Todos os anos assisto à expectativa de
uns, ao lamento de outros, às críticas ao consumismo de muitos, mas a verdade é
que o Natal institucionalizou as “prendas”. Quase tão ou mais obrigatórios do
que o bacalhau, as batatas ou o presépio, os presentes de Natal já fazem parte
do senso comum da sociedade.
Desde já declaro que gosto de receber e
dar presentes no Natal. Faço-o com convicção e prazer, tanto no ato de oferecer
como de agradecer. Compreendo as críticas ao excessivo consumismo e mercantilismo
deste ato nobre de trocar presentes, no Natal, porque também o sinto e me
desgosta.
Sei perfeitamente que as motivações de
cada um, no ato de oferecer um presente de Natal, são diferentes de pessoa para
pessoa, mas custa-me ouvir todos os anos os constantes lamentos de vários
amigos e conhecidos acerca dos presentes de Natal.
Afinal, para que serve um presente de
Natal? Para mim, sempre foi claro que os presentes de Natal servem para, num momento
único e singular do ano como é o Natal, mostrar a minha amizade, amor, gratidão
e reconhecimento com todos aqueles que me são mais queridos. Claro que de ano
para ano esse grupo vai mudando, mas nunca fiz disso um drama. Sempre me
recusei a dar um presente por convenção, porque “parece mal não dar”, porque “se
dei a um tenho de dar a outro”. Isso quebraria a essência do próprio ato, na
minha perspectiva. Talvez por isso me faça uma certa confusão aquela ideia: “No Natal, só dou presentes às crianças.”
Gosto de crianças como gosto de adultos. Não gosto de convenções misturadas com
sentimentos. Nunca me causou qualquer constrangimento que a lista de Natal contemplasse
mais adultos do que crianças ou vice-versa. Sempre me preocupei é que lá
estivessem as pessoas de quem gosto muito, de quem sou mais próximo, com quem
compartilho momentos únicos e pessoais.
Nesse sentido, encaro a escolha dos
presentes com alguma exigência. Não pode ser qualquer coisa. O presente de
Natal tem que ter sobretudo um valor afetivo e, por isso, cada presente é
escolhido em função da pessoa a quem se destina. Não me preocupa o valor monetário,
até porque normalmente não são presentes caros, mas sim que a pessoa que o
recebe perceba quanto a estimo, através daquele objeto/símbolo.
Dir-me-ão que há outras formas de
manifestarmos a nossa amizade, amor ou apreço por alguém que não envolvem troca
de presentes. Completamente de acordo, mas eu gosto de incluir presentes na
lista de possibilidades. O dinheiro que gasto com os presentes de Natal é só
uma pequena parte daquele de que disponho para gastar da maneira que melhor me
aprouver e os amigos e familiares mais chegados são muito mais do que uma
pequena parte de mim.
O que é fundamental, no que toca aos
presentes de Natal, é gostarmos de presentear os outros e termos bem resolvida
na nossa cabeça as razões por que o fazemos. Se é fantástico percebermos,
através de um pequeno presente, quanto carinho e amor pôs nele quem no-lo
endereçou também é penoso receber algo, apenas por convenção ou porque podíamos
“reparar” ou “levar a mal”.
O Natal e o prazer de presentear e ser
presenteado são muito bonitos para serem estragados com motivações tão…
cinzentas.
Gabriel Vilas Boas
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