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sábado, 6 de maio de 2017

O RACISMO É QUASE SEMPRE UM PROJETO POLÍTICO


A frase é do investigador e historiador Francisco Bethencourt, organizador da exposição Racismo e Cidadania, patente a partir de hoje, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa.
O professor do King’s College defende que o racismo não é inato e resulta da combinação do preconceito quanto à descendência étnica e ação discriminatória.


O que mais me surpreendeu nas breves palavras Francisco Bethencourt ao Expresso foi a ideia que o racismo é muitas vezes desencadeado por projetos políticos. Nunca tinha observado a questão desse prisma, mas ela faz sentido.
Nem a xenofobia nem o racismo são inatos, mas frequentemente eles são “trabalhados” por determinados partidos políticos que apostam em insuflar esses sentimentos nos eleitores quando sentem que a sociedade livre, igualitária e democrática tem dificuldade em responder às crises económicas que ciclicamente desafiam as sociedades modernas.
Em muitas pessoas há, adormecido, o vírus da intolerância e do preconceito, mas a verdade é que este é também muito bem desenvolvido por gente sem escrúpulos e que se aproveita das fragilidades do instinto humano para capitalizar politicamente.

É possível que hoje não fique bem alguém dizer-se racista, mas o discurso do nacionalismo exacerbado contra os imigrantes é uma espécie de racismo sem cor, e esse passa lindamente.


Como se luta contra isto? Denunciando o aproveitamento político, desmontando ideias erradas de que somos donos da terra apenas porque nascemos em determinado país, antecipando os momentos de depressão económica, de maneira a manter a enferrujar o animalesco instinto de sobrevivência que existe em muitos de nós.

Mais do que um truque de baixa e miserável política, o racismo é uma vitória do animal sobre o racional.
GAVB

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