Costuma-se dizer que uma andorinha não faz a Primavera, mas a verdade é que há atos isolados tão simbólicos que são capazes de manchar, por longo tempo, a imagem de uma corporação tão respeitável como a GNR.
Hoje, no Montijo, um homem foi detido brutalmente por um GNR, à civil, que usou indevidamente da força e aplicando à pessoa que pretendia deter um golpe no pescoço, o mata-leão, capaz de provocar asfixia.
Na era da imagem, onde toda a gente fotografa e filma tudo o que mexe, era óbvio que a agressão seria filmada e difundida. Por isso, os superiores hierárquicos do militar d aGNR reagiram de pronto e abriram um processo de inquérito.
Provavelmente, o militar será punido, porque procedeu com uma brutalidade desnecessária e, sobretudo, porque o seu ato foi filmado.
A justiça mediática é célere e não admite recurso, qualquer tipo de justificação ou «mas». Em muitos momentos é cruel e pode ser injusta, mas é a justiça com que temos de lidar. A justiça das câmaras dos smartphones dá-nos o poder de julgar através de um click, de um gosto, de uma partilha multiplicados à velocidade do som, sem filtro. É uma justiça em bruto e à bruta; uma justiça popular e justiceira.
Agora é o GNR, ontem foram os pais que não vacinaram os filhos. Quem tem uma ação pública e coletiva tem que perceber que todos os seus atos são medidos, julgados e deles se tiram ilações imediatas.
A esta hora o GNR já percebeu que sujou a imagem da corporação. Todos falarão de um GNR, puxarão à conversa outras histórias, ditarão sentenças definitivas sobre a corporação.
A sociedade da informação e da exposição mediática tornou-nos nisto: atores e julgadores, lobos e cordeiros uns dos outros.
Gabriel Vilas Boas
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