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sexta-feira, 25 de abril de 2014

O 25 DE ABRIL E OS JOVENS

O 25 de abril faz quarenta e cinco anos. Mais de quatro décadas de democracia e liberdade tornaram o nosso país muito diferente e muito melhor. Afirmá-lo num tempo em que Portugal vive a sua maior crise económica, financeira, de confiança e de identidade, pode parecer uma ousadia, mas não é.
 Portugal não ganhou apenas liberdade de expressão e democracia política. Cresceu, também, muitíssimo a nível da educação, em todos os níveis: pré-escolar, ensino básico, secundário e universitário; melhorou brutalmente na prestação de cuidados de saúde, havendo hoje o triplo dos médicos e dos enfermeiros que existiam há quatro décadas. A esperança média de vida aumentou significativamente e isso ficou a dever-se à melhoria da assistência médica. A proteção social passou da quase inexistência a algo que garante um mínimo de dignidade aos nossos velhos.
                No entanto, sentimos, hoje, uma frustração de falhados. Sentimos que ficámos aquém do que podíamos e devíamos. E é verdade! A economia do país não desenvolveu conforme as oportunidades que teve na última década do século XX. A justiça paralisou e ajoelhou perante a burocracia e a corrupção e para completar o ramalhete da deceção coletiva: as qualificações de muitos portugueses são deficientes e ineficazes.
                Ficámos a meio da viagem. Muitos pensam que esta estagnação é definitiva, eu penso que não.
                Temos apenas que capacitar-nos que fizemos meio caminho e que há outro meio para fazer. Este caminho tem de ser feito pela geração do 25 de Abril, pelos homens e mulheres que agora têm quarenta anos.
                Durante quarenta anos, aqueles que conquistaram o 25 de Abril acusaram os jovens de não sentirem nem valorizarem as conquistas de abril. Não valorizavam nem podiam valorizar, pois não foram conquistas suas. Poucos são aqueles que entendem, valorizam e agradecem aquilo que lhes chega de mão beijada. Acham-no seu por direito natural. Não há que ficar ofendido com isso. É o que é!
                Esta geração, que tem hoje quarenta anos, tem de ter a sua “conquista”, fazer a sua revolução, ganhar o seu desafio. E o desafio desta geração não pode ser outro senão fazer a segunda parte do caminho.

                Modernizar sustentadamente o país; tornar a justiça ágil e independente; criar uma mentalidade de trabalho, de inovação, de competição salutar; aceitar e promover uma educação exigente, útil e eficiente.
                Contudo, é necessário fazer tudo isto sem destruir nenhuma das grandes conquistas da primeira parte do caminho: liberdade de expressão e escolha; educação e saúde para todos. Isto que dizer que temos de ir todos juntos. É mais difícil, mas é a única maneira de sermos um povo que luta por se cumprir.
Há quase um século, Fernando Pessoa dizia “Falta cumprir-se Portugal”, eu acrescento: à geração de abril falta cumprir-se. E Portugal é uma grande oportunidade, a melhor de todas, porque é a nossa vida, porque é o nosso amor.

Gabriel Vilas Boas.

2 comentários:

  1. Excelente texto Gabriel!!! Gostei muito. Mas, ainda hoje me questionei: é esta a LIBERDADE conquistada na Revolução dos Cravos?! Todos os dias nos tiram um pouco! E nós calamos... a nossa geração pensa que só haverá LIBERDADE, quando houver CRIANÇAS sem fome, boas codições de vida para TODOS: Trabalho, Educação, Saúde e Tecto Gabriel!! Eu digo, Abril Sempre, Liberdade Sempre... e concordo, à geração de Abril falta cumprir-se. "Porque é a nossa Vida, porque é o nosso Amor"!

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  2. Gosto. O 25 de abril e os jovens.

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