(Continuação)
Como dissemos atrás, foi no reinado de D.
Afonso Henriques que se efectivou a expansão da arquitectura românica em
Portugal.
D. Afonso Henriques
Amarante, nesta época, estava muito ligada
às principais figuras das origens de Portugal. Basta referir dois nomes
ilustres desta época, fortemente ligados a Amarante, e que pelas suas relações
de amizade e familiares, entroncavam nas mais altas esferas do poder de então,
para nos apercebermos do referido. São eles D. Mendo Gundar, que sendo natural das Astúrias, veio para Portugal
com o Conde D. Henrique e que por aqui “assentou arraiais”, tendo fundado o
mosteiro de Gondar e Gonçalo Mendes de
Sousa (dos Sousões), que anda ligado à fundação de Amarante e que era, pelo
seu primeiro assamento, cunhado de D. Afonso Henriques e pelo segundo
casamento, genro de Egas Moniz e que exerceu altas funções políticas no reinado
de D. Sancho I.
O referido D. Mendo Gundar, viveu no
Concelho de Gestaço (margem direita do ribeiro do Arquinho), foi alcaide-mor de
Celorico de Basto e jaz sepultado na galilé da Igreja do Mosteiro de Telões.
Deixou descendência no Concelho de Amarante, sendo que um filho viveu em S.
Paio de Olo e um
descendente deste, deu origem à família nobre que ficou conhecida como
os da “Motta”.
Não é pois para admirar que na região de
Amarante tenham “crescido” inúmeros mosteiros e igrejas construídas segundo o
estilo trazido para Portugal pelo Conde D. Henrique (Borgonha) e pelas ordens
religiosas já citadas.
Grande parte das igrejas românicas da região
foi erigida por iniciativa de famílias nobres locais e reflectem a maior ou
menor disponibilidade de recursos materiais e financeiros!
Assim temos que, na margem esquerda do
Tâmega, o românico revela uma certa pobreza, patente na reduzida dimensão das
igrejas, e nas soluções simplistas encontradas na planificação e decoração das
construções. As igrejas de Gondar,
Jazente e Lufrei são as mais modestas construções românicas do concelho.
Igreja Mosteiro de Gondar, Amarante
Por outro lado, na margem direita do Tâmega
pontificam os mais importantes exemplares da arte românica em Amarante, como as
igrejas de Travanca, Mancelos, Real,
Telões, Freixo de Baixo e Gatão. Apesar de respeitarem as linhas universais
do românico, distinguem-se das formas originais, por influência do meio e até
por influência dos construtores locais.
Torre e Igreja Mosteiro de Travanca, Amarante
A esta diferenciação na dimensão e riqueza
das construções não é alheia a densidade populacional, que na margem direita do
Tâmega era superior à da margem esquerda, por aí se encontrarem os mais vastos
e férteis terrenos agrícolas da região.
António Aires