Há poucos dias estive no Porto para assistir à representação de “OS IDIOTAS” com José Pedro Gomes, Jorge Mourato, Aldo Lima e Ricardo Peres. A minha desilusão foi igual à minha expectativa. E eu tinha muitas expectativas, face ao elenco de atores… Não gostei!
A sala estava praticamente cheia e o público lá foi gargalhando aqui e acolá com alguns sketches, mas em nenhum momento a peça me convenceu. No lançamento do espetáculo a companhia que a traz até junto do público português, há vários meses, anuncia: «No mundo d' "Os Idiotas" o facebook deixou de ser virtual e as pessoas, mesmo as "supostamente normais", trocaram as gargalhadas por uma dúzia de LOL. Longe vão os tempos em que os amigos bebiam um copo quando se juntavam. Agora levam armas e matam-se por dá cá aquela palha. Neste universo paralelo, há homens que, afinal, são mulheres que, entretanto, mudaram de sexo, e jogos de computador que se instalaram na vida sem pedir autorização para fazer download»
Eu não podia estar mais de acordo: atores e encenadora trocaram a construção duma peça com piada e sustentada num texto coerente, por meia dúzia de graças sem grande fecundidade cómica. Sem querer ser muito mauzinho, acho que é um espetáculo não conseguido. Não tem ponta por onde se lhe pegue! Do princípio ao fim, assiste-se a uma comédia de fraca qualidade. Fiquei decepcionado com o trabalho dos quatro atores em cena. Piadas sem sentido, sem graça e sem interesse. Foram repetidos algumas vezes uns palavrões que fizeram alguma audiência rir, mas que a mim, pessoalmente não me disseram nada, nem a parte em que os quatro atuaram vestidos de mulher ou a parte em que imitaram jogadores de "video-games".
Aprecio o José Pedro Gomes, mas aqui esteve muito longe do seu melhor, como na “Conversa da Treta”. Jorge Mourato e Aldo Lima já estiveram muito melhor em espetáculo de menor expectativa.
E porque acontece isto? No meu entendimento, porque em teatro o texto é fundamental. E uma comédia não é um conjunto de piadas soltas que suscitam o sorriso a uns, a incomodidade a outros, a indiferença à maioria. Apesar de teatralmente iletrado, a maior parte do público consegue reconhecer uma comédia bem escrita, onde ao lado do riso há lugar à reflexão ou à crítica. Uma representação teatral é um todo, com atores, texto, encenador, técnicos, de acordo. Mas não pode negligenciar a qualidade do guião. O público do teatro não é muito e não podemos dar-nos ao luxo de que não volte. Para tal, cada representação deve ser memorável. Suscitar o gosto de vir uma próxima vez, o mais rapidamente possível.
Não foi essa a vontade com que fiquei. É importante que as companhias abram as portas a novas formas de representação, mas nunca descurando a qualidade. A este propósito continuo à espera que a UAU traga ao Porto, a Guimarães ou a Vila Real a peça de Juvenal Garcês “As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos”, em exibição em Lisboa desde há dois meses, todas as segundas feiras.
Gabriel Vilas Boas
A sala estava praticamente cheia e o público lá foi gargalhando aqui e acolá com alguns sketches, mas em nenhum momento a peça me convenceu. No lançamento do espetáculo a companhia que a traz até junto do público português, há vários meses, anuncia: «No mundo d' "Os Idiotas" o facebook deixou de ser virtual e as pessoas, mesmo as "supostamente normais", trocaram as gargalhadas por uma dúzia de LOL. Longe vão os tempos em que os amigos bebiam um copo quando se juntavam. Agora levam armas e matam-se por dá cá aquela palha. Neste universo paralelo, há homens que, afinal, são mulheres que, entretanto, mudaram de sexo, e jogos de computador que se instalaram na vida sem pedir autorização para fazer download»
Eu não podia estar mais de acordo: atores e encenadora trocaram a construção duma peça com piada e sustentada num texto coerente, por meia dúzia de graças sem grande fecundidade cómica. Sem querer ser muito mauzinho, acho que é um espetáculo não conseguido. Não tem ponta por onde se lhe pegue! Do princípio ao fim, assiste-se a uma comédia de fraca qualidade. Fiquei decepcionado com o trabalho dos quatro atores em cena. Piadas sem sentido, sem graça e sem interesse. Foram repetidos algumas vezes uns palavrões que fizeram alguma audiência rir, mas que a mim, pessoalmente não me disseram nada, nem a parte em que os quatro atuaram vestidos de mulher ou a parte em que imitaram jogadores de "video-games".
Aprecio o José Pedro Gomes, mas aqui esteve muito longe do seu melhor, como na “Conversa da Treta”. Jorge Mourato e Aldo Lima já estiveram muito melhor em espetáculo de menor expectativa.
E porque acontece isto? No meu entendimento, porque em teatro o texto é fundamental. E uma comédia não é um conjunto de piadas soltas que suscitam o sorriso a uns, a incomodidade a outros, a indiferença à maioria. Apesar de teatralmente iletrado, a maior parte do público consegue reconhecer uma comédia bem escrita, onde ao lado do riso há lugar à reflexão ou à crítica. Uma representação teatral é um todo, com atores, texto, encenador, técnicos, de acordo. Mas não pode negligenciar a qualidade do guião. O público do teatro não é muito e não podemos dar-nos ao luxo de que não volte. Para tal, cada representação deve ser memorável. Suscitar o gosto de vir uma próxima vez, o mais rapidamente possível.
Não foi essa a vontade com que fiquei. É importante que as companhias abram as portas a novas formas de representação, mas nunca descurando a qualidade. A este propósito continuo à espera que a UAU traga ao Porto, a Guimarães ou a Vila Real a peça de Juvenal Garcês “As obras completas de William Shakespeare em 97 minutos”, em exibição em Lisboa desde há dois meses, todas as segundas feiras.
Gabriel Vilas Boas
Estes atores, têm muita experiência e fama, mas... neste elenco foram IDIOTAS!!! Quem assistiu não gostou. Foi uma desilusão para o Gabriel... mas os meus parabéns pelo excelente texto e esclarecimento! Já não vou ver "OS IDIOTAS"... Mas, não sejas muito mauzinho, Gabriel!!! LOL
ResponderEliminarO António Feio faz muita falta ao José Pedro.Gomes...
ResponderEliminarAlberto Martins