Este bonito e amplo largo, na baixa da cidade de Amarante, na margem
esquerda do Tâmega, é uma das mais importantes salas de visita da nossa terra!
Era antigamente a primeira imagem da nossa terra para quem, vindo de Trás-os-Montes
e do Douro entrava em Amarante! Por ele acedemos à Rua do Covelo e parte alta
da cidade e pela Av. Alexandre Herculano às freguesias do Marão Ocidental!
Este Largo ostenta o nome de um dos mais ilustres amarantinos de sempre!
António Cândido
Ribeiro da Costa, doutor nas Faculdades de Direito e Teologia da Universidade
de Coimbra da qual foi lente catedrático por nomeação de 1881.
Em abono da verdade histórica, este ilustre amarantino, não nasceu em
Candemil, como tem sido teimosamente repetido, mas sim em S. Faustino de
Fridão! Nasceu a 29 de Março de 1850 e foi baptizado no dia seguinte, em S.
Salvador do Monte, pelo padre Ezequiel Cândido da Cunha Botelho Galhano! Era “
filho natural d’Anna Joaquina Ribeiro, e esta filha legítima de Jozé Joaquim
Gonsalves(carpinteiro), e Anna Ribeiro Teixeira(costureira e tecedeira) da
Freguezia de S. Faustino de Fridão, Arcebispado Primaz de Braga, cuja creança
me foi apresentada por Manoel Caetano Guedes Mourão, d’esta freguesia, nos
braços de Anna Joaquina, cazada, também minha parochiana, o qual dito Manoel
Caetano servio de padrinho e sua mulher D. AnnadÁbreu Delfina de madrinha, do
que forão testemunhas os meus creados Luís e José Bernardo do que fiz este
assento.” Como consta do “Livro
dos Assentos de Baptizados, fl. 68 v., da Freguesia de S. Salvador do Monte, no
Arquivo Distrital do Porto.
Era filho do padre José Joaquim da Costa Pinheiro, abade colado da
freguesia de Candemil, que só assumiu a paternidade de António Cândido e de uma
outra filha, por testamento cerrado que foi aberto na “Administração do
Concelho de Amarante” a 12 de Dezembro de 1885.
Destinado à vida eclesiástica, frequentou o curso de Teologia no
Seminário Conciliar de S. Pedro de Braga, nos anos lectivos de 1867/68, 1868/69
e 1869/70, tendo concluído em Maio de 1871.
Matriculou-se no Curso de Direito na Universidade de Coimbra, que
concluiu no ano lectivo de 1875. O seu Doutoramento foi concluído em 1878.
Já em Lisboa iniciou a sua carreira política no Partido Progressista em
que se filiou e foi eleito deputadopara
a Câmara de 1880-1881 e fez igualmente parte das de 1884-87 e 1887-89 e em 31
de Março de 1891 foi nomeado Par do
Reino, tomando assento nessa Câmara a 1 de Junho de 1891.
Foi Ministro do Reino de 13
de Outubro de 1890 a 21 de Maio de 1891. A 13 de Março de 1902 foi nomeado Conselheiro de Estado. Em 3 de Abril de
1905 foi nomeado Presidente da Câmara
dos Pares e quando em 1910 se proclamou a República desempenhava as funções
de Procurador-Geral da Coroa, lugar
de que se aposentou.
Foi também Vice-presidente da Academia Real das Ciências, , visto que a
presidência competia ao rei.
Homem possuidor de grande inteligência, memória e cultura, atingiu a
maior notoriedade e respeito no seu tempo, tendo-se distinguido pelas suas qualidades
oratórias tanto na tribuna religiosa
como na tribuna política!
Foi alvo de homenagens em vida pelo Parlamento e pela Academia das
Ciências e pelos seus conterrâneos que deram o seu nome a um dos largos da sua
terra e ao Asilo da Misericórdia de Amarante!
Após o seu falecimento, foi erguido nos terrenos de propriedade da sua
casa, um memorial!
Faleceu a 24.de Outubro de 1922 e está sepultado no cemitério de
Candemil - que confina com a que foi sua propriedade - no cantinho mais próximo
da sua casa terrena!
Ou “A Águia do Marão viu transmontar os seus últimos sóis nos espinhaços da
sua montanha”
São muitas as obras publicadas deste amarantino e a título de exemplo
refiro algumas:
- Discursos parlamentares – 1880-85
- Em Amarante (discursos) – 1909
- Echos d’uma voz quasiextincta - 1922
- Orações fúnebres-1880
…
Das leituras que fiz e faço
assiduamente, das obras deste GRANDE amarantino, guardo por vezes algumas
frases que acho interessantes:
“… sacrifico voluntariamente uma parte da minha liberdade à disciplina
partidária, mas não lhe sacrificaria nunca a consciência e o coração…”
“…no mundo dos que pensam, a amargura é evidente, a dor é visível.”
“…tenho a felicidade e o orgulho de ter nascido…”
“… restituir à consciência amarantina a soberania do seu pensamento.”
“…os verdadeiros amores são exclusivos. Assim é o amor da minha terra.”
“ O meu pátrio Marão…se for dormir o meu último sono num dos seus
contrafortes- no que mais amo- ele será de plena paz!”
A Estátua que ornamenta o Largo é da autoria do escultor Henrique
Moreira.
Largo do Arquinho
O Largo Conselheiro António Cândido, também é conhecido pela antiga
designação de Largo do Arquinho!
Este antigo nome parece remontar ao tempo em que nesse local pontificava
um “pontão” de um só arco que ligava as duas margens do ribeiro de Padronelo
que ali passa, hoje subterraneamente, e vai desaguar ao Tâmega junto da Quelha
dos Mirandas!
Esse “pontão” ou pequena ponte de um só arco pequeno ou arquinho, ligava
os dois concelhos medievais de Gouveia(margem esquerda do ribeiro) e Gestaço
(margem direita do mesmo ribeiro).
De um lado e do outro da referida ponte havia pequenos largos bem
descritos em Acta da Câmara de Amarante do dia 23 de Novembro de 1809, na
sequência da qual se fizeram obras de alargamento, com a demolição da cadeia de
Gestaço e da arruinada Igreja Matriz da Madalena!
A justificar este alargamento estava o facto de na “Prassa do Concelho
de Gestaço” se realizar “mercado em dous dias de cada semana” o que causa
incómodos e impede a passagem no “pontam do Arquinho” com “grave prejuízo dos
passageiros e sendo não poucas vezes motivo de barulho e desordens”
Já na primeira metade do Sec.XX foram demolidas as casas existentes
entre a rua do Covelo e a rua da Madalena ficando o largo com as dimensões
actuais! Esta última demolição fez desaparecer a Capela de Santa Ana que ficava
defronte ao edifício que é hoje a Casa Ferreira da Cunha!
Recentemente e como é do conhecimento de todos os amarantinos, foi posta
a descoberto a ponte do Sec. XIII, de um só arco, que deu o nome àquele Largo,
que apesar de estar previsto ser “musealizada” e ficar “visível e visitável”,
se encontra agora sepultada por inestéticas grades de ferro, que não a
protegendo, impedem que os visitantes a possam desfrutar!
António Aires
Excelente texto, sobre o Largo Conselheiro António Cândido!!! Amarante, é uma linda Cidade... gostei muito. Parabéns.
ResponderEliminarÉ um dos sítios mais importantes da cidade, Ana. Uma cidade cheia de História e de pequenas histórias, como podes ver nestes dias da História.
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