Hoje proponho-vos um olhar calmo sobre duas
fotografias aéreas de duas “aldeias”: uma no Chade, no coração de África e
outra em Brondby, arredores da Copenhaga, capital da Dinamarca, um dos países
mais ricos do mundo.
Vale a pena apreciar o contraste e
absorver alguma informação circunstancial sobre cada uma delas. Mais importante
do que aceitar os contrastes de que o mundo é feito, talvez seja
compreendê-los. Curiosamente, ambas as aldeias organizam-se em forma circular,
mas talvez seja a única coisa comum. Ah, há outra: ambas são habitadas por
seres humanos e, apesar de tudo, isso ainda é o mais importante!
ALDEIA NA MARGEM SETENTRIONAL DO LAGO
CHADE
As ilhas que salpicam o norte do lago
Chade acolhem as casotas dos Budumas, um nome evocativo que significa “homem
dos caniços” na língua Kanembou. Os
Budumas são apenas uma das duzentas de etnias que povoam o Chade, um país
dilacerado pela oposição entre o Norte de maioria «árabe» e muçulmana e o sul
«negro», onde coabitam cristãos e animistas. Desde de meados dos anos sessenta
do século passado, esta clivagem tem alimentado a luta permanente pelo controlo
de uma nação com fronteiras aleatórias – herança da colonização francesa. Se é
verdade que a ditadura claramente assumida de Hissène Habré fez quarenta mil
vítimas civis (!!!) entre 1962 e a 1990, não é menos verdade que o atual Presidente Ibriss Déby, eleito
democraticamente, continua a esmagar os inimigos do poder. Em 1996, a Amnistia
Internacional relatava que a tortura era prática corrente no Chade.
No início do terceiro milénio praticava-se
a tortura elétrica em 40 países, os golpes nas plantas dos pés e a asfixia
parcial em 30 países e os simulacros de execução em mais de 50 países.
ALDEAMENTO EM BRONDBY
Com o intuito de conciliar o ordenamento
dos espaços, segurança e conforto, os aldeamentos de Brondby, a sudoeste de
Copenhaga, foram construídos em círculos perfeitos, onde cada proprietário tem
ao seu dispor uma parcela de 400 m2. Este tipo de bairro
residencial, de grande funcionalidade, está em constante desenvolvimento na
periferia dos grandes centros urbanos e de emprego.
Devido à expansão industrial, ao carácter
atrativo das cidades e ao próprio crescimento dos grandes aglomerados
populacionais, o número de citadinos aumentou mais de 15% nos últimos 50 anos e
a tendência mantém-se.
Cerca de metade da população do planeta
vive atualmente nos meios urbanos. Prevê-se que em 2025, existam no mundo 25
conurbações, cada uma com uma população entre os 7 e os 25 milhões de
habitantes. Três quartos dos mil milhões de citadinos do planeta previstos para
2025 estarão nos países do sul.
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