O cinema atual é também entretenimento e indústria. Isto quer dizer que também se dirige a crianças! Ou não fossem elas as rainhas da brincadeira e um dos mercados mais fáceis de atingir. Ninguém gosta de negar umas duas horas bem passadas a uma criança, com pipocas e coca-cola. A indústria do cinema sabe disso e todos os meses cria um passeio turístico ao encantado mundo das salas de cinema.
Isto não quer dizer que ache o cinema para crianças um subproduto da indústria cinematográfica. Muito pelo contrário. A qualidade sempre foi alta ou não tivéssemos começado por um senhor chamado Disney.
Nos filmes para crianças a que assistem também os avós e as mães, privilegia-se a história, a qualidade do desenho dos bonecos, os efeitos especiais. A história deve ser moralista, educativa e enternecedora. Os bonecos devem ser apelativos, os efeitos especiais têm de ser inovadores e aproximar as crianças do mundo dos adultos. E mês após mês o plano lá vai sendo cumprido. Nos dias de hoje, as crianças e os adolescentes ganharam direito à sua ida ao cinema mensal (pelo menos), às suas estreias (anunciadas com pompa e circunstância nos canais televisivos da especialidade), a horários e sessões específicas. A coisa intensifica-se na altura das férias escolares, momento do ano em que qualquer cinema que se preze deve ter um ou dois filmes em cartaz para maiores de seis anos. Quem tem filhos em idade escolar sabe do que falo!
Todos os meses, as minhas filhas levam-me ao cinema. A princípio parecia-me uma obrigação, mas vinte minutos de filme faziam-me logo esquecer a blasfémia. Hoje faço-o com gosto porque os filmes têm interesse e são bem feitos. Apesar de não haver grande crítica jornalística sobre os mesmos e quando há é feita por adultos. O que está mal. Há muitos adolescentes capazes de escrever com acerto sobre as estreias cinematográficas da sua área.
Há dias fui ver “Mr. Peabody and Sherman”. Para além de doce e fiel como todos os cães devem ser, Peabody é também o ser mais inteligente que existe. A sua vida é um acumular de vitórias, seja enquanto explorador, inventor, cientista laureado com um Nobel ou atleta olímpico medalhado. Tudo lhe corre de feição até decidir adotar Sherman, uma cria humana que tenciona amar como se fosse do seu próprio sangue. Se, ao princípio, o desafio não lhe parece nada de excecional, o caso muda de figura quando a criança resolve usar, inadvertidamente, a WABAC, uma engenhosa máquina do tempo da autoria de Peabody. Sem que ninguém estivesse à espera, o pequeno desata a modificar o passado. E enquanto o espetador mobiliza os seus conhecimentos sobre a História da humanidade, da ciência e da arte, o realizador vai cimentando a imemorial relação entre o ser humano e o cão. O filme, assinado por Rob Minkokk (que também realizou “Reo Leão”), é a grande aposta para estas férias da Páscoa e é um filme bem conseguido. Não que atinja a espetacularidade do oscarizado Frozen, mas permite perceber claramente que a fasquia de qualidade nos filmes de animação está sempre alta.
Toda a gente sabe que as crianças são muito exigentes e, por vezes, nada complacentes.
Gabriel Vilas Boas
Tao giro. Gosto demais.
ResponderEliminarADORO VER FILMES PARA CRIANÇAS!!! A HISTÓRIA, DEVE SER EDUCATIVA, INTERESSANTE E ENTERNECEDORA... POIS SÓ ASSIM A QUALIDADE ESTARÁ INDICADA PARA ELES! OS BONECOS DEVEM SER APELATIVOS...ASSIM, AS CRIANÇAS ADORAM E PEDEM PARA IR AO CINEMA! O FILME ASSINADO POR ROB MINKOKK, NAS FÉRIAS DA PÁSCOA, É UM FILME MUITO BOM. EXCELENTE TEXTO GABRIEL! PARABÉNS.
ResponderEliminar