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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O FIM DA GASOLINA E DO GASÓLEO ESTÁ PARA BREVE E COMEÇA NA CHINA



A China é provavelmente, é economia mais capitalista e mais temível em todo o mundo. Com uma força brutal, é capaz de deter grande parte da dívida pública americana, comprar o que lhe apetece no mercado europeu e influenciar de forma decisiva o mercado automóvel mundial.

Apesar das principais marcas automóveis já se terem convencido da inevitabilidade dos carros elétricos e do fim do diesel, os governos europeus ainda apontam para lá de 2030 como data provável da morte dos carros a gasolina e gasóleo, até porque ainda estudam como vão buscar ao setor automóvel a receita fiscal proveniente das altas taxas aplicadas aos combustíveis. Na China deu-se um passo de gigante, que trocará a volta aos líderes europeus, aos donos das principais marcas de automóveis e a toda a economia.

Há sete anos, a empresa chinesa Geely comprou a sueca Volvo, quando esta só dava prejuízo. Este ano comprou a fabricante dos famosos e glamorosos táxis londrinos e esta semana adquiriu 50% da malaia Proton e 51% da Lotus. Ao mesmo tempo anuncia que dentro de dois anos deixa de produzir carros a gasóleo (talvez por isso se empenhe tanto em vender todas as carrinhas Volvo que tem em stock) e quer colocar meio milhão de carros elétricos no mercado chinês em dois anos. Em consonância com a estratégia comercial desta empresa, o governo chinês admitiu, esta semana, proibir a venda e a produção de carros a gasolina e gasóleo, em 2020, o que na prática significa “amanhã”. Ao admitirem tal medida é porque sabem que a «sua» Geely está preparada para entrar em força no mercado dos carros elétricos. Obviamente, que as marcas europeias não podem perder o mercado chinês, que é só o maior mercado automóvel do mundo, e por isso, ou respondem à letra e estão preparadas para produzir em massa carros elétricos em 2020 ou sofrem uma derrota de proporções gigantescas.

Se a China estiver elétrica em 2025, a Europa não pode andar a gasóleo e não haverá EUA que nos acuda, até porque eles já produzem o seu Tesla. A força e o poder do petróleo têm os dias contados e parece já não ter salvação. Em 2030, os carros movidos a gasolina ou gasóleo serão uma minoria e apenas visíveis em países subdesenvolvidos.

Já pensaram que os atentados terroristas na Europa podem ser mais do que ideologia e religião? E se estiveres perante o estrebuchar horripilante de economias que assentaram todo o seu poder no petróleo? A China pôs a rolar a bola de neve. Desta vez eles não tiveram paciência de chinês mas a pressa gulosa dos capitalistas.

GAVB

sexta-feira, 21 de julho de 2017

BABYSITTING PARA MARIDOS


Quando uma mulher vai a um shopping, acompanhada pelo marido ou namorado, debate-se com dois desafios cuja resolução não é certa: encontrar a mala, o vestido ou os sapatos e entreter o companheiro durante três ou quatro horas.

Ao final de meia hora, ele já não tem nada que fazer e começa aborrecer-se a uma velocidade galopante enquanto ela ainda só viu uma loja e está muito longe de tomar uma decisão.
 Pensando nos problemas de ambos e no «clima» entre casal depois de uma ida ao shopping, os chineses começam a dar os primeiros passos no babysitting para maridos/namorados. 
Em Xangai, o Centro Comercial Harbor criou uma espécie de cabine onde as mulheres enfiam os seus maridos e os deixam entretidos em frente a um computador e uma consola com jogos dos anos 90. A experiência tem recolhido reações mistas entre a classe masculina e opiniões muito favoráveis entre as mulheres.

O babysitting para maridos (claro que é preciso arranjar outro nome) é um conceito com muitos maridos para andar, pois ainda há muito homem que comete a loucura de acompanhar a esposa ou a namorada ao shopping. É aborrecimento pela certa, mas há aqueles que nunca aprendem ou não conseguem antecipar uma atividade alternativa e prazerosa que lhes ocupe quatro horas de uma tarde ou serão.
Para quem é apanhado desprevenido o babysitting para maridos é uma solução a considerar, no entanto é necessário fazer upgrade a este insípido modelo chinês. 

