A frase é do investigador e
historiador Francisco Bethencourt, organizador da exposição Racismo
e Cidadania, patente a partir de hoje, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.
O professor do King’s College defende
que o racismo não é inato e resulta da combinação do preconceito quanto à
descendência étnica e ação discriminatória.
O que mais me surpreendeu nas
breves palavras Francisco Bethencourt ao Expresso
foi a ideia que o racismo é muitas vezes desencadeado por projetos políticos.
Nunca tinha observado a questão desse prisma, mas ela faz sentido.
Nem a xenofobia nem o racismo
são inatos, mas frequentemente eles são “trabalhados” por determinados partidos
políticos que apostam em insuflar esses sentimentos nos eleitores quando sentem
que a sociedade livre, igualitária e democrática tem dificuldade em responder
às crises económicas que ciclicamente desafiam as sociedades modernas.
Em muitas pessoas há,
adormecido, o vírus da intolerância e do preconceito, mas a verdade é que este
é também muito bem desenvolvido por gente sem escrúpulos e que se aproveita das
fragilidades do instinto humano para capitalizar politicamente.
É possível que hoje não fique bem alguém dizer-se racista, mas o discurso do nacionalismo exacerbado contra
os imigrantes é uma espécie de racismo sem cor, e esse passa lindamente.
Como se luta contra isto?
Denunciando o aproveitamento político, desmontando ideias erradas de que somos
donos da terra apenas porque nascemos em determinado país, antecipando os
momentos de depressão económica, de maneira a manter a enferrujar o animalesco
instinto de sobrevivência que existe em muitos de nós.
Mais do que um truque de baixa
e miserável política, o racismo é uma vitória do animal sobre o racional.
GAVB
Bem interessante, nunca havia pensado assim.
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