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terça-feira, 6 de junho de 2017

E SÓ TREMEU UM BOCADINHO



Sentir a casa a temer, as estantes prestes a cair sobre ti, o chão a trepidar – ainda que por breves segundos é uma experiência assustadora, ainda que o susto só ganhe dimensão quando o tremor já está longe e ganhamos consciência do que podia ter sido, mas não foi.
E se aquela estante tivesse caído sobre mim? E se a sacudidela tivesse sido mais forte ou mais prolongada? E se o chão tivesse rachado um pouco? E se…
Não adianta pensar no que não foi, mas faz sentido pensar naqueles que têm de conviver com tremores frequentes e de maior intensidade. 
«3,5 de magnitude? Isso foi uma ventania que passou por aí!», comentou um amigo ao telefone. Talvez tenha alguma razão, mas não deixa de ser uma prova da pequenez humana face ao poder da natureza e dos seus insondáveis fenómenos.

É possível que breves segundos sejam apenas breves segundos num mar de muitos milhares, mas não deixam de nos fazer tão vulneráveis e tão relativos. Nós e as coisas por que tanto lutamos, nós e todos os assuntos inadiáveis, nós e toda panóplia de construções, objetos e máquinas que fomos acrescentando ao planeta.



Um suave espirro do planeta redondo e azul percorreu-nos o corpo como uma brisa de verão. Breves segundos de calafrio em forma de medo, mas os suficientes para gravar na memória uma ideia: tão minúsculos como impotentes.

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