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terça-feira, 2 de maio de 2017

UM PÉSSIMO ATO DE GESTÃO


Hoje, alguns jornais titulavam que há gestores, em Portugal, a ganhar mais do que 100 trabalhadores da empresa que gerem. São uma minoria ínfima, mas existem, e tal facto, num país como o nosso, (que dá muito valor ao que é simbólico e obsceno para se escandalizar hipocritamente) tem valor mediático. Marcelo, que conhece como ninguém como deve lidar com os media, achou-se chocado. Eu estou chocado com a sua hipocrisia, mas o assunto não é esse.
A questão fundamental é que nenhum gestor «vale» por cem trabalhadores. A sua importância na empresa, a sua relevância estratégia é condicionada por diversos fatores externos e internos, que ele não controla em absoluto, e por isso o seu peso específico é bem menor do que aquilo que aufere.

O grande problema é olhar para o gestor como um acionista ou dono da empresa ou então decidir o seu salário pela faturação da empresa. Como, muitas vezes, decidem em causa própria, os gestores beneficiam-se injustificadamente ou pressionam indecorosamente a administração/patrões com a informação sigilosa que possuem.
É verdade que os gestores de topo tomam decisões que envolvem milhões de euros, mas os seus trabalhadores também produzem produtos no valor de milhões de euros e contribuem para os astronómicos lucros da empresa sem que esse critério seja tido em conta na decisão do salário que auferem. Já quando a empresa dá prejuízo ou é evidente que o gestor tomou uma má decisão, nenhum gestor se sente na obrigação de indemnizar a sua empresa.
Atribuir a um gestor o valor comercial 30, 40 ou mesmo 100 vezes superior ao de um trabalhador é um péssimo ato de gestão a vários níveis, mas eu prefiro apenas destacar um: o psicológico. Com que motivação trabalhará um emprego que sabe que grande parte do sucesso da empresa apenas compensará uma pessoa ou um pequeno grupo delas?
Os gestores públicos e privados portugueses gostam muitas vezes de dar o exemplo de empresas estrangeiras e dos valores praticados por estas quanto à remuneração dos gestores, mas nunca referem que a décalage para o empregado comum dessa empresa é bem menor que em Portugal. Por que será?

GAVB

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