O 25 de abril faz quarenta e cinco anos. Mais de quatro décadas de democracia e liberdade tornaram o nosso país muito
diferente e muito melhor. Afirmá-lo num tempo em que Portugal vive a sua maior
crise económica, financeira, de confiança e de identidade, pode parecer uma
ousadia, mas não é.
Portugal não ganhou apenas
liberdade de expressão e democracia política. Cresceu, também, muitíssimo a
nível da educação, em todos os níveis: pré-escolar, ensino básico, secundário e
universitário; melhorou brutalmente na prestação de cuidados de saúde, havendo
hoje o triplo dos médicos e dos enfermeiros que existiam há quatro décadas. A
esperança média de vida aumentou significativamente e isso ficou a dever-se à
melhoria da assistência médica. A proteção social passou da quase inexistência
a algo que garante um mínimo de dignidade aos nossos velhos.
No entanto, sentimos, hoje, uma
frustração de falhados. Sentimos que ficámos aquém do que podíamos e devíamos.
E é verdade! A economia do país não desenvolveu conforme as oportunidades que
teve na última década do século XX. A justiça paralisou e ajoelhou perante a
burocracia e a corrupção e para completar o ramalhete da deceção coletiva: as
qualificações de muitos portugueses são deficientes e ineficazes.
Ficámos a meio da viagem. Muitos
pensam que esta estagnação é definitiva, eu penso que não.
Temos apenas que capacitar-nos
que fizemos meio caminho e que há outro meio para fazer. Este caminho tem de
ser feito pela geração do 25 de Abril, pelos
homens e mulheres que agora têm quarenta anos.
Durante quarenta anos, aqueles
que conquistaram o 25 de Abril
acusaram os jovens de não sentirem nem valorizarem as conquistas de abril. Não
valorizavam nem podiam valorizar, pois não foram conquistas suas. Poucos são
aqueles que entendem, valorizam e agradecem aquilo que lhes chega de mão beijada.
Acham-no seu por direito natural. Não há que ficar ofendido com isso. É o que
é!
Esta geração, que tem hoje quarenta
anos, tem de ter a sua “conquista”, fazer a sua revolução, ganhar o seu
desafio. E o desafio desta geração não pode ser outro senão fazer a segunda
parte do caminho.
Modernizar sustentadamente o
país; tornar a justiça ágil e independente; criar uma mentalidade de trabalho,
de inovação, de competição salutar; aceitar e promover uma educação exigente,
útil e eficiente.
Contudo, é necessário fazer tudo
isto sem destruir nenhuma das grandes conquistas da primeira parte do caminho:
liberdade de expressão e escolha; educação e saúde para todos. Isto que dizer
que temos de ir todos juntos. É mais
difícil, mas é a única maneira de sermos um povo que luta por se cumprir.
Há quase um século, Fernando Pessoa dizia “Falta cumprir-se Portugal”, eu
acrescento: à geração de abril falta
cumprir-se. E Portugal é uma grande oportunidade, a melhor de todas, porque é a
nossa vida, porque é o nosso amor.
Gabriel Vilas
Boas.
Excelente texto Gabriel!!! Gostei muito. Mas, ainda hoje me questionei: é esta a LIBERDADE conquistada na Revolução dos Cravos?! Todos os dias nos tiram um pouco! E nós calamos... a nossa geração pensa que só haverá LIBERDADE, quando houver CRIANÇAS sem fome, boas codições de vida para TODOS: Trabalho, Educação, Saúde e Tecto Gabriel!! Eu digo, Abril Sempre, Liberdade Sempre... e concordo, à geração de Abril falta cumprir-se. "Porque é a nossa Vida, porque é o nosso Amor"!
ResponderEliminarGosto. O 25 de abril e os jovens.
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