Dos feriados que a
troika nos obrigou a cortar, o do dia 1 de dezembro foi aquele que mais me custou a
“engolir”. Não por causa do feriado em si, mas pelo simbolismo da data. Neste
dia do mês de dezembro, há precisamente 375 anos, Portugal recuperava a
independência que havia perdido para Castela durante sessenta anos. É precisamente
este hiato de tempo que não nos permite dizer que o nosso país é a mais antiga
nação europeia com fronteiras consolidadas.
Obviamente é importante
que todos os portugueses saibam o que significa(ou) o dia 1 de dezembro de
1640, mas a par disso é igualmente essencial que reconquistem, de facto, a
independência do país.
Como alguém nos lembra, quase diariamente, não fomos um país económica e financeiramente independente e
isso tem constituído um handicap enorme à nossa afirmação como povo no atual
contexto europeu.
Precisamos «restaurar»
essa independência. A palavra «restauro» é plena de sentidos e, no meu entender,
casa muito bem com Portugal.
Precisa de restauro
alg velho, mas com valor, que queremos preservar e apresentar orgulhosamente
como nosso. Portugal é essa nação envelhecida, mas cuja História e percurso
merecem dos portugueses um esforço de recuperação.
Apesar de sermos muito
dados a heroísmo quixotescos, os melhores momentos da nossa história sempre
tiveram um herói coletivo. É esse o segredo das grandes nações que teimamos em
não aprender. É bom ter Ronaldo ou
Mourinho, como foi ótimo ter tido Vasco da Gama, Nuno Álvares Pereira ou
Camões, mas é bem melhor ser um país respeitado e que se dá ao respeito, onde
nenhuma troika ousa sugerir cortes em feriado tão emblemáticos como o do dia 1
de dezembro.
A História fala-nos de “restauradores”,
de “conquistadores”, de “defensores do reino”, de guerreiros e marinheiros. E
eu gosto muito mais deste conceito de herói anónimo que se junta à volta de uma
causa e por ela luta.
A causa que temos pela
frente é restabelecer a dignidade portuguesa, fazendo com que o país volte a
respirar economicamente, a fim de devolver a dignidade mínima de vida a dois
milhões de concidadãos que vivem abaixo do limiar da pobreza.
Restaurar Portugal é
proporcionar condições para que aqueles que tiveram de emigrar possam
regressar, se assim o entenderem; é cada um deixar de tratar da sua vidinha e
todos passarem a contribuir para um coletivo mais forte, unido e solidário.
Restaurar Portugal é
pôr em prática todas as teorias que apregoamos de uma maneira simples e eficaz.
Ter um país mais solidário, mais crente das suas capacidades, mais humano e
menos sectário.
Se pensarmos bem, das
decisões que cada um toma, no seu dia-a-dia, quantas procuram atingir o bem
comum? Uma identidade e um país também se constroem ou se apagam assim.
Gabriel Vilas Boas
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