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sexta-feira, 26 de maio de 2017

MACBETH - MALDIÇÃO BENDITA

Macbeth é a peça de Shakespeare que mais me fascina e atemoriza. Já a encenei, já a representei, já a olhei, algumas vezes, do lado de fora, e de todas elas me parece mais misteriosa, aterradora e irresistível.
Um dos encenadores mais conceituados do país – Nuno Carinhas – vai pô-la em palco – TNSJ – nas primeiras três semanas de Junho, e conta com um elenco de luxo, onde se destacam João Reis, Emília Silvestre e Sara Barros Leitão.
Voltarei a sentar-me na plateia, porque o mistério do texto shakespeariano ainda continua por desvendar e a sedução daquele Macbeth que um dia encarnei continua tão forte como da primeira vez.
Macbeth é bem mais do que uma tragédia sobre um regicídio e suas consequências. É um exercício cénico brutal e poético sobre insónias, fantasmas, ritos maléficos e traições, que nos passam diante dos olhos a uma velocidade furiosa.

Macbeth é o herói e o vilão , que suscita ódio, pena, admiração e medo. Ele está sempre a tentar antecipar-se ao tempo como quem procura antecipar-se ao destino para o ludibriar. 
Macbeth tem essa necessidade ansiosa de roubar o tempo, porque o medo o consome e impulsiona, porque não consegue controlar os acontecimentos nem o destino e isso o angustia.

Num tempo em que vivemos a urgência do momento, a pressa de tudo compreender, sentir e fazer como se a eternidade fosse o final da rua, a mais intrigante obra de Shakespeare tem aquela inquietante atualidade que nos impele para o teatro e no palco procura o espelho onde se veja retratado com tanta cruel verdade.

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