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quarta-feira, 2 de abril de 2014

LARGO CONSELHEIRO ANTÓNIO CÂNDIDO

Este bonito e amplo largo, na baixa da cidade de Amarante, na margem esquerda do Tâmega, é uma das mais importantes salas de visita da nossa terra!
Era antigamente a primeira imagem da nossa terra para quem, vindo de Trás-os-Montes e do Douro entrava em Amarante! Por ele acedemos à Rua do Covelo e parte alta da cidade e pela Av. Alexandre Herculano às freguesias do Marão Ocidental!

Este Largo ostenta o nome de um dos mais ilustres amarantinos de sempre!
António Cândido Ribeiro da Costa, doutor nas Faculdades de Direito e Teologia da Universidade de Coimbra da qual foi lente catedrático por nomeação de 1881.
Em abono da verdade histórica, este ilustre amarantino, não nasceu em Candemil, como tem sido teimosamente repetido, mas sim em S. Faustino de Fridão! Nasceu a 29 de Março de 1850 e foi baptizado no dia seguinte, em S. Salvador do Monte, pelo padre Ezequiel Cândido da Cunha Botelho Galhano! Era “ filho natural d’Anna Joaquina Ribeiro, e esta filha legítima de Jozé Joaquim Gonsalves(carpinteiro), e Anna Ribeiro Teixeira(costureira e tecedeira) da Freguezia de S. Faustino de Fridão, Arcebispado Primaz de Braga, cuja creança me foi apresentada por Manoel Caetano Guedes Mourão, d’esta freguesia, nos braços de Anna Joaquina, cazada, também minha parochiana, o qual dito Manoel Caetano servio de padrinho e sua mulher D. AnnadÁbreu Delfina de madrinha, do que forão testemunhas os meus creados Luís e José Bernardo do que fiz este assento.” Como consta do “Livro dos Assentos de Baptizados, fl. 68 v., da Freguesia de S. Salvador do Monte, no Arquivo Distrital do Porto.
Era filho do padre José Joaquim da Costa Pinheiro, abade colado da freguesia de Candemil, que só assumiu a paternidade de António Cândido e de uma outra filha, por testamento cerrado que foi aberto na “Administração do Concelho de Amarante” a 12 de Dezembro de 1885.
Destinado à vida eclesiástica, frequentou o curso de Teologia no Seminário Conciliar de S. Pedro de Braga, nos anos lectivos de 1867/68, 1868/69 e 1869/70, tendo concluído em Maio de 1871.
Matriculou-se no Curso de Direito na Universidade de Coimbra, que concluiu no ano lectivo de 1875. O seu Doutoramento foi concluído em 1878.
Já em Lisboa iniciou a sua carreira política no Partido Progressista em que se filiou e foi eleito deputadopara a Câmara de 1880-1881 e fez igualmente parte das de 1884-87 e 1887-89 e em 31 de Março de 1891 foi nomeado Par do Reino, tomando assento nessa Câmara a 1 de Junho de 1891.
Foi Ministro do Reino de 13 de Outubro de 1890 a 21 de Maio de 1891. A 13 de Março de 1902 foi nomeado Conselheiro de Estado. Em 3 de Abril de 1905 foi nomeado Presidente da Câmara dos Pares e quando em 1910 se proclamou a República desempenhava as funções de Procurador-Geral da Coroa, lugar de que se aposentou.
Foi também Vice-presidente da Academia Real das Ciências, , visto que a presidência competia ao rei.
Homem possuidor de grande inteligência, memória e cultura, atingiu a maior notoriedade e respeito no seu tempo, tendo-se distinguido pelas suas qualidades oratórias tanto  na tribuna religiosa como na tribuna política!
Foi alvo de homenagens em vida pelo Parlamento e pela Academia das Ciências e pelos seus conterrâneos que deram o seu nome a um dos largos da sua terra e ao Asilo da Misericórdia de Amarante!
Após o seu falecimento, foi erguido nos terrenos de propriedade da sua casa, um memorial!
Faleceu a 24.de Outubro de 1922 e está sepultado no cemitério de Candemil - que confina com a que foi sua propriedade - no cantinho mais próximo da sua casa terrena!
Ou “A Águia do Marão viu transmontar os seus últimos sóis nos espinhaços da sua montanha
 Camilo Castelo Branco
São muitas as obras publicadas deste amarantino e a título de exemplo refiro algumas:
- Discursos parlamentares – 1880-85
- Em Amarante (discursos) – 1909
- Echos d’uma voz quasiextincta - 1922
- Orações fúnebres-1880
…    
Das leituras que fiz  e faço assiduamente, das obras deste GRANDE amarantino, guardo por vezes algumas frases que acho interessantes:
“… sacrifico voluntariamente uma parte da minha liberdade à disciplina partidária, mas não lhe sacrificaria nunca a consciência e o coração…”
“…no mundo dos que pensam, a amargura é evidente, a dor é visível.”
“…tenho a felicidade e o orgulho de ter nascido…”
“… restituir à consciência amarantina a soberania do seu pensamento.”
“…os verdadeiros amores são exclusivos. Assim é o amor da minha terra.”
O meu pátrio Marão…se for dormir o meu último sono num dos seus contrafortes- no que mais amo- ele será de plena paz!”
A Estátua que ornamenta o Largo é da autoria do escultor Henrique Moreira.

Largo do Arquinho
O Largo Conselheiro António Cândido, também é conhecido pela antiga designação de Largo do Arquinho!
Este antigo nome parece remontar ao tempo em que nesse local pontificava um “pontão” de um só arco que ligava as duas margens do ribeiro de Padronelo que ali passa, hoje subterraneamente, e vai desaguar ao Tâmega junto da Quelha dos Mirandas!
Esse “pontão” ou pequena ponte de um só arco pequeno ou arquinho, ligava os dois concelhos medievais de Gouveia(margem esquerda do ribeiro) e Gestaço (margem direita do mesmo ribeiro).
De um lado e do outro da referida ponte havia pequenos largos bem descritos em Acta da Câmara de Amarante do dia 23 de Novembro de 1809, na sequência da qual se fizeram obras de alargamento, com a demolição da cadeia de Gestaço e da arruinada Igreja Matriz da Madalena!
A justificar este alargamento estava o facto de na “Prassa do Concelho de Gestaço” se realizar “mercado em dous dias de cada semana” o que causa incómodos e impede a passagem no “pontam do Arquinho” com “grave prejuízo dos passageiros e sendo não poucas vezes motivo de barulho e desordens”
Já na primeira metade do Sec.XX foram demolidas as casas existentes entre a rua do Covelo e a rua da Madalena ficando o largo com as dimensões actuais! Esta última demolição fez desaparecer a Capela de Santa Ana que ficava defronte ao edifício que é hoje a Casa Ferreira da Cunha!
Recentemente e como é do conhecimento de todos os amarantinos, foi posta a descoberto a ponte do Sec. XIII, de um só arco, que deu o nome àquele Largo, que apesar de estar previsto ser “musealizada” e ficar “visível e visitável”, se encontra agora sepultada por inestéticas grades de ferro, que não a protegendo, impedem que os visitantes a possam desfrutar!
António Aires

2 comentários:

  1. Excelente texto, sobre o Largo Conselheiro António Cândido!!! Amarante, é uma linda Cidade... gostei muito. Parabéns.

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  2. É um dos sítios mais importantes da cidade, Ana. Uma cidade cheia de História e de pequenas histórias, como podes ver nestes dias da História.

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