Além do conforto de bons sofás, era necessário que os chineses (e não só…) estivessem abertos às sugestões dos seus futuros clientes, mantivessem sempre um bar aberto de insuspeita qualidade, disponibilizassem canais de televisão temáticos e personalizados e mantivessem uma estrita política de discrição e reserva sobre as atividades realizadas. Se a mulher quer deixar o seu marido no babysitting que o deixe, mas depois não o massacre com perguntas pormenorizadas sobre o que ficou ele lá a fazer.
O Babysitting Para Maridos ainda gatinha e talvez nem seja lá muito necessário para a maior parte dos homens, mas se alguém decidir implementar a ideia em Portugal, convém ouvir os potenciais clientes e só depois avançar. É que computadores e consolas de jogos é manifestamente pouco e pobrezinho…

GAVB

quarta-feira, 3 de maio de 2017

A CHINA VAI ENTREGAR A COREIA DO NORTE A TRUMP


Talvez não seja exagerado afirmar que a força do dinheiro acabou de comprar os últimos resquícios de comunismo que existiam em Pequim, quando nos apercebemos como a China não defendeu os malucos de Pyongyang do tresloucado ataque de Trump, com o mais poderoso míssil convencional ao seu dispor.
Ao ler, hoje que “China pediu aos seus cidadãos que saiam da Coreia do Norte”
restam-me poucas dúvidas que Trump tem as costas livres para atacar aquele maníaco das bombas atómicas, pois contará com a não oposição da China (e da Rússia) no Conselho de Segurança da ONU.

Claro que corremos o risco do líder norte-coreano ser mesmo maluco e haver uma escalada nuclear, mas penso que esse risco diminui com este sinal da China.
E por que é que a China abandona os coreanos à sua sorte? A razão é óbvia: os chineses têm rios de dinheiro investido nos EUA e não pretendem pôr em risco esse investimento para sustentar a posição de um tigre de papel.
Parece agora clara a estratégia de Trump, quando no início do mandato falou forte e grosso para Pequim: fazer os chineses pensar que o seu investimento em dívida pública americana estaria em perigo, para nesta altura os ter como não-inimigos no ataque propagandístico que faria à Coreia. Com o sorriso cúmplice de Putin, Trump fará aninhar a Coreia ao bom estilo americano do far west.

Talvez a Coreia ainda não tenha percebido, mas está perto do fim. É possível que os chineses ainda lhes deem a escolher a hipótese de uma saída airosa, mas com Trump talvez isso nem seja possível.
Como não será possível à Ucrânia recuperar os territórios que os russos lhe usurparam. Hoje por hoje, o comunismo é só um invólucro encarquilhado que sustenta a ditadura do capitalismo a leste e a oriente.

Gabriel Vilas Boas

quinta-feira, 5 de maio de 2016

À GRANDE E À CHINESA


A expressão «À grande e à francesa», que genericamente designa um estilo de vida luxuoso, tem mais de duzentos anos e remonta à primeira invasão francesa (1807), quando o general Jean Junot permitiu aos portugueses assistir ao modo de vida soberbo e luxuoso, ainda que de curta duração.
E foi esta expressão, devidamente adaptada, que me surgiu automaticamente quando li há alguns dias que o milionário chinês Li Jinyuan decidiu gastar sete milhões de euros para pagar umas férias a 2500 empregados seus, em Espanha.

Como na China é tudo em grande, os números são à “chinês”: vinte aviões fretados, quatro comboios de alta velocidade cheios, setenta autocarros alugados, 1650 quartos reservados em hotéis e… toda a Europa a falar da filantropia deste chinês que faz em Espanha uma gigantesca campanha de marketing de repercussões incalculáveis.
O que são sete milhões de euros para um homem cuja fortuna está avaliada em mais de cinco mil milhões de euros? “Peanuts”, como diria Jorge Jesus!
No entanto, a atitude do dono da Tiens está muito para além do marketing puro. Li Jinyuan é mesmo o tipo de patrão que todo o empregado gostaria de ter: no ano passado já tinha levado 6700 empregados a França, onde gastou mais de treze milhões de euros; nos anos anteriores, os afortunados trabalhadores chineses já tinham estado em Moscovo e na África do Sul, onde o seu patrão também não olhou a gastos para lhes proporcionar umas férias inesquecíveis.

A China e os chineses continuam a surpreender o mundo, dando lições de economia e de marketing, precisamente em áreas em que eram muito criticados.
Durante décadas acusámos os chineses de exploração indecorosa de mão-de-obra baratíssima. Eles sorriram e aparentemente não mudaram, mas lentamente lá vão repercutindo algum do enorme lucro das suas empresas em regalias para os trabalhadores. E depois sabem perfeitamente publicitar ações estridentes e «à americana» como a do magnata Li Jinyuan, que funcionam como uma espécie de bofetada de luva branca na retórica liberal e hipócrita de uma Europa que já nem disfarça a degradação dos direitos dos trabalhadores por anteposição ao aumento dos casos de corrupção entre os mais altos dirigentes de empresas públicas em privadas.
Os chineses continuam comunistas, continuam a reprimir a liberdade de expressão e de imprensa, mas permitem-se a estas excentricidades que nos amolecem o coração enquanto fazemos negócios com eles sem perguntarmos como vivem os seus.

Gabriel Vilas Boas

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Aeroporto Internacional de Shenzhen Ban'ao, na China


Nas últimas semanas a Europa do futebol e da economia foi sacudida por mais um pequeno tsunami chinês, quando alguns clubes da China desataram a comprar, por somas astronómicas, vários jogadores de topo do futebol europeu. Para os chineses foi mais uma operação normal, como tem acontecido noutras áreas da economia. Hoje chamo a vossa atenção para o aeroporto internacional de Shenzhen Bao’ao. Não pelo culto da sua recente ampliação (734 milhões de euros), mas pela beleza do projeto arquitetónico que a revista Architizer elegeu como o mais belo e interessante de 2014, dentro da categoria dos projetos de aeroportos.

O casal de arquitetos Massimiliano e Doriana Fuksas criou um projeto de ampliação do Aeroporto de Shenzhen – o Terminal 3 – muito bonito e inovador.
O conceito da proposta da Studio Fuksas sugere a imagem de uma raia, um peixe que respira e muda de configuração, podendo transformar-se em pássaro. A ideia destes dois arquitetos foi homenagear a fantasia e emoção de voar.
A estrutura do Terminal 3 – um túnel com 1,5 km – parece moldada pelo vento e recorda os sobejos de uma escultura de formas orgânicas. A silhueta da cobertura apresenta diferentes alturas, pois os arquitetos Fuksas pretendiam aludir ao elemento natural mais presente em qualquer aeroporto: o vento.

Na sugestiva ondulação do teto, Massimiliano e Doriana desenharam um padrão de favos de mel que confere à estrutura do edifício uma dupla face (interna e externa) muito interessante. Através desta dupla “pele” entra a luz natural, que invade os espaços interiores do Terminal 3, produzindo efeitos de luz surpreendentes para os utilizadores deste aeroporto.
Para o revestimento do edifício foram usados metal em forma de alvéolos e painéis de vidro de diferentes tamanhos, os quais podem ser parcialmente abertos se as condições atmosféricas assim o aconselharem.

Os passageiros entram no Terminal pela sua cauda. Desde ai, vão ultrapassando as várias cónicas colunas brancas que suportam a surpreendente cobertura. Enquanto esperam os voos, no piso térreo, podem beber um café, tomar uma refeição, tratar de negócios, numa extensa área de serviços fundamental em qualquer aeroporto.
O saguão é o espaço mais importante deste aeroporto e é constituído por três níveis: um para serviços, outro para partidas e outro para chegadas. Os três níveis intersetam-se numa espécie de cruz vertical, que permite que a luz natural  seja filtrada desde a cobertura até ao piso térreo.

No amplo espaço interior do Terminal 3, os Fuksas plantaram grandes árvores brancas estilizadas, numa clara tentativa de trazer a natureza para o meio do aço, do vidro e da pressa de milhões de pessoas que correm para mais uma viagem de negócios.
Os interiores aeroporto de Shenzhen Ban’ao têm um ar sóbrio, refletindo e multiplicando o padrão de favos de mel da face interna do teto. Uma beleza rara e moderna.

GAVB 

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A CHINA ENTROU NA IDADE DA REFORMA


A República Popular da China chegou ontem aos 65 anos de idade. Está a entrar na idade da reforma, apesar da sua relevância no mundo ser imensa.
“Imensidão” é um termo muito adequado a este país asiático. A população é incomensurável, o território parece monstruoso, a população tornou-se incomensurável, o poder económico é enorme e a importância política inultrapassável.
Certo dia Napoleão disse, a propósito da China, que era um monstro adormecido, o qual não convinha acordar. Esta afirmação conduz-nos a outra imagem que este país asiático projeta: medo. Ensinaram-nos que esse medo tinha um nome: comunismo.

É uma ideia muito americana atribuir ao comunismo a causa de todos os males passados e futuros, numa bem conseguida tentativa de diabolização dessa ideologia política. No entanto, um olhar mais atento sobre esta China popular e "democrática", que agora chega à idade oficial de reforma, permite concluir que ela só  é comunista de nome.
O país que Mao Tsé-Tung idealizou após 1950 já tem pouco que ver com aquela China que hoje conhecemos. Mao planeou e conseguiu dobrar a população; projetou e falhou a industrialização do país; quis “educar” o seu povo através daquele livrinho vermelho, mas boicotaram-lhe o intento sorrateiramente.
Deng Xiaoping, aquele que mandava tudo de facto e quase nada de direito, criou o muito conveniente “país de dois sistemas”, que permitiu à China ter uma economia de mercado e uma política de partido único. Acho que o fez mais por conveniência, para manter o povo sob o domínio duma elite dirigente restrita, do que por convicção comunista.  
Lenta e pacientemente, os chineses foram tornando-se um portento económico, importando soluções (técnicos, now how, materiais de qualidade) e exportando problemas em forma de gente que já não cabia no país imenso. Ao mesmo tempo que, controladamente, alargavam a riqueza e o bem estar duma minoria cada vez mais significativa, desanuviavam a demografia asfixiante e suavizavam a imagem negativa que o primeiro mundo tinha do chinês comunista.
Ressentidos com a URSS desde os primórdios da guerra fria, adotaram uma política externa de equidistância em relação aos EUA e à Rússia. O negócio da China era crescer em ditadura.
Prepararam-se para a globalização melhor do que todos aqueles que a criaram e a desejaram com cupidez, pensando no enorme mercado chinês. Todavia, quando os americanos chegaram à China, já os chineses tinham enxameado as cidades europeias de lojas e produtos chineses.
E nesse processo jamais o mundo ocidental conseguiu impor a qualquer governo de Pequim uma minúscula ideia de democracia, direitos humanos, liberdade de imprensa ou de expressão. Foram eles que fizeram o verdadeiro negócio da China.

Entretanto a elite intelectual de Paris, Londres e Washington lá continua a dizer que a culpa é do comunismo. A China é governada por um regime totalitário, antidemocrático, que usa a força militar contra os seus e controla o seu povo ao mais ínfimo pormenor. O governo chinês restringe o acesso à informação, prende, tortura e mata. Se for preciso, reescreve a História. Tudo isto é verdade, mas dizer que tudo isto se deve ao comunismo é desconhecer Hitler, Mussolini, Pinochet e gostar de contar “histórias de adormecer” a quem pensa pouco pela própria cabeça.
O governo chinês não faz especial questão que o seu povo pense vermelho made in Mao. Economicamente, a China está nos antípodas do comunismo, que também era uma visão económica do mundo. Desde que os deixem mandar e desmandar a seu belo prazer, os dirigentes de Pequim importam-se pouco que os achem comunistas, oportunistas ou chantagistas. Se ser chinês comunista aumenta a aura de monstro implacável e aterrorizador, tanto melhor.

Quanto aos europeus e americanos, esta situação é-lhes também muito conveniente. Assim como assim, o comunismo sempre foi o papão que justificou quase tudo perante a opinião pública ocidental. Além do mais, é bem mais fácil negociar com um governo totalitário que gosta de dinheiro do que submeter-se ao escrutínio duma opinião pública muito diversa e imensa.
A República Popular da China fez ontem 65 anos. Precisa de reformar-se, reformando a sua classe dirigente, afastando para bem longe esses tiques tão humanos como a ganância, a prepotência e a sede desmesurada de poder. Mas desde já fica o aviso, a liberdade e a democracia ocidentais não são o céu que imaginam e também elas precisam duma reforma urgente. Era bom que a China tivesse a sabedoria de nos surpreender…

Gabriel Vilas Boas

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O MASSACRE DE TIANANMEN



Passam hoje 25 anos sobre o massacre de Tiananmen, nome por que ficou conhecida a Praça da Paz Celestial, bem no centro de Pequim, capital da China. 

Esse dia ficará para sempre marcado a negro na História da China, pois o massacre que o governo chinês decretou sobre os manifestantes, naquela madrugada de 4 de junho de 1989, jamais será apagado da memória coletiva de um povo que há décadas não sabe o significado das palavras liberdade ou democracia. 

O que se passou no dia 4 de junho de 1989 foi o culminar de 50 dias de protestos de mais de cem jovens chineses que denunciavam um governo muito repressivo e corrupto e achavam as reformas económicas em curso muito lentas. Os protestos consistiam em marchas (caminhadas) pacíficas nas ruas de Pequim. Ao fim de um mês de protestos, o governo chinês endureceu posições e decretou a lei marcial. Duas semanas mais tarde, enviou os tanques contra o seu povo, para dissolver o protesto. As estimativas das mortes civis variam: 400 a 800 segundo o The New York Times; 2 600 (segundo informações da Cruz Vermelha chinesa) e sete mil (segundo os manifestantes). O número de feridos é estimado em torno de sete mil e dez mil, de acordo com a Cruz Vermelha.


Ao bom estilo ditatorial, o governo empreendeu de seguida um grande número de prisões entre os líderes do movimento, expulsou a imprensa estrangeira e controlou completamente a cobertura dos acontecimentos na imprensa chinesa. A repressão do protesto pelo governo da República Popular da China foi condenada pela comunidade internacional.

No dia 4 os protestos estudantis intensificam-se muito. No dia 5 de junho, um jovem solitário e desarmado invade a Praça da Paz Celestial e anonimamente faz parar uma fileira de tanques de guerra. Nunca mais se soube nada acerca dele. Nem o nome…

E 25 anos depois, como vive a China com o seu trauma moderno?

Este massacre teve um forte impacto dentro da China, entre a enorme comunidade chinesa espalhada pelo mundo e nas relações da China com a comunidade internacional.

O protesto na Praça de Tiananmen, em 1989, é ainda hoje assunto tabu na China, e falar sobre ele é considerado muito perigoso. A única opinião dos meios de comunicação é aquela que o governo chinês passa e permite: o que aconteceu em 1989 foi uma ação legítima e justificada do governo para assegurar a estabilidade do país. Todos os anos há manifestações em Hong Kong contra a decisão do partido e a Praça de Tiananmen é patrulhada, frequentemente, a cada 4 de junho, para impedir qualquer tipo de comemoração.


Há oito anos, um contrato do governo chinês com a Google mostra que o assunto continua a ser muito melindroso para o governo chinês, pois a web chinesa do Google (Google.cn), aplica restrições locais às buscas de informação sobre a revolta da Praça de Tiananmen, Quando as pessoas buscam tópicos ou assuntos censurados, a Google fornece ao governo chinês a identidade daqueles que procuraram tal informação dentro do território chinês. Em 2007, no décimo oitavo aniversário do massacre, foi publicado um anúncio que dizia “prestar tributo às fortes mães das vítimas de 4 de junho". Três editores do jornal foram expulsos.

Em 4 de junho de 2007, no aniversário do massacre, um anúncio que dizia "prestar tributo às fortes mães das vítimas de 4 de junho", foi publicada no jornal Chengdu Evening News. A questão está atualmente a ser investigada pelo governo chinês e três editores do jornal foram expulsos. O responsável pela aprovação do anúncio disse que nunca tinha ouvido falar da repressão de 4 de junho. Um ano antes um programa televisivo americano difundiu um pequeno filme obtido na Universidade de Pequim, onde participavam muitos dos estudantes que participaram nos protestos de 1989. A quatro estudantes foram exibidos um retrato do homem-tanque, mas nenhum deles pôde identificar o que estava acontecendo na foto. Alguns responderam que era um desfile militar ou um trabalho artístico. Sintomático.

Talvez por isso, muitos chineses não consideram a liberalização política imediata como uma medida sábia.

Vale a pena refletir sobre isso quando grande parte dos cidadãos europeus que vivem em democracia e liberdade desdenham do mundo em que vivem.

 Gabriel Vilas Boas