Recentemente, um dos homens mais ricos do mundo, o mexicano
Carlos Slim deu uma interessante entrevista ao jornal argentino Clarin, onde defendia uma radical
transformação da organização do trabalho. Para Slim, as pessoas deviam
trabalhar três dias por semana, durante 11 horas e até aos 75 anos.
À primeira vista pode parecer uma ideia maluca (e não é
certo que não o seja), mas merece ser analisada, tendo por base a sua argumentação, o
mundo em transformação acelerada e robotização industrial a que chegamos.
Slim olha para a realidade e não a lamenta nem tenta
alterá-la, mas antes percebê-la e atuar a partir daí. Mais do que uma ideia
neoliberal, o que acho que Slim tenta é encontrar emprego para o máximo de pessoas,
o que se torna cada vez mais difícil num mundo em que a máquina faz mais rápido
e melhor o trabalho do ser humano.
O que Slim propõe é que duas pessoas façam o
trabalho de um, mas em contrapartida o façam com maior intensidade e durante
mais tempo.
No fundo, aplica ao trabalho a tática do ginásio: menos
trabalho, mas trabalho mais intenso. Por outro lado tenta cobrir 80% a 90% do
tempo atual de trabalho semanal (33 horas, na proposta de Slim, contra as atuais
40 horas), para que o rendimento não desça, pois a maioria das pessoas não pode
ganhar menos do que aquilo que aufere.
O grande atrativo do plano Slim está no tempo livre ganho
por cada pessoa – dois dias por semana, o que a somar aos dois de que já gozam,
daria mais de 50% do tempo disponível para dedicar ao lazer, educação,
descanso.
O problema é saber como o corpo humano reagiria a esta
brutal transformação de hábitos. Até porque seria trabalhar até morrer (só aos
75 anos chegaria a reforma).
Embora perceba que caminhamos mais rápido do que
pensamos para a execução de algo parecido com aquilo que Carlos Slim propõe, acho
que não temos uma medicina tão evoluída assim que consiga responder aos
problemas que uma tão brutal alteração comportamental traz.
GABRIEL VILAS BOAS
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