Ao longo dos tempos, Portugal foi tendo nomes de referência na composição e interpretação musical. A maioria destes não são facilmente identificados e reconhecidos pela maioria dos cidadãos portugueses, por muito que ouçam as suas músicas. Por vezes, ao ouvirem Carlos Seixas pensam estar a ouvir Scarlatti ou Telemann. É necessário conhecermos e valorizarmos o que é nosso e faz parte do nosso património cultural.
José António Carlos Seixas é um dos maiores nomes do barroco na Península Ibérica e na Europa. Nasceu em Coimbra, a 11 de junho de 1704 e morreu em Lisboa a 25 de agosto de 1742. Foi compositor, cravista, organista e professor de música. Era um excelente organista e compôs uma obra muito vasta, que contudo não chegou até nós, pois a maioria das suas composições desapareceu aquando do terramoto de 1755. No entanto, as obras que escaparam aos efeitos devastadores do tremor de terra e do incêndio subsequente, encontram-se nos arquivos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Biblioteca Nacional de Lisboa e Biblioteca da Ajuda.
Carlos Seixas exerceu a atividade de organista na Sé de Coimbra e mais tarde foi mestre da Capela Real, ou seja esteve ao serviço da Igreja e da Corte. Destacou-se também como professor, dando aulas a um considerável número de alunos, para quem compunha peças, segundo o grau de dificuldade de cada um. Segundo parece, nunca saiu de Portugal, não tendo estado em contacto com os seus contemporâneos, entre eles, Bach, Haendel, Vivaldi, Corelli ou Albinoni. Provavelmente, a chegada do italiano Domenico Scarlatti a Portugal, a convite de D. João V, permitiu ao nosso Carlos Seixas um contacto com o que se fazia no resto da Europa, sendo certo que o concerto em Lá M para cravo e orquestra de cordas que proponho para audição, é anterior aos concertos para cravo de J. S. Bach e de Haendel, pelo que não é possível qualquer influência destes no trabalho de Carlos Seixas. Foi Vice Mestre da Capela Real no tempo em que Scarlatti era Mestre de Capela, cargo que este último abandonou quando partiu para Madrid acompanhando a sua discípula, a infanta Maria Bárbara que ia casar com o príncipe das Astúrias, que viria mais tarde a ser o futuro rei D. Fernando VI de Espanha. Com a ida de Scarlatti para Madrid, Carlos Seixas assume o cargo de Mestre da Capela Real. Não sabemos quem influenciou quem, mas com certeza que Carlos Seixas recebeu influências da música italiana de Scarlatti e este também terá levado influências ibéricas de Carlos Seixas para o seu trabalho.
Como proposta de audição, aqui fica o Concerto em Lá M (Allegro – Adagio – Giga) para cravo e orquestra de cordas de Carlos Seixas.
Margarida Assis
TEXTO MUITO INTERESSANTE, SOBRE CARLOS SEIXAS!!! FOI O MAIOR COMPOSITOR PORTUGUÊS PARA A MÚSICA DE TECLA DO BARROCO. INFELIZMENTE, FALECEU MUITO NOVO, COM 38 ANOS DE IDADE... GOSTEI MUITO DO CONCERTO. PARABÉNS.
ResponderEliminarFaleceu novo, mas deixou uma obra de qualidade. O que seria se tivesse vivido o dobro do tempo?
EliminarLi e escutei com atenção. Gostei!
ResponderEliminarAinda bem que gostaste, Anabela Magalhães. Também há muita e boa música clássica feita por compositores portugueses.
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