Talvez seja mais uma consequência da crise económica de que
lentamente saímos, talvez seja a lenta incorporação da mentalidade americana de
comer, talvez seja um descuido fatal, mas a verdade é que Portugal já é o quinto
país mais obeso da Europa, quando falamos de crianças.
Sim, crianças, aqueles seres fantásticos de quem quase
todos dizem ter superiores interesses a defender e pelos quais os pais são capazes dos
maiores sacrifícios. Sim, escrevo sobre as crianças, cuja alimentação é
assegurada pela Escola em 30% ou 40%.
Há muito trabalho a fazer, a vários níveis. As mentalidades
não mudam instantaneamente, mas há decisões a tomar, dentro da esfera pública, urgentemente.
Melhorar a qualidade e apresentação daquilo que se come na Escola é fundamental, ainda que isso possa implicar algum aumento de despesa.
As crianças têm de ter prazer em comer aquilo que é servido na Escola. A
qualidade dos ingredientes, a competência técnica de quem os confecciona e o
empenho de pais e professores na melhoria da imagem da cantina junto dos alunos são
alguns dos passos que têm de ser dados, com maior firmeza na Escola Pública
Portuguesa.
Nesse sentido, a iniciativa conjunta do Agrupamento de
Escolas de Amarante e da Ordem dos Nutricionistas, à volta do Projeto “Ver para
Querer”, que mobilizou professores, alunos, técnicas da Ordem dos Nutricionistas, constituiu uma autêntica pedrada no charco no marasmo da
educação para a saúde alimentar no concelho de Amarante. Obviamente que esta
iniciativa serviu «apenas» para lançar a primeira pedra de um novo edifício alimentar
de parte da juventude amarantina, mas teve o mérito de atirar à terra as
primeiras sementes de um colheita que se espera ser bem mais saudável e menos
pesada.
A comida, a sua apresentação e sedução, tem ocupado o
panorama mediático nos últimos anos. É à mesa que nos entendemos, que
convivemos, que negociámos, mas também é à mesa que perdemos alguma da nossa
saúde. Está mais que na altura de introduzir o magno conceito de comer
saudável, com requinte e com prazer. Não é de todo impossível.
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