Espanha
tem um novo rei. Filipe VI sucede ao pai, Juan Carlos, que abdicou após quatro
décadas de reinado. Chega ao trono espanhol, com 46 anos, o príncipe que casou
com uma plebeia e cujos súbditos estão desencantados com a sua monarquia.
Todos
os reinados têm os seus desafios, até porque, como diria Ortega y Gasset, o
“Homem é ele próprio e as suas circunstâncias”. No entanto, há desafios intemporais
e universais que todos os Homens têm de enfrentar qualquer que seja a sua
circunstância.
O
grande desafio de Filipe VI é tornar a figura do Rei pedra angular do seu povo.
Certamente, Filipe VI sabe perfeitamente qual o papel institucional que lhe cabe,
conhece as regras protocolares e as leis do seu país, compreende os anseios do
seu povo. A questão que se coloca é outra: que
tipo de monarca quer Filipe ser? Ou seja, que grau de comprometimento quer
ter com o seu povo e com o seu cargo.
O povo
espanhol sabe bem que tipo de Rei quer. Quer um rei que ame o seu povo, que o
entenda, que o saiba unir sem o constranger, que saiba dizer que sim e,
sobretudo, dizer que não, dum modo decisivo e coerente. Quer um rei que seja
admirado não apenas por ter uma mulher bela e elegante, mas por tornar um povo
orgulhoso das decisões do seu rei.
O povo
ama o seu rei e gosta da monarquia. Aceita bem a ideia dum escolhido que vista
o papel de herói e o represente com o glamour que só uma casa real pode
emprestar. Todavia, um povo do século XXI exige muito mais ao seu Rei. Não
baste a Filipe dizer que quer a unidade do país mantendo a diversidade das
regiões autonómicas. É necessário construir essa unidade. E essa unidade
conquista-se com um grande rei e um reinado exemplar, arguto, próximo das
pessoas, paciente e ativo.
Filipe
VI parte com alguns trunfos: a maioria do povo espanhol não quer a
desintegração da Espanha e percebe que só pode ser grande na Europa se não se
dividir; os espanhóis sabem que é o Rei o garante dessa unidade; a juventude do
casal real e a origem plebeia de Letizia funcionam como facto de aproximação
dos novos reis aos seus súbditos. No entanto, estes são apenas factores
promissores que só a vontade e determinação de Filipe e Letizia podem
transformar em decisivos.
Os
grandes monarcas e os grandes reinados não são um concurso de beleza, um roteiro de
visitas ao estrangeiro ou uma cuidadosa gestão de posições políticas que foge
dos problemas sem nunca os resolver. É verdade que essa é a marca dos tempos
modernos, mas também a razão que afasta reis e rainhas do coração do seu povo.
Ganhar
o respeito, a admiração, o carinho e o amor do povo espanhol é uma tarefa árdua
que Filipe e Letizia têm pela frente. E desafios não faltam. Desde logo o
referendo separatista na Catalunha, a eterna questão basca ou as desigualdades
económicas vividas pelas regiões mais pobres como é o caso da Galiza.
Poder-se-á dizer que o Rei não detém o poder legislativo nem tem um ascendente
psicológico decisivo sobre o povo. Pois precisa de o conquistar.
Filipe
VI e Letizia Ortiz têm de escrever a sua própria história. Da determinação e
sagacidade com que o fizerem dependem um bocadinho a História próxima de
Espanha e o futuro da própria monarquia na Europa.
Gabriel Vilas Boas
BELÍSSIMO CASAL!!! GOSTO MUITO... O POVO ESPANHOL SABE BEM QUE TIPO DE REI QUER.
ResponderEliminarFILIPE VI, VAI AMAR O SEU POVO, POR ISSO, VAI SER UM "REI MUITO ADMIRADO"!!
PARABÉNS GABRIEL.