Passam hoje 25 anos sobre o massacre de Tiananmen, nome por que ficou conhecida a Praça da Paz Celestial, bem no centro de Pequim, capital da China.
Esse dia ficará para sempre marcado a negro na História da China, pois o massacre que o governo chinês decretou sobre os manifestantes, naquela madrugada de 4 de junho de 1989, jamais será apagado da memória coletiva de um povo que há décadas não sabe o significado das palavras liberdade ou democracia.
O que se passou no dia 4 de junho de 1989 foi o culminar de 50 dias de protestos de mais de cem jovens chineses que denunciavam um governo muito repressivo e corrupto e achavam as reformas económicas em curso muito lentas. Os protestos consistiam em marchas (caminhadas) pacíficas nas ruas de Pequim. Ao fim de um mês de protestos, o governo chinês endureceu posições e decretou a lei marcial. Duas semanas mais tarde, enviou os tanques contra o seu povo, para dissolver o protesto. As estimativas das mortes civis variam: 400 a 800 segundo o The New York Times; 2 600 (segundo informações da Cruz Vermelha chinesa) e sete mil (segundo os manifestantes). O número de feridos é estimado em torno de sete mil e dez mil, de acordo com a Cruz Vermelha.
Ao bom estilo ditatorial, o governo empreendeu de seguida um grande número de prisões entre os líderes do movimento, expulsou a imprensa estrangeira e controlou completamente a cobertura dos acontecimentos na imprensa chinesa. A repressão do protesto pelo governo da República Popular da China foi condenada pela comunidade internacional.
No dia 4 os protestos estudantis intensificam-se muito. No dia 5 de junho, um jovem solitário e desarmado invade a Praça da Paz Celestial e anonimamente faz parar uma fileira de tanques de guerra. Nunca mais se soube nada acerca dele. Nem o nome…
E 25 anos depois, como vive a China com o seu trauma moderno?
Este massacre teve um forte impacto dentro da China, entre a enorme comunidade chinesa espalhada pelo mundo e nas relações da China com a comunidade internacional.
O protesto na Praça de Tiananmen, em 1989, é ainda hoje assunto tabu na China, e falar sobre ele é considerado muito perigoso. A única opinião dos meios de comunicação é aquela que o governo chinês passa e permite: o que aconteceu em 1989 foi uma ação legítima e justificada do governo para assegurar a estabilidade do país. Todos os anos há manifestações em Hong Kong contra a decisão do partido e a Praça de Tiananmen é patrulhada, frequentemente, a cada 4 de junho, para impedir qualquer tipo de comemoração.
Há oito anos, um contrato do governo chinês com a Google mostra que o assunto continua a ser muito melindroso para o governo chinês, pois a web chinesa do Google (Google.cn), aplica restrições locais às buscas de informação sobre a revolta da Praça de Tiananmen, Quando as pessoas buscam tópicos ou assuntos censurados, a Google fornece ao governo chinês a identidade daqueles que procuraram tal informação dentro do território chinês. Em 2007, no décimo oitavo aniversário do massacre, foi publicado um anúncio que dizia “prestar tributo às fortes mães das vítimas de 4 de junho". Três editores do jornal foram expulsos.
Em 4 de junho de 2007, no aniversário do massacre, um anúncio que dizia "prestar tributo às fortes mães das vítimas de 4 de junho", foi publicada no jornal Chengdu Evening News. A questão está atualmente a ser investigada pelo governo chinês e três editores do jornal foram expulsos. O responsável pela aprovação do anúncio disse que nunca tinha ouvido falar da repressão de 4 de junho. Um ano antes um programa televisivo americano difundiu um pequeno filme obtido na Universidade de Pequim, onde participavam muitos dos estudantes que participaram nos protestos de 1989. A quatro estudantes foram exibidos um retrato do homem-tanque, mas nenhum deles pôde identificar o que estava acontecendo na foto. Alguns responderam que era um desfile militar ou um trabalho artístico. Sintomático.
Talvez por isso, muitos chineses não consideram a liberalização política imediata como uma medida sábia.
Vale a pena refletir sobre isso quando grande parte dos cidadãos europeus que vivem em democracia e liberdade desdenham do mundo em que vivem.
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