Uma sociedade é composta de diversos grupos geracionais
que, quando bem interligados, formam um todo solidário e com identidade. Cada
um tem um papel específico e relevante. Aos jovens adultos cabe a função de
criar, desenvolver, arriscar. Em teoria eles transportam consigo todas as
ilusões que a idade deve transportar.
Têm formação, têm ambição, querem fazer. E o normal é que
concretizem os seus projetos e determinem o rumo da sociedade em que vivem. São
eles que carreiam o fogo da esperança, do progresso, do desenvolvimento.
Em Portugal, a geração dos jovens adultos transborda
desilusão, que, muitas vezes, se transforma em desespero. A chamada geração “nem
nem” (nem estuda nem trabalha) vive angustiada pela falta de horizontes. Investiu
como nenhuma outra na sua formação, somando licenciaturas, mestrados e
doutoramentos, atualizou-se em formações e encontrou a porta do desemprego como
resposta.
Grande parte dos oitocentos mil desempregados que Portugal
carrega como uma cruz é jovem. Eles não percebem o pesadelo em que vivem.
Estudaram, formaram-se e agora oferecem-lhe empregos indiferenciados e salários
miseráveis. Sentem-se impotentes porque não podem decidir nada. Não têm
dinheiro para arriscar, não têm poder de decisão nas empresas nem nas
instituições, não têm um líder que os imponha. Mas o pior de tudo é que não são
um grupo coeso. Cada um está por si. Por isso, apesar de muitos, não conseguem
fazer grande coisa por si, no seu país.
O resto da sociedade tem pena, mas diz nada poder fazer.
E quem pode fazer, acha a tarefa ciclópica e de resultado imediato quase nulo,
tanto que não mexe uma palha pelo aproveitamento destes jovens na economia
portuguesa.
Falta visão e sobretudo coragem a quem decide. Há que
estancar a sangria de jovens para o estrangeiro. Isso faz-se com medidas e não
com palavras. Os jovens precisam de empregos com uma remuneração média bem
superior a mil euros. Precisam de ter acesso a habitação barata no centro das
cidades, necessitam de apoios sociais para os filhos e para os pais. Carecem
que os bancos acreditem nos seus projetos, que os patrões os empreguem, que o
governo crie uma fiscalidade que os ampare no início da grande aventura.
Os jovens precisam de ser a prioridade efetiva do país no
que diz respeito ao investimento. Têm de ter a ilusão de que vão ser
bem-sucedidos e isso depende apenas do seu esforço e determinação.
No meu entender devíamos começar pelo básico: permitir
que eles usem nos seus trabalhos as competências que aprenderam na escola e
centros de formação. Dirão muitos que só aprenderam teoria ou que aquilo que
aprenderam não tem aproveitamento laboral. Acho que é só uma porção da verdade.
O mercado global está sempre a criar necessidades às pessoas. Quando elas dão
por si estão a querer absurdamente produtos e serviços que há três anos nem
imaginavam existir. As empresas devem perceber que os produtos e oportunidades
“criam-se”. Nos outros e para os outros. Ora, um jovem com tantas competências
acumuladas, com tanta informação disponível, é a pessoa ideal para conquistar
mercados, produtos e serviços que nós nem imaginamos que vamos querer.
O jovem é a grande esperança duma sociedade que não quer
ficar para trás nem definhar. Não podemos servir-lhe um prato de desencanto que
o obrigue a partir triste, amargurado e ressentido.
É a geração nem nem a única que pode criar a sociedade tem tem: tem solidariedade, tem
desenvolvimento.
Gabriel Vilas Boas
Uma verdade que tem que ser revertida. Há, no entanto, neste contexto, um caminho que tem que ser desbravado e aí todos estes jovens têm que, como refere, ser mais determinados e mais empenhados. Nada existe até que se crie. Muitas das competências adquiridas enquadram-se numa oferta que não encontra a correspondente procura. Há que apostar mais na formação em áreas como a Matemática, a Gestão Empresarial, as Ciências e Tecnologias da Informação, etc... Existem cada vez mais jovens a integrar cursos superiores ou formações similares em que o esforço é mais reduzido e consequentemente as capacidades apreendidas não têm procura. Há que apostar no empreendedorismo. O maior erro que cometemos na nossa vida é pensarmos que trabalhamos apenas para os outros e não para nós mesmos. Isto, explica, porque o sucesso profissional - ou até pessoal - de cada um exige sempre compromisso, disciplina, sacrifício. É preciso investir tempo, energia e cada vez mais vontade para alcançar os objectivos. Nós, os 'mais crescidos' e que já fizemos esse caminho num contexto mais favorável temos agora que, na medida das nossas possibilidades, estar atentos e criar as condições para integrar as novas gerações. Empreender - qualquer que seja a
ResponderEliminartarefa - como alguém disse, consiste em transformar os sonhos em riqueza. De facto, identificar oportunidades - de realização pessoal, profissional, negócio, empresarial - implica sonho, criatividade,
iniciativa, acção. E reunir e utilizar recursos pressupõe persistência, auto-motivação, liderança.
Há, porém, uma outra característica essencial: é preciso ter espírito empreendedor, ter coragem, correr riscos para enfrentar as dificuldades, inovar, seguir em frente. SEI QUE FALAR É MAIS FÁCIL mas a alternativa a um caminho deste tipo NÃO É ALTERNATIVA..