Não foi preciso esperar muito tempo para vermos aquilo que
quase todos temiam: também o presidente Temer seria apanhado nas teias da
corrupção. Ontem, o Globo divulgava uma gravação, onde o presidente
brasileiro foi apanhado a autorizar o pagamento de um suborno ao ex-deputado
Eduardo Cunha.
Toda a gente sabe como Temer chegou ao poder – destituição da presidente Dilma – e com que bases formou o seu governo. Temer não ganhou
eleições, Temer não inspirava confiança, Temer apenas se aproveitou das
circunstâncias políticas lamentáveis e degradantes a que chegou o PT de Lula e
Dilma para se apoderar do cargo mais importante da nação. Foi uma tomada de poder legal mas ilegítima.
Claro que Temer podia ter aproveitando para formar um
governo exemplar, privilegiando a correção de procedimentos administrativos, a
lisura política, mas o seu passado indicava quase um regresso ao tempo do
coronéis em que não se tinha pejo em usar a corrupção, o poder discricionário,
o nepotismo para fazer vingar ideias e projetos injustos e negativos para a
generalidade da sociedade.
Temer foi apanhado numa cilada porque um homem que tem poder
tem inimigos, mas também porque o seu ADN é este mesmo. Temer não percebeu que
a sociedade da informação aberta e instantânea não permite filtros nem protege
ninguém, por mais poderoso que seja. Por isso, poucas horas depois da delação se
ter tornado pública já o Supremo Tribunal Brasileiro confirmava a abertura de
um inquérito por corrupção ao presidente do Brasil.
É provável que Temer caia como Dilma caiu e Lula também
recolheu ao aquário.
A desgraça do Brasil, no entanto, está muito para além de
Temer, Lula, Dilma ou Collor de Mello; a desgraça do Brasil é que parece que a
corrupção no país é endémica. Desmascarar, punir, prender é muito mais fácil
do que mudar uma mentalidade enraizada durante séculos. Mais uma triste herança
portuguesa que o sol ampliou.
GAVB
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