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quarta-feira, 30 de abril de 2014

O ROMÂNICO EM AMARANTE (III)

(Continuação)
Como dissemos atrás, foi no reinado de D. Afonso Henriques que se efectivou a expansão da arquitectura românica em Portugal.
                                                                                   D. Afonso Henriques 
Amarante, nesta época, estava muito ligada às principais figuras das origens de Portugal. Basta referir dois nomes ilustres desta época, fortemente ligados a Amarante, e que pelas suas relações de amizade e familiares, entroncavam nas mais altas esferas do poder de então, para nos apercebermos do referido. São eles D. Mendo Gundar, que sendo natural das Astúrias, veio para Portugal com o Conde D. Henrique e que por aqui “assentou arraiais”, tendo fundado o mosteiro de Gondar e Gonçalo Mendes de Sousa (dos Sousões), que anda ligado à fundação de Amarante e que era, pelo seu primeiro assamento, cunhado de D. Afonso Henriques e pelo segundo casamento, genro de Egas Moniz e que exerceu altas funções políticas no reinado de D. Sancho I.
O referido D. Mendo Gundar, viveu no Concelho de Gestaço (margem direita do ribeiro do Arquinho), foi alcaide-mor de Celorico de Basto e jaz sepultado na galilé da Igreja do Mosteiro de Telões. Deixou descendência no Concelho de Amarante, sendo que um filho viveu em S. Paio de Olo e um
descendente deste, deu origem à família nobre que ficou conhecida como os da “Motta”.
Não é pois para admirar que na região de Amarante tenham “crescido” inúmeros mosteiros e igrejas construídas segundo o estilo trazido para Portugal pelo Conde D. Henrique (Borgonha) e pelas ordens religiosas já citadas.
Grande parte das igrejas românicas da região foi erigida por iniciativa de famílias nobres locais e reflectem a maior ou menor disponibilidade de recursos materiais e financeiros!
Assim temos que, na margem esquerda do Tâmega, o românico revela uma certa pobreza, patente na reduzida dimensão das igrejas, e nas soluções simplistas encontradas na planificação e decoração das construções. As igrejas de Gondar, Jazente e Lufrei são as mais modestas construções românicas do concelho.
                                              Igreja Mosteiro de Gondar, Amarante
Por outro lado, na margem direita do Tâmega pontificam os mais importantes exemplares da arte românica em Amarante, como as igrejas de Travanca, Mancelos, Real, Telões, Freixo de Baixo e Gatão. Apesar de respeitarem as linhas universais do românico, distinguem-se das formas originais, por influência do meio e até por influência dos construtores locais.

                                                     Torre e Igreja Mosteiro de Travanca, Amarante

A esta diferenciação na dimensão e riqueza das construções não é alheia a densidade populacional, que na margem direita do Tâmega era superior à da margem esquerda, por aí se encontrarem os mais vastos e férteis terrenos agrícolas da região.
António Aires

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