado em post anterior. Infelizmente as suas obras não são muito conhecidas pois são pouco tocadas em recitais.
António Fragoso nasceu em Cantanhede e aí começou os seus estudos de piano com um tio, que para além de tocar era médico. Quando terminou os estudos primários rumou ao Porto para frequentar o liceu e prosseguir os estudos de piano. Assim que terminou o liceu entrou para o Conservatório de Música de Lisboa onde concluiu o curso de piano uns meses antes de ter sido acometido pela gripe pneumónica que o vitimou em 1918, tal como aconteceu a muitos milhares de pessoas na Europa por essa altura. Recentemente, a Associação António Fragoso doou todo o seu espólio à Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Espólio esse que tem sido estudado e revisto pelo musicólogo Alexandre Delgado. Só obras produzidas por António Fragoso são cerca de 100, que assim estarão disponíveis para os estudiosos que se quiserem debruçar sobre elas. As influências do compositor terão sido Chopin, Debussy e Fauré, havendo a acrescentar um certo nacionalismo próprio da época em que se inscreve António Fragoso. Na melancólica música aqui proposta para audição denota-se uma certa nostalgia, alguma tristeza, parece que o autor já está antevendo o seu fim precoce e inesperado. Na realidade, será antes o seu romantismo um pouco tardio.
Margarida Assis
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