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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

RESTAURAR PORTUGAL

Dos feriados que a troika nos obrigou a cortar, o do dia 1 de dezembro foi aquele que mais me custou a “engolir”. Não por causa do feriado em si, mas pelo simbolismo da data. Neste dia do mês de dezembro, há precisamente 375 anos, Portugal recuperava a independência que havia perdido para Castela durante sessenta anos. É precisamente este hiato de tempo que não nos permite dizer que o nosso país é a mais antiga nação europeia com fronteiras consolidadas.


Obviamente é importante que todos os portugueses saibam o que significa(ou) o dia 1 de dezembro de 1640, mas a par disso é igualmente essencial que reconquistem, de facto, a independência do país.
Como alguém nos lembra, quase diariamente, não fomos um país económica e financeiramente independente e isso tem constituído um handicap enorme à nossa afirmação como povo no atual contexto europeu.
Precisamos «restaurar» essa independência. A palavra «restauro» é plena de sentidos e, no meu entender, casa muito bem com Portugal.
Precisa de restauro alg velho, mas com valor, que queremos preservar e apresentar orgulhosamente como nosso. Portugal é essa nação envelhecida, mas cuja História e percurso merecem dos portugueses um esforço de recuperação.

 É imperioso restaurar Portugal. Temos de voltar a ter orgulho na nossa nacionalidade, nos nossos costumes e na nossa língua.
Apesar de sermos muito dados a heroísmo quixotescos, os melhores momentos da nossa história sempre tiveram um herói coletivo. É esse o segredo das grandes nações que teimamos em não aprender. É bom ter Ronaldo ou Mourinho, como foi ótimo ter tido Vasco da Gama, Nuno Álvares Pereira ou Camões, mas é bem melhor ser um país respeitado e que se dá ao respeito, onde nenhuma troika ousa sugerir cortes em feriado tão emblemáticos como o do dia 1 de dezembro.
A História fala-nos de “restauradores”, de “conquistadores”, de “defensores do reino”, de guerreiros e marinheiros. E eu gosto muito mais deste conceito de herói anónimo que se junta à volta de uma causa e por ela luta.

A causa que temos pela frente é restabelecer a dignidade portuguesa, fazendo com que o país volte a respirar economicamente, a fim de devolver a dignidade mínima de vida a dois milhões de concidadãos que vivem abaixo do limiar da pobreza.
Restaurar Portugal é proporcionar condições para que aqueles que tiveram de emigrar possam regressar, se assim o entenderem; é cada um deixar de tratar da sua vidinha e todos passarem a contribuir para um coletivo mais forte, unido e solidário.
Restaurar Portugal é pôr em prática todas as teorias que apregoamos de uma maneira simples e eficaz. Ter um país mais solidário, mais crente das suas capacidades, mais humano e menos sectário.
Se pensarmos bem, das decisões que cada um toma, no seu dia-a-dia, quantas procuram atingir o bem comum? Uma identidade e um país também se constroem ou se apagam assim.

Gabriel Vilas Boas

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