NOTÁVEL, DESLUMBRANTE, INOVADOR – foram três dos adjetivos
encontrados pelo Fórum Europeu dos Museus para eleger o Memorial ACTe, em
Guadalupe, França, como o Museu Europeu de 2017.
A decisão foi tomada no final de 2016, mas foi
apenas anunciada no mês passado. O Memorial
ACTe
é dedicado à memória da escravatura. Apesar de ter sido concebido como um
memorial, rapidamente este museu se tornou num lugar vivo, onde o visitante
pode compreender como era feito o tráfico de escravos entre a Europa, África e
a América, ao mesmo tempo que reflete sobre essa época tenebrosa da humanidade, em que a escravatura era parte fundamental da economia dos principais países
mundiais.
Inaugurado há dois anos (Maio de 2015), o Memorial ACTe tem uma forte ligação com
a comunidade local, um bairro pobre de Carénage, porque houve a preocupação de
recrutar e dar formação à população local, para que esta sentisse o museu com seu.
Quem visita este Memorial não pode deixar de se interrogar
sobre como foi possível o ser humano viver tanto tempo numa indignidade tão
aviltante como a da escravatura, que, apesar de abolida em grande parte dos
países, ainda subsiste de forma encoberta, mesmo em países desenvolvidos.
Quando observamos fenómenos socais como o racismo, a exclusão social, as desigualdades
sociais gritantes e injustificadas, a violação dos direitos humanos não podemos
deixar de nos interrogar se aquilo que vemos em Guadalupe já faz mesmo parte da
História.
Ainda que a alma escureça durante o tempo que passamos no
Memorial ACTe, é necessário conhecer, pressentir essa dor de séculos para que
ela permaneça apenas nos livros de História.
GAVB
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