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quinta-feira, 17 de abril de 2014

DA ARTE, DA PINTURA, DE ANDREA MANTEGNA

Da Primeira Páscoa
 “Cada um de nós tem o dever de se considerar como se ele próprio tivesse saído do Egipto, já que está escrito: Explicarás ao teu filho naquele dia, dizendo: ‘É pelo que o Senhor fez em meu favor quando saí da terra do Egipto’. Por isso, estamos obrigados a dar-lhe graças, louvá-lo, cantar, magnificar, exaltar, glorificar, bendizer aquele que fez, em favor dos nossos antepassados e por nós, todos estes prodígios. Ele conduziu-nos da escravidão à liberdade, da tristeza à alegria, do luto à festa, das trevas à luz, da escravidão à redenção. Cantemos em Seu louvor, Aleluia”.
Rabban Gamaliel
                                                   Calvário, ou Políptico de São Zenão, óleo sobre tábua, Museu do Louvre
Depois Jesus disse: "Tenho sede!". Um dos soldados molhou a esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e chegou-a aos lábios de Jesus. Após provar o vinagre, Jesus disse: "Tudo está consumado!".
Em seguida, exclamou em alta voz: "Pai! Nas vossas mãos entrego o meu espírito". Depois destas palavras, inclinou a cabeça e expirou. Imediatamente a terra tremeu, os rochedos racharam, os túmulos se abriram e muitos mortos ressuscitaram.
O centurião e os soldados que estavam de guarda disseram: "Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!".

Andrea Mantegna (1431-1506) foi um pintor de excelência do Quattrocento e, sem dúvida, o mais importante.
Iniciou a sua aprendizagem em Pádua, com um pintor menor, notando-se desde logo no seu trabalho inicial influências da pintura florentina e, sobretudo, de Donatello, com quem privou.
Precoce, perfeitamente capaz de executar trabalhos por si só, aos dezassete anos de idade, cedo se destacou no panorama artístico de então. Dele se afirmou ser um pintor arqueólogo e erudito, autor de “estátuas “ pictóricas com adornos classicistas que ensaiou até à exaustão, o que o levou ao rigor visível nos trajes dos soldados romanos ou ao tratamento dado aos panejamentos, uma invenção da Grécia Clássica, absorvida pelos Romanos e reinventada por Mantegna nas suas obras. Conclui-se, portanto, que tal como outros pintores, venerava os restos visíveis da Antiguidade, em perfeita sintonia com o seu tempo e com os sábios humanistas da Universidade de Pádua.
As figuras tensas, delgadas, imbuídas de dramatismo e emoção são claramente herdadas de Donatello. Usou-as em profusão e demonstrou, igualmente, uma grande preocupação com a luz e a cor com que inundava as suas obras, como podemos observar na predella de São Zenão.
Revolucionou o espaço pictórico uma vez que projetava as suas figuras e construções arquitetónicas em planos tensos, suspensos de emoção.
Dele, escolhi para hoje o retábulo de São Zenão, em que Mantegna trabalha após 1456, e cuja predella se encontra exposta quer no Louvre, quer no Museu de Tours e que exibe em pleno a sua maturidade artística bem como A Lamentação Sobre Cristo Morto.
Evidencia-se aqui o gosto pelas cores quentes que acrescentam solenidade à temática representada. A luz inunda a figura central, Cristo, que adquire majestade e autoridade sobre todas as outras personagens. 
                 Andrea Mantegna, Lamentação Sobre o Cristo Morto, têmpera sobre tela,1475-1478, Pinacoteca de Brera, Milão
Excelente na perspetiva, sobre a qual fez estudos ousados e pelo “escorço” (pintura ou desenho que representa o objeto em três dimensões em forma reduzida, mas de acordo com as regras da perspetiva), Mantegna arrepia o espectador com a sua obra Lamentação sobre o Cristo Morto, uma têmpera sobre tela, uma das suas pinturas mais notáveis. Este tema, recorrente nos pintores renascentistas, mostra a atenção particular dedicada ao Cristianismo. Aqui, a perspetiva, a profundidade, o jogo de luz e de sombra trabalhados por Mantegna evidenciam Jesus em toda a sua frágil humanidade, um Jesus lívido, morto para nos salvar. Esta obra é intrigante também porque “segue e olha quem olha nos pés de Jesus” 

                                              Andrea Mantegna, A Ressurreição,1457-1459,Museu de Belas- Artes, Tours

«Pois eu vos entreguei primeiramente o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que foi ressuscitado ao terceiro dia segundo as Escrituras e que apareceu a Cefas e então aos doze. Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte permanece até agora, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos» (I Coríntios 15:3-7).
Às vezes, torna-se difícil escolher o tema sobre o qual escrever. A obrigatoriedade de escrever agrilhoa. Mas estamos na Páscoa. Devemos celebrar a vida nova e agradecer os dons recebidos. Devemos homenagear Deus “que nos libertou do pecado e por isso, enviou seu filho, Jesus Cristo, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”Com alecrim e rosmaninho, com campainhas de Páscoa, com o beijo a Jesus na missa ou na visita pascal, com coelhos e ovinhos de chocolate na mesa farta, composta pela presença amiga da família, ou então (e esta também é uma forma de o homenagear), lembrando um génio da pintura europeia do Renascimento que foi inspiração de outros génios que haveriam de chegar.

Rosa Maria Alves da Fonseca

1 comentário:

  1. Belíssimo texto, sobre Andrea Mantegna!!! Pintor de excelência... Belas Pinturas! Ler ao som de J.S. Bach, foi maravilhoso! Estamos na Páscoa, todos festejamos... mas, homenagear JESUS é muito importante: Ele conduziu-nos da escravidão à liberdade, da tristeza à alegria, da escravidão à Redenção. Cantar em "Seu Louvor, ALELUIA"!!! Adorei. Parabéns.

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