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quarta-feira, 23 de abril de 2014

O ROMÂNICO EM AMARANTE (II)

(Continuação)
O Românico entra na Península Ibérica, mercê da europeização dos reinos peninsulares.
Os reinos cristãos da Europa Ocidental, nomeadamente a França, vão ocupar um lugar de relevo no apoio aos reinos peninsulares, na Reconquista Cristã do território aos muçulmanos ocupantes. Esta tarefa traz até à península elevado número de cruzados franceses que também irão ajudar ao esforço de repovoamento das terras conquistadas!
Não menos importante é o poder e a influência das ordens religiosas que se foram implantando na península nesta altura, nomeadamente a Ordem de Cluny, a ordem de Cister, a dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e ainda, as ordens militares dos Templários e Hospitalários.
A ordem de Cluny, que nasce em França, na Borgonha, como reformadora, ou melhor, como purificadora da Regra beneditina cujo lema era o “ora et labora”, é a grande responsável pela difusão do românico na Península Ibérica.
Não nos podemos esquecer que o Conde D. Henrique era, por assim dizer, a face visível da Casa de Borgonha na Península Ibérica e que foi sob o seu comando que, nobres e monges franceses implantaram o românico em Portugal! O nosso Conde D. Henrique era sobrinho de S. Hugo, Abade de Cluny.
Foi durante a reconquista que foram construídas as inúmeras igrejas de estilo românico, com o objectivo último de reconverter as populações à fé cristã, o que justifica o facto de a sul de Lisboa não se encontrarem construções românicas, dado o domínio dessas terras pertencer aos muçulmanos, durante o período em que o românico se expandiu.

 É no reinado de D. Afonso Henriques que se efectiva a expansão da arquitectura românica em Portugal. Neste reinado iniciaram-se as obras de construção das Sés de Lisboa, Coimbra e Porto e construiu-se o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho (Ordem francesa que se estabeleceu em Coimbra em 1131, e que muito foi apoiada pelo nosso 1º rei de Portugal).

 A Sé de Braga é em Portugal, a igreja que mais reflete a influência da reforma clunicense na arquitectura e que irá servir de modelo na construção de muitas igrejas do entre Douro e Minho.
Aí se encontram os túmulos do Conde D. Henrique e de D. Teresa. 

António Aires

quinta-feira, 17 de abril de 2014

O ROMÂNICO EM AMARANTE (I)


O Românico
Este termo foi empregado pela primeira vez em 1824, por um arqueólogo francês de nome Arcisse de Caumont, para designar a arte surgida durante a Alta Idade Média na Europa Ocidental.
Este termo, procura exprimir um conceito simples, de que esta arte, procurava o retorno às grandes tradições artísticas romanas, a que se aplicavam as técnicas e tendências bárbaras; à semelhança do processo de formação das línguas “romanço” ou novilatinas, construídas pela mistura do latim vulgar ou popular, com os idiomas dos invasores germânicos!
Esta arte “românica” vai marcar profundamente o período entre os seculos XI e XIII.
A Europa, depois da queda do Império Romano do Ocidente, desorganizou-se e passou por muita turbulência, nomeadamente as invasões dos “bárbaros”, guerras intermináveis, pragas etc., que marcaram profundamente a mentalidade medieval, gerando uma sociedade dominada pelo medo, em especial o medo do Fim do Mundo, que se acreditava acontecer no fim do primeiro milénio! Estes e outros factores justificam a importância crescente da Igreja católica, como caminho de salvação e réstia de esperança para os povos europeus! Mas o papel da Igreja é de maior importância, pois dada a ausência de um poder centralizador de um único rei, este papel foi de certa forma assumido pelo Papa, e foi a Igreja que centralizou o controlo sobre o pensamento e a vida da época, sendo a primeira responsável pela unificação (espiritual) da Europa desde a queda do Império Romano!
A fé e a ideia de um Império Cristão, animou as “hostes” e no Séc. XI assiste-se a um crescendo de optimismo pela vida, que aliado ao melhoramento das condições económicas e demográficas fazem a Europa reviver um período de “renascimento”!

É neste período que por iniciativa das ordens religiosas se constroem grandes catedrais onde o culto das “relíquias” arrasta multidões de peregrinos! As peregrinações bem como as Cruzadas incrementam as trocas de conhecimento, de culturas, de técnicas e de estilos de vida que de outra forma não aconteceriam!
                                                     Catedral de Santiago de Compostela
Construídas as grandes catedrais, a fé religiosa leva à construção de igrejas em todos os recantos da Europa, mesmo nas mais humildes e recônditas comunidades cristãs, umas mais elaboradas do que outras, mas todas seguindo os modelos das grandes cidades, embora marcadas pelos condicionalismos económicos locais e com soluções construtivas e decorativas de estilo genuinamente local ou regional!

Esta arte é a primeira genuinamente europeia e é também a primeira arte cristã que se reflecte nas formas arquitectónicas, esculturais e pictóricas, de referência espiritual e que utiliza uma linguagem simbólica para expressar ideias e sentimentos.

A arte românica espalha-se desde a Europa Central até à Península Ibérica (Extrema Ocidental), marcando profundamente as paisagens rurais do Noroeste Peninsular, nomeadamente a do actual Concelho de Amarante!
(continua)
 António Aires