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quinta-feira, 25 de maio de 2017

IMPRESSÃO DIGITAL



Os meus olhos são uns olhos,

E é com esses olhos uns

que eu vejo no mundo escolhos

onde outros, com outros olhos,

não vêem escolhos nenhuns.




Quem diz escolhos diz flores.

De tudo o mesmo se diz.

Onde uns vêem lutos e dores

uns outros descobrem cores

do mais formoso matiz.


Nas ruas ou nas estradas

onde passa tanta gente,

uns vêem pedras pisadas,

mas outros, gnomos e fadas

num halo resplandecente.





Inútil seguir vizinhos,

querer ser depois ou ser antes.

Cada um é seus caminhos.

Onde Sancho vê moinhos

D. Quixote vê gigantes.


Vê moinhos? São moinhos.

Vê gigantes? São gigantes.



António Gedeão
In Movimento Perpétuo (1956)



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