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quarta-feira, 31 de maio de 2017

LUTAR CONTRA A CORRUPÇÃO TEM UM PREÇO


Por estes dias passam pelo Estoril alguns dos mais poderosos, mediáticos e corajosos juízes do planeta. Ouvir Baltazar Gárzon, Sérgio Moro, António Di Pietro ou Carlos Alexandre é concentrar a nossa atenção sobre o modo como a elite da justiça mundial luta contra o poder e os seus ilícitos, cada vez mais descarados.
Corrupção, tráfico de estupefacientes, de pessoas e de influências, crime organizado, fuga aos impostos, vigilância ilegal

Os superjuízes têm falado de uma maneira desassombrada e clara, pondo a nu as suas dificuldades, obstáculos, o gigantesco polvo que os cerca, as leis feitas para que a justiça não se faça.
Entre o assombro e medo – eis a sensação que se fica do que dizem. Dos diversos contributos, escolhi a frase do espanhol Baltazar Gárzon – “Lutar contra a corrupção tem um custo”. Elevadíssimo para qualquer juiz. 


Além do desgaste físico, psicológico, emocional, há que descartar definitivamente viver em paz, ter uma vida pessoal e familiar normal. A isto acresce a frustração de ver muitos criminosos escapulirem-se entre os dedos, observar como as regras/leis protegem os poderosos e os criminosos e quase nada poder fazer. É uma guerra para se perder, ainda que se consiga sair vitorioso em algumas batalhas.

Por videoconferência, o americano Snowden chamou a atenção para o excessivo poder da vigilância global – “é eficiente para muita coisa, mas não salva vidas!”.
O percursor desta estirpe de insignes juízes – António Di Pietro – lembrou que é bom que haja processos mediáticos. E não podia estar mais de acordo, pois eles trazem a justiça para o centro do debate público, interessam a população por estas questões e dão força à desigual luta dos juízes contra políticos, poderosos e corruptos.

Carlos Alexandre foi o mais polémico de todos, ao defender a delação premiada como instrumento necessário a democracias maduras. Por muito que perceba o alcance e os benefícios de tal posição, não acho uma boa ideia. A bufaria premiada obrigaria a justiça a meter as mãos no lixo e a negociar com criminosos. Toda a força moral e legal de um juiz ficaria comprometida.

GAVB

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