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terça-feira, 1 de abril de 2014

Ó EVARISTO, TENS CÁ DISTO?

Espontâneo, histriónico e bonacheirão. Estes são os traços que singularizam Vasco Santana, um dos maiores comediantes do teatro português.
No início dos anos 30 do século XX, Vasco Santana agitou a arte de representar em Portugal. A sua naturalidade, aliada a um sentido de ritmo perfeito, faz dele um dos atores cujo público jamais esquecerá.
Filho de Henrique Santana (também ele um homem do teatro), Vasco fez de tudo um pouco no mundo do espetáculo: ator, encenador, autor e tradutor.
                Tornou-se ator por acaso. Aconteceu em 1917, com a peça O Beijo. Um ator ficara doente. Então, a pedido de Luís Galhardo – empresário e tio –, pisou o palco pela primeira vez, quando o seu destino, nessa noite, era assistir a uma tourada no Campo Pequeno.
Bastou esta oportunidade para que a carreira de Vasco Santana se lançasse. Ao longo da sua vida artística atuaria nos maiores palco de Lisboa como o Teatro de Variedades, o Teatro Monumental, o Éden e o Apolo.
Ao lado de grandes nomes, como Beatriz Costa e António Silva, participou em dezenas de revistas e peças.

Protagonizou a peça O Meu Menino, de Franz Arnold e Ernst Bach, do qual foi o principal adaptador para português, espetáculo que esteve em cena no Teatro Variedades.
Em 1932, conheceu um dos maiores êxitos da sua carreira, quando foi o protagonista de É desculpa, ó Caetano, adaptação de um original castelhano de Angel Custódio e Fernandez Rica.
Em 1937, contracenou pela primeira vez com Mirita Casimiro na opereta O Brasileiro Pancrácio; foi o início de uma relação profissional que culminou em casamento.
No palco da vida real não era muito diferente dos papéis que o celebrizaram. Tal como Vasco Leitão, papel que interpretou em A Canção de Lisboa, também gostava de se levantar e deitar tarde.
É de notar que foram os seus trabalhos cinematográficos que o tornaram popular. Ao lado de Beatriz Costa e António Silva, participou no primeiro filme sonoro realizado em Portugal. Depois, em A Canção de Lisboa, de Conttinelli Telmo, executou uma das melhores actuações de sempre. Seguiram-se O Pai Tirano (1941), O Pátio das cantigas (1943), onde protagonizou a hilariante conversa com o candeeiro ou o papel de taberneiro no filme Fado, História de uma Cantadeira, onde contracenou com Amália Rodrigues. Vasco Santana também se ligou à rádio no programa Zequinha e Lelé, no qual, ao lado de Irene Velez, aliou diálogos espirituosos a situações hilariantes.
Vasco Santana era um comediante genial. É certo que a sua figura também ajudava, mas o talento, a maneira de representar, o tom da representação, os tempos de comédia eram-lhe inatos. Vasco Santana sabia dizer uma piada e esperar o tempo certo para dizer a seguinte. A comédia portuguesa espera, há décadas, que outro génio conquiste o palco como o Vasquinho o fazia.
Gabriel Vilas Boas



2 comentários:

  1. O Dr. VASQUINHO LEITÃO... ENGRAÇADO LOL. ADOREI... EXCELENTE TEXTO!!! PARABENS GABRIEL.

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  2. Continuo a amar ver os filmes em que ele entrou! Um must!

